eu sou ridícula. não, é sério. eu tenho vergonha de mim mesma. raiva. burrice. vergonha da minha estupidez de foragida, de coitada e vítima. ridícula. aquela que passa óleo de peroba pra hidratar essa pura cara de pau. usa a máscara da criança perdida, sozinha e insegura. mas não olha pra cara e vê que o problema não é o mundo e sim ela mesma. não olha pro próprio rosto e aceita que é uma filha da mãe sofrida que sofreu pra caralho e hoje merece sentir alívio pelo menos um dia. não olha e concorda e aceita que as cicatrizes fazem parte dos cortes mais profundas da alma e que se estão ali é porque são memórias de um passado vencedor. não aceita que já foi odiosa e perversa. triste e descontente. descontínua, podre e fria. não aceita que aquilo que foi já não pode ser e se faz de vítima. pura vítima. o problema é sempre o outro e o que ele quer de mim. o outro e a injustiça que ele faz comigo por não entender a minha pobre inocência. você é ridícula! eu tenho nojo de você. sua perversa. como você pode fazer isso consigo mesma. e agora, olha só pra você. não sabe nem qual parte sua coloca isso pra fora e te manda ir a merda. será aquela ridícula realista que você ja foi um dia? será a atual criança perdida e chorosa? ou será que você nem sabe mais quem é? que se foda todas elas! vão a merda! eu repito sim,
vão a merda!
por que você fez isso consigo mesma, menina? em que momento foi que se perdeu tanto a ponto de nem mais ser?
você entende como eu sinto dó de você mesma? olha a briga que você me faz ter com os diferentes tipos de aqueles e eles que já fui e deixei ou não de ser. o que tá acontecendo?
você é o próprio lunático na sua cabeça.