Beco sem saída

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Pov. Steve

Cheguei em casa cansado depois de alguns minutos no supermercado que por sorte não era tão longe, eu poderia ir e voltar a pé. Comprei algumas besteiras como refrigerante e chocolate para comer assistindo filme com Tony, ele amava isso, comprei também ração para Marley que comia como um elefante.
 Destranquei a porta e a empurrei com a perna adentrando a sala, fui até o balcão de madeira clara e deixei as sacolas por lá, depois arrumaria. Voltei e tranquei a porta, era por volta das 21:00, fazia um pouco de frio esta noite. Segui para o quarto a passos silenciosos, a lua brilhava forte, a janela de centro estava entre aberta, isso dava uma fraca claridade ao local. Marley estava dormindo em minha cama, Tony já estava com seu pijama estrelado também dormindo, nosso dia foi cheio mas achei que eles esperariam um jantar.  
 Acaricei Marley que não acordou e logo depois sentei na outra cama ao lado de Tony, a ponta de seu nariz estava vermelha e suas bochechas úmidas, parecia ter chorado...
 - Tony... Tony, acorda! - falei quase em um sussurro fazendo carinho em seus cabelos. 
 Ele apenas gemeu e resmungou coisas que não consegui entender, ele parecia tão confortável e eu estava tão cansado... Tirei meus sapatos, troquei de roupa e fiquei apenas de short e meias azuis. Deitei ao seu lado e ele virou, nos cobri com o cobertor, passei meu braço por debaixo do seu e o abracei pelas costas, ele devia ter acordado mas apenas se ajeitou em meu abraço sem dizer nada. Fechei meus olhos para adormecer e senti um peso em minhas pernas, Marley subiu e se aconchegou em cima de nós.
- Boa noite, garoto. - sussurrei e deixei os sonhos me invadirem.

Pov. Tony

 Acordei com o barulho irritante do despertador, eu nunca me acostumarei com isso. Quando abri meus olhos tive a melhor visão que poderia, Steve desligou o despertador e me encarou com um sorriso no rosto.
- Bom dia... - ele disse com uma voz calma.
- Bom... - respondi devolvendo um sorriso fraco que logo se desfez.
 Dormir em seus braços foi muito reconfortante e ao mesmo tempo desesperador, eu não poderia ter dormido com ele, agora era diferente e não sabia de onde tirar coragem para me afastar dele. Não pretendo levar isso por muito tempo mas não vejo outra saída no momento.
 Nos arrumamos como de costume, porém fui mais rápido dessa vez.
- Steve, preciso ir mais cedo hoje para resolver algumas coisas, tudo bem? Nos vemos depois. - falei e sai com minha mochila sem dar tempo para respostas de Rogers que ficou para trás dando atenção a Marley.
 
Pov. Steve
 
Não vi Stark o dia inteiro na universidade, fazia sol, estava sentado em um banco de concreto do lado de fora ao lado de Bucky, esperávamos por Tony.  
- O que realmente há entre você e o Tony agora, Steve? - ele perguntou com a boca cheia de balas de gomas.
- Bem, eu estava pensando em tomar a iniciativa e o pedir em namoro, já passamos por muita coisa e acho que nós merecemos isso. 
- Só não deixe ele te enrolar, esta bem? Não queria falar sobre isso mas como você sabe, Tony já teve muitos casos e não quero que você seja mais um.
- Pode deixar, eu me cuido. - sorri para ele de lado.
 Mesmo que o tempo de vivência com Bucky fosse pouco, ele sempre me tratava como se fosse irmão dele, em todas as horas.
- Olá, Bucky! Steve... - ouvi a voz de Tony, ele chegou e usava óculos pretos que reforçavam sua postura de playboy.
- Olá, Tony - levantei para seguir caminho com ele enquanto Bucky apenas o cumprimentou com um aperto de mão ainda sentado.
- Steve, eu preciso ir por outro caminho hoje, preciso resolver algumas coisas em um lugar. - ele falou tentando desviar o olhar.
- Tudo bem, não quer que eu vá com você? Eu não me importo...
- Não, eu estou bem, não vou demorar. Vou indo, até mais! - respondeu e seguiu caminho, seja lá pra onde for.
- Uau... - Bucky falou, levantou em desânimo tirando meu foco de Tony.
- Acho que já vou indo. - disse.
- Eu também, vou fazer buscar minha irmãzinha na escola hoje.
- Nunca me disse que tinha uma irmã.
- Eu tenho uma irmã, Steve. - respondeu rindo.
 Revirei os olhos me rendendo ao sorriso que se formou em meu rosto.
- Você quer ir junto? Não é tão longe, pode passar lá em casa depois. Se não tiver nada para fazer mais tarde com um certo alguém, é claro. - perguntou com um sorriso malicioso.
- Talvez eu tenha sim algo para fazer mais tarde, mas agora vou ficar com Marley. Podemos marcar outro dia. - respondi devolvendo o sorriso, ele assentiu e seguimos para lados opostos. 

