De volta às aulas: Um simples rapaz nas escadas

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Acordei muito cedo, são 4:20 da manhã, acho que estou ansiosa porque hoje é o primeiro dia de aulas.
Fui tomar banho e escovar o meu cabelo e quando desci as escadas para tomar o pequeno almoço dei de caras com o meu irmão sentado no sofá, ele está de costas e não sei se acordou cedo ou se adormeceu ali. Assim que os meus passos se fazem ouvir nas escadas ele se vira, ele estava com cara de quem não dormiu e com uma voz sonolenta e suave diz:

-Oi, Alice.

-Oi - respondo muito surpresa, Carlos não era de ficar acordado a noite inteira - O que você está fazendo aqui embaixo?

-Eu não consegui dormir, e você? Também não dormiu ou acabou de acordar?

-Eu acordei agora - disse ao chegar no fim das escadas - porque você não dormiu?

Ele olha para a fotografia de nossa mãe e não responde, eu aceito isso como um sinal de que ele não quer falar sobre o assunto e me direciono à bancada da cozinha que era aberta à sala, pego em laranjas para fazer um suco e ouço a voz do meu irmão.

-Você acha que a mãe estaria orgulhosa? - ele olha para mim.

-...

-Você sabe...eu esse ano vou entrar no campeonato onde vão me avaliar para me darem uma bolsa, vão estar lá três das melhores universidades do pais e uma de França só para me verem...você acha que ela ficaria orgulhosa?

-É claro que sim, Carlos. Você sabe que o filho fazer parte da equipa de basquete da escola sempre foi o maior orgulho da nossa mãe. Eu aposto que se ela pudesse ela estaria lá para te ver e te apoiar como ela sempre fez.

Ele sorriu, desde que a nossa mãe faleceu eu nunca vi um sorriso tão verdadeiro no rosto de meu irmão...acho que fiquei feliz por ele, as minhas palavras realmente fizeram diferença no dia dele e mesmo que nós não fossemos tão ligados como eramos antes eu não consegui evitar sorrir de volta.

-...enfim, você quer um copo de suco?

-Eu quero - ele disse enquanto se levantava - você precisa de ajuda na cozinha?

-Se você não se importar...

Ele passou para o meu lado da bancada, pegou em ovos, leite, farinha, sal e uma frigideira e preparou panquecas. Quando o pai chegou na cozinha a mesa e o pequeno almoço estavam prontos e eu e Carlos tinhamos acabado de sentar, o pai sentou e simplesmente nos comprimentou, comeu e saiu. Quando ele saiu eu e Carlos nos olhamos...infelizmente aquilo era comum, o pai não costumava falar com a gente sobre nada.
Quando acabamos de comer arrumamos a mesa e fomos para o nosso quarto, só me falatava escovar os dentes e fazer a cama. Coloquei um caderno, o meu estojo, a carteira e as chaves dentro da bolsa e saí, quando fechei a porta ouvi o meu irmão gritar da janela do quarto dele:

-Você quer carona? Só me falta tomar banho, demoro uns 20 minutos.

-Não, deixa...preciso chegar mais cedo porque ainda não vi o meu horário mas obrigado de qualquer maneira.

Ele acenou com a cabeça, sorriu e voltou para o seu quarto. Eu continuei com o meu caminho e quando cheguei na escola vi um garoto muito...diferente sentado nas escadas da escola, ele era lindo, parecia um adolescente comum mas havia algo mais interessante nele, tentei evitar olhar muito mas não conseguia, ele olhou para mim e sorriu, nesse momento eu corei mas mesmo assim não desviei o olhar...ele ficava ainda mais bonito sorrindo. Só consegui parar de olhar para ele quando já não o tinha no meu campo de vista, seria isso normal? Eu nunca tinha sentido algo assim mas amor à primeira vista é uma treta, ele deve ser mais um daqueles meninos chatinhos.
Continuei caminhando e fui ver o meu horário a primeira aula é História das Artes e tenho 56 pessoas na minha turma, a maior turma em que já estive tinha 37 alunos...isto vai ser lindo.

O Meu Amor Demoníaco [HIATUS] Onde histórias criam vida. Descubra agora