Os raios de sol invadem a janela, fazendo o quarto ser tomado por luz, o corpo enrolado em um lençol de seda azul se move na cama com o som do despertador.
Me levanto no quarto de hóspedes, abro as cortinas e vejo a majestosa vista do lago, lembro-me de comprar a casa com Nick justamente por isso, ao entrar aqui pela primeira vez não me apaixonei pelos quatro quartos, quatro banheiros, sala e cozinha ampla o que mais me chamou atenção foi o lago, Nick me abraçou e disse que compraria a casa para que todas as manhãs acordássemos com essa linda imagem, prometeu que olharia comigo e me beijaria como a primeira vez.
Bufo, apenas palavras no segundo mês depois da compra da casa não tínhamos tempo nem para nos ver, ele sempre em viagens da empresa e eu lidando com papéis e projetos para realizar os meus sonhos.
Simplesmente não cogitava que o nosso casamento acabaria assim, 22 anos, nenhum filho, nenhum cachorro, nem um gato para andar pela casa se esfregando pelos móveis é triste, mas ao mesmo tempo aliviante como correr na praia descanso depois de um dia cansativo de trabalho, tomar um banho depois de tanto correr, observar os pássaros é a sensação de estar viva. Sinto que com Catarina me senti viva, ela era doce, exibia aquele sorriso como um troféu que me enchia de esplendor e orgulho, depois que ela se foi me sinto morta, cansada, farta a ponto de explodir a primeira troca de olhares.
O casamento com Nick sempre foi com uma garoa fina em um dia quente que sempre me pega de surpresa, alivia o ar seco, te sacia por instantes e para te causando insatisfação é uma leve revolta, com Catarina era como uma noite fria com aquele barulho singelo das gostas caído na telha, a chuva vai aumentando chegando a um ponto que te assusta, mas você está em casa e se sente bem por estar a chuva te satisfaz fazendo com que você durma e peça para que ela continue para lhe dar um tempo pra fazer um chá, ler um livro, assistir televisão, mas ela se vai e mesmo assim te faz lembrar de cada momento, instante, gota que fez barulho sobre sua frágil telha.
Seco o cabelo que agora está curto, a mudança é sempre necessária, passo de frente ao me antigo quarto que está com a porta fechada desço as escadas o cheiro forte de café me toma as narinas, fazendo com que eu me prepare para enfrentar Nick Ford.
—Bom dia Nora — vejo ele sentado com um jornal na mão, passo direto.
— Bom dia Nick — coloco a água na chaleira e mantenho uma distância mais que aceitável dele, como uma presa perto de um leão pronta pra fugir.
— Quando você vai voltar a deitar do meu lado? Faz uma semana que você não deita comigo — dobra o jornal e toma um gole de café olhando fixamente em meus olhos.
Merda Nora, corra ele vai te pegar.
—Nós já falamos sobre isso no começo da semana, eu não vou mais dormir lá -rosno
— Se quiser podemos mudar de quarto, casa, quero que você durma comigo, como seu marido não estou te pedindo muito Nora Robson Ford — se levanta e vem em minha direção.
Merda ele vai me segurar contra esse mármore e me matar.
—E..Eu aceitei o tempo que você pediu, mas já tomei minha decisão eu vou me separar de você — sussurro, ele chega mais perto e coloca a xícara na pia me dando um sorriso sarcástico.
— Eu vou viajar hoje isso vai ser bom para que você coloque sua cabeça no lugar — ele passa a mão pela camisa social.
— Por quanto tempo você vai ficar fora? —digo sem pensar.
— Tempo suficiente pra você mudar de opinião e perceber que o seu lugar, onde você deve estar até mesmo no inferno é comigo — sorri e sai da cozinha.
Você apenas conhece com quem se casou depois de uma briga, não as pequenas por ele deixar a toalha molhada em cima da cama ou por não ter te ajudado a lavar a louça, essas brigas assim eu e Nick quase nunca tínhamos, a questão era o tempo não tínhamos para essas brigas que no meu ver era bem fúteis e poderiam ser evitadas se eu apenas pegasse a toalha molhada e não reclamasse. Nossas brigas sempre foram por conta de dinheiro ou escolha, aonde vamos passar o natal, Caribe ou França? Porque não investimos em mais casas? Brigas que eram resolvidas em minutos, sem lágrimas e ressentimentos.
Sempre brigue não veja a situação e engula, não ignore só para torná-la menos ardo-a, nesse exato momento tenho medo de Nick por não saber direito o que ele é capaz de fazer.
A mulher vê o marido atravessando o quintal, colocando a mala no carro e acelerando sem olhar pra trás, para ela é apenas o fim para um recomeço, para ele uma ida para uma volta radiante.
— De asas a um pássaro, depois o capture e ele será seu - sussurra o homem apertando o volante, os olhos azuis têm a mesma imensidão do céu.
Senhora Robson sai logo em seguida com a sua BMW 428i preta, acelera na avenida principal e entra no estacionamento da escola particular Adlan Robson , nome dado por ela em homenagem ao seu pai, abre a porta lateral de funcionários e professores anda por diversos corredores, a sua secretaria a cumprimenta com um gesto educado lhe dizendo a lista de afazeres do dia
— Aula das 10:30 às 12:00 horas, uma vídeo conferência com o arquiteto da nova unidade e outra com a professora de história Kimberl de Harvard e um jantar com o senhor William as 20:00 horas no restaurante francês, em minutos Nora entra em sua sala fechando a porta atrás de si.
Diretora Nora Robson Ford .
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Insensatez
FanfictionHá três anos Catarine fugiu para tentar evitar os seus sentimentos por uma mulher que sempre a teve em suas mãos, mas depois de ter uma briga com seu pai foi obrigada a voltar a Eugene e enfrentar a mulher de belas curvas, cabelos castanho que caíam...