Pov. Tony

- Não estamos mais juntos, nos deixe em paz! - respondi em voz alta no telefone, chamando atenção das pessoas que passavam na rua.
 Isso era assustador, meu pai Howard, deu pra me seguir agora?! Tive que tomar um rumo diferente de Steve pra ter a certeza disso. Alguns anos atrás quando estudava em um internato, fui obrigado a trocar de escola. Meu pai ficou sabendo de uma história mal contada entre mim e meu amigo, na época eu não entendi o porquê daquilo ter acontecido. Preciso fazer alguma coisa para isso não se repetir, estou cansado disso.
 Depois de alguns minutos chutando as folhas na rua, cheguei frente ao alojamento. Era final da tarde, o céu estava cinzento, o vento frio corria pelas ruas, o tempo iria mudar.
 Subi as escadas e parei frente a porta, dei um grande suspiro e entrei.
- Marley? ... Steve? ... - deixei minha mochila no sofá e segui para o quarto.
 Quando acendi as luzes fui surpreendido com Steve impecavelmente arrumado do seu modo simples, ele estava em pé frente a porta, Marley estava em sua frente com uma rosa vermelha na sua coleira igualmente vermelha.
- O-o que...
- Tony, você aceita namorar comigo? - ele estava visivelmente envergonhado, suas bochechas super vermelhas.
 Congelei ao ouvir aquela pergunta, eu queria tanto aceitar e ir para seus braços... Precisava ser forte, só eu presenciei as loucuras que meu pai já fez.

*Flashback on*

- Tony venha jantar! - minha mãe gritou da cozinha no andar de baixo. 
- Já vou!!! - respondi deixando meus brinquedos no chão, desci as escadas correndo segurando um boneco de um soldado com uma estrela no peito, era meu brinquedo favorito.
- Mãe, onde está meu pai? - adentrei a cozinha e sentei na cadeira a sua espera.
- Seu pai ainda deve estar no trabalho, filho, daqui a pouco ele chega. - ela colocou um ensopado de legumes a mesa, não era meu prato favorito mas eu fazia o esforço, ela sempre dizia que eles me deixariam forte.  
- Sabe que é falta de educação trazer brinquedos a mesa.
- Eu gosto tanto desse. - respondi colocando o boneco sentado ao lado do meu prato.
 Estávamos jantando, ele fazia perguntas para mim sobre a escola, ouvimos a porta da sala se abrir e meu pai entrar com o rosto e blusa ensanguentada.
- Tony, suba agora! - minha mãe falou com a voz autoritária.
- Mas mãe eu ainda não acabei de jantar...
- Leve seu prato, suba agora! - ela foi em direção ao meu pai e sem mais persistência peguei meu boneco e o prato de ensopado e subi para meu quarto.

*Flashback off*

 Anos depois, quando tinha maturidade pra entender certas coisas, tive conhecimento de que meu pai sempre arranjava brigas por aí, essas brigas muitas vezes constantes. Minha mãe e ele sempre discutiam.
 Não sabia ao certo o que causava aquelas brigas mas naquele momento eu pensava o pior, Steve não merece isso. 
- Tony?! - perguntou Steve chamando minha atenção, me tirando dos devaneios enquanto Marley estava sentado à sua frente abanando o rabo.
- Me desculpe Steve, mas... Eu não posso aceitar. 

Amor Vira Lata - StonyOnde histórias criam vida. Descubra agora