O retorno

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   Depois de três anos evitando de todos os modos possíveis voltar a Eugene, Catarine se vê fazendo o mala e indo em rumo ao seu passado.
   No avião notou como havia mudado, cortou o cabelo os cachos que senhora Robson tanto gostava, se viu fumando um maço de cigarro por dia para controlar os nervos, adorava um pop e o fone que leva no ouvido só toca rock, adorava um batom rosa simples, hoje usa um vermelho que faz sua pele branca ficar ainda mais clara, era contra o uso da maconha e do álcool e hoje é quem no silêncio da noite está com um copo de vodca em uma das mãos e na outra bolando um baseado. Voltar para a cidade natal não estava em seus planos de vida, ela não queria ter que encarar aquela cidade novamente, não queria passar pela antiga escola, nem pela avenida que passava para se encontrar com senhora Robson, até o nome da cidade a faz lembrar senhora Robson. Catarine tentou evitar ela de tudo que era jeito pelos três primeiros meses, desligou o telefone, não saia de casa, faltou na escola, se desligou das redes sociais, apenas saia de casa para pegar um ônibus em rumo à livraria que comprava alguns livros e seguia o mesmo caminho para casa, até que um dia se cansou do interrogatório da sua mãe, acabaram brigando e ela achou a solução perfeita para esquecer tudo àquilo ou ao menos tentar, ir morar com seu pai lá era teria paz, senhora Robson nunca a encontraria, a avenida principal, o quarto, o cheiro dela nada ficaria na memória e atormentaria o seu dia-a-dia. Morando com o pai e a madrasta terminou a escola, começou a faculdade, conheceu amigos novos, brigou, viu outonos e as primaveras, mas algo ainda a atormentava a doce lembrança que no fim da noite vinha lhe tirar o sono.
   Senhora Robson .
   Desembarcou no aeroporto de Eugene por volta duas horas da manhã, sabia que ninguém ira te buscar, mas se surpreendeu quando viu a mãe e a irmã sentada em um banco a sua espera.
  — Cah que saudade de você — a irmã foi correndo em direção dela.
  — Também senti sua falta Júlia — sussurrou no ouvido da irmã enquanto a abraçava.
  A mãe veio em sua direção e lhe deu um abraço tímido ela não esperava tanto entusiasmo, ainda não ouviram um pedido de desculpa uma da outra ainda existem magoas pelo qual as duas remoem diariamente.
  — Como foi o voou? — pegou a irmã no colo enquanto via a mão puxar sua mala.
  — Cansativo, mas é bom estar de volta— mentiu.
  — Bil está esperando a gente ­—tentou buscar na memória alguém com o tal nome.
  — Bil?
  — Namorado da mamãe, ele é legal Cah — a irmã disse passando a mão no brinco em formato de lua que fez Catarine se perguntar o porquê nunca o tirava.
  Bil é uns cinco anos mais velhos que o meu pai e cinco vezes mais rico que ele, dona Kelly Smith tem vários homens em sua lista, o Wikipédia tem o nome dela em várias páginas só por causa dos milionários que ela casa, o meu pai foi o homem mais humilde que ela ficou por um determinado tempo, Kelly o conheceu na faculdade acho que foi sua única e verdadeira paixão e quando o conhece logo levou em consideração que ele sendo o melhor aluno da sala daria futuro, acertou meu pai hoje é um grande advogado que não é mais casado com ela por conta da sua ganância. Júlia é órfã de pai, Júlio morreu poucos meses antes do nascimento dessa criaturinha doce, em um acidente de carro o único marido que minha mãe enterrou.
  Bil se manteve o caminho todo com uma conversa sobre o ramo de arquitetura que vem crescendo em Eugene, não prestei muita atenção, mas soube fingir coisa que venho fazendo bem há muito tempo, quando o carro fez uma curva e entrou em uma rua meu coração se apertou olhei para a casa cinza com grandes vidros próximo às colinas, irradiava luz em meio à escuridão a mesma luz que ela me passava, eu me sentia isolada em meio à um mar de escuridão e ela veio com o seu barquinho iluminado invadindo minha vida tomando tudo, trazendo um caos que me deixava petrificada domada e anestesiada pela sensação do desejo que corria entre as minhas veias e do nada ela se foi me devolvendo ao mar me deixando à deriva, o que ela está fazendo agora? O que está fazendo Senhora Robson em seu castelo iluminado de ilusões.



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