Vida ou morte

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Pov. Tony

Na manhã seguinte voltei com Marley para o alojamento, ele estava agitado e provavelmente com saudades de Tony, nesta parte não sabia exatamente se era sobre Marley ou a mim mesmo. Minha cabeça doía por conta da noite passada. 
 Abri a porta o soltando de sua coleira azul, ele correu direto para Tony que estava sentando na mesa com uma caneca de um possível café, e um jornal em mãos. Tranquei a porta e deixei as chaves em sua maçaneta, fui de encontro a Tony que brincava com nosso cão na cozinha.
- Precisamos conversar.
- Você leu as notícias? Não posso conversar no momento. - ele respondeu, deixou a caneca e jornal de lado e levantou para ir à sala. Fui em sua direção pegando em seus dois braços e os prendendo na parede, colei meu corpo ao seu, olhei no fundo dos seus olhos castanhos e selei nossos lábios.
 Um beijo cheio de saudades, promessas e afetos atrasados, um beijo que estava cheio de desejo que foi guardado por muito tempo. Separei nossos lábios e o encarei, estava ofegante. 
- Me diga que sentiu falta disso tanto quanto eu... - sussurrei em seu ouvido. - Me diga que você ainda é meu, e que tudo isso não passa de uma mentira.
 Sem dizer nada, ele segurou minha cintura com força a colando cada vez mais na sua. Tratei de tirar logo minha camisa branca que usava, ajudando também a tirar a sua que por sua vez era preta. Comecei a dar leves mordidas em seu pescoço, o que acabou fazendo ele dar alguns gemidos abafados, como senti falta de tê - lo.
 Segurei em suas coxas e as levantei do chão colando suas costas na parede, ele cruzou suas pernas em meio a minha cintura. Tony estava apenas com um curto short branco, isso facilitou sentir sua ereção que estava tão rígida quanto a minha fazendo as roçar uma na outra, arrancando gemidos inconscientes de nós dois.
- Vamos continuar no quarto... - pediu com sua voz rouca enquanto segurava outro gemido depois de um mordiscar que dei em seu lóbulo da orelha.
 Desta vez eu não ficaria para trás, se ele quer brincar, iremos. Mas eu também vou ter o que quero, e agora são respostas. 
 Atravessamos a sala, Tony