Catarina se sentia em um teatro, a família de margarina, uma farsa, Kelly sua mãe faz a janta enquanto canta uma música algo sobre um amor realizado, Júlia coloca os pratos na mesa enquanto conta a Bil sobre o seu dia de aula repetindo diversas fezes o nome da escola Robson e conseguindo tirar a paciência dela.
- Júlia você não fica quieta - disse sem pensar com a ideia de calar a boca da irmã com uma fita adesiva.
- Catarina não fala com ela assim - disse a mãe saindo da cozinha com um avental em volta da cintura, doce e simpática.
- Perdi a fome - se levanta ao escutar mais uma vez o nome da escola.
Bate à porta atrás de si o isqueiro com a figurinha de borboleta e um maço de cigarro.
Mesmo não querendo penso nela, mesmo tentando evitar ela se torna cada vez mais presente em minha vida me atormentando, todos amavam aquela mulher? Júlia fala tanto sobre aquela escola que fez os meus nervos fritarem e queimarem fazendo sair a fumaça preta da raiva.
O meu corpo ainda pertence a ela de um modo estranho, só de escutar aquele sobrenome o meu corpo saltita em aprovação, mesmo depois de tantas mãos me tocarem ainda consigo sentir a dela, passando os dedos sobre os meus lábios, beijando meu pescoço tudo isso em cima de uma mesa, a mesa da sala dela, a mesa da sala da diretora Robson.
Nunca esperei que ela ficasse comigo que tivéssemos um futuro colorido tipo conto de fadas, sempre soube que não acabaria bem, mas não esperava que fosse tão cedo e de modo tão repentino esperava que ela me disse-se que não daria mais que era a hora de descer do trem da aventura e cada uma seguir a minha vida, mas não sem mais nem menos ela me chamou na diretoria, falou para mim encontrar um jeito de sair da escola, não me olhou nos olhos apenas disse adeus colocou um envelope sobre a mesa e arrastou ate a minha mão eu não perguntei o porquê nem quis saber, peguei um ônibus ate em casa e abri o envelope em prantos que dizia para que eu mante-se quieta e se fosse necessário ela me daria dinheiro se eu quisesse, como se o dinheiro fosse apagar tudo que passamos, cada toque tudo ficaria guardado nenhum dinheiro apagaria os beijos dela, o toque, o modo como ela me olhava com desejo e acabou assim como se eu fosse uma pessoa qualquer, eu me senti como se ela estivesse tratando minha mãe, pagando para que ela calar a boca coisa que ela faria por dinheiro, coisa que não fiz para manter minha integridade, 5 meses diminuídos a nada, lembro de entrar na antiga casa chorando Kelly nem me notou estava no meio de uma briga com um dos maridos, eu me tranquei no quarto por dois dias, os dois piores dias da minha vida até agora.
Eu me sentia completa, forte e quase imortal, pronta pra lutar contra os deuses e os demônios se fosse para ficar com ela, por incrível que pareça quem me destruiu foi exatamente quem eu formaria uma guerra pra ficar junto . Achava que ela era o meu remédio quando na verdade era apenas o veneno que tomava meu corpo, destruía minhas entranhas me deixando por anos anestesiada.
Solto a fumaça do cigarro e escuto o barulho de passos.
- Está bem? - Bil se senta do meu lado com um charuto na mão.
-Sim estou, só cansada de não fazer nada - Minto, minha tristeza tem causa, nome e sobrenome.
Não esperava que Bil fosse o cara que se mostra hoje, é bem melhor do que todos os homens que Kelly teve, ele é atencioso com Júlia como se ela fosse sua filha, tenta até manter um assunto comigo tem um papo até que legal e sem dizer que até agora não o vi pegando Kelly pelos cômodos da casa como os outros faziam descaradamente.
-Não vai jantar? - olho pra trás vendo Júlia nos olhando da janela.
- Não, estava em jantar com uma amiga, falamos sobre você - ele olha pro lago.
- Eu? - vejo a fumaça do charuto subindo.
- Você tinha comentado comigo, na semana passada que não tinha o que fazer e que isso te irritava lembra? Eu aproveitei que estava jantando com essa minha amiga e falei de você, ela quer te conhecer amanhã - ele sorri sem motivo.
- Quem é ela? - acendo outro cigarro.
- Uma amiga de infância, estudamos juntos você vai gostar dela, tem o mesmo gosto musical que você, também é fã de umas bandas que você curti, inclusive Rolling Stones.
- Como você sabe que eu gosto de Rolling Stones? - pergunto intrigada.
- Entrei no seu quarto quando a mudança chegou, ajudei a carregar as caixas pro segundo andar e aí uma caixa abriu e eu vi o pôster e também por causa dessa tua tatuagem no braço - sorrio com a explicação dele.
- Obrigada por ajudar, acho que vou gostar dela tem um bom gosto musical, isso diz muito sobre a pessoa - levanto-me e noto que ele encara uma das minhas tatuagens.
- É pra me encontrar com ela aonde? - giro o cigarro no dedo, sentindo um arrepio estranho me tomar.
- Starbucks 18:00 horas- saio andando.
- Estarei lá - grito, pra ser amiga de infância de Bil já não é tão nova, deve ser interessante, pedi todos os amigos da cidade quem sabe uma nova amizade me tire dessa situação monstra em que me encontro.
Catarine entra no quarto, bate à porta atrás de si toma uma banho e coloca o seu pijama cinza, encara as prateleiras com livros, muitos que estão ali ela havia-lhe dado, mas uma das coisas que ela nunca conseguiria se livrar, as lembranças, os livros e o amor que sente por ela.
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Insensatez
Fiksi PenggemarHá três anos Catarine fugiu para tentar evitar os seus sentimentos por uma mulher que sempre a teve em suas mãos, mas depois de ter uma briga com seu pai foi obrigada a voltar a Eugene e enfrentar a mulher de belas curvas, cabelos castanho que caíam...