Quebrei a cara

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Sabe quando tudo está perfeito? Sem complicações e implicações?  É assim que estou. Estou pisando em nuvens. Literalmente é claro!

Vitor é o cara perfeito pra mim. Me entende completamente. Além do mais é bonito, simpático, inteligente, entre outras coisas.

Marcamos de nos encontrar aqui, na praça de alimentação do Shopping. E aqui estamos nós.

Entre beijos trocados, momentos compartilhados, mãos dadas e sorrisos dados, Vitor diz ter outro compromisso.

Eu claro,  não brigo. Por mais que a vontade seja essa. Deixo-o ir, com ele prometendo me ligar mais tarde.

Vou até meu carro, jogo minha bolsa num canto qualquer e dou partida.

Por conta da janela aberta, meus cabelos voam em todas as direções. Sei que estou que nem uma louca descabelada.

A paisagem passa por mim rapidamente e as pessoas ficam para trás também.

Paro em um posto para abastecer e me surpreendo quando vejo o carro de Vitor parado no restaurante aqui em frente.

Me pego parada, observando o  casal de mãos dadas saindo do restaurante.  Era para eu estar no lugar dela. Parecem tão felizes e serem feitos um para o outro.

Meu rosto se inunda de lágrimas. Porque eu? Alguns carros começam a businar, me trazendo de volta a realidade.

Com o coração aos fagalhos, sigo para casa. Sempre confiei nos homens e olha só o que eles fazem. Pisoteiam meu coração sem dó, nem piedade, como se eu não tivesse sentimentos.

Estou cansada desses homens insensíveis, que apenas me iludem e quando cansam, simplesmente descartam. Ou nem mesmo descartam.

Enfim chego em casa. Jogo a bolsa no chão mesmo e me jogo no sofá. Karol está jogada em outro sofá, bem concentrada no seu livro.

Dou um soluço e atraio a atenção da minha amiga. Vendo o estado a qual me encontro, ela se aproxima.

- O que aconteceu Esmeralda? - pergunta preocupada.

-  Coração partido. - digo deixando as lágrimas rolarem.

- Sinto muito. - diz apenas e me abraça apertado. Quem sabe assim, ela junta os cacos do meu coração?

Nos separamos e eu conto a ela o que aconteceu.

- Ele não era para você. - me consola com essas palavras.

- Quem é então?  Por que estou cansada de quebrar a cara com os homens errados. - confesso.

- Você o encontrará. - sorri para mim.

- Sempre acreditei que encontraria minha alma gêmea em uma cafeteria...

- Até sei. - me interrompe. - O sinal irá soar, anunciando a chegada de uma pessoa. Ela colocará seu casaco no cabideiro e irá chegar até a atendente e pedir um café. - pausa.- E você estará em um canto sozinha, lendo um livro, totalmente alheia ao que acontece ao redor.- nos duas rimos. - Ele irá escolher um lugar de frente  para sua mesa. Você irá levantar a cabeça e encontrará os olhos dele te encarando e ele te lançará um sorriso, no qual você irá retribuir. Logo depois,  ele pedirá para se sentar com você e esse pedido não será recusado. E o papo irá fluir e ambos pensarão por que não se encontraram antes?

- Mas isso vai ficar só na vontade mesmo.- dou um longo suspiro, depois de imaginar a cena que Karol descrevera agora a pouco, no qual já se passou diversas vezes na minha cabeça. - É hora de focar na realidade.

- Não deixe de acreditar.- me aconselha.- Tudo é possível.

Depois do ocorrido com Vitor, prometi a mim mesma nunca mais me apegar a homem algum. Meu foco agora é só trabalho.

É claro que sinto a falta de Vitor,  que me ligou diversas vezes e mandou milhares de mensagens no qual não foi respondido.  E nunca mais o vi.

Num dia qualquer sigo até a cafeteria. Peço um cappucino e um bolo de cenoura com recheio de chocolate. 

Sento-me num canto e abro meu livro Orgulho e Preconceito. Viajo tanto na leitura que nem vejo o tempo passar.

O sinal toca, mais mesmo assim permaneço atenta ao livro. Só vejo o vulto da pessoa colocando seu casaco em algum lugar e  depois vai até a atendente.  Percebo que se senta de frente a mim, mas nem levanto os olhos. Meu livro é mais interessante.

Por um segundo,  levanto  a cabeça e vejo dois pares de olhos azuis me encarando. Ele é lindo. Sorri para mim e eu me vejo fazendo o mesmo.

Passa-se algum tempo e ele se aproxima de mim.

- Desculpe te incomodar. - dá um sorriso perfeito.- Será que posso te fazer companhia?

- Cl-claro.- garguejo um pouco.

- Gustavo Miranda. - se apresenta.

- Esmeralda Lemos. - nos cumprimentamos com dois beijos no rosto.

Ele era o que faltava na minha vida.

*Fim*

(Des)Amores - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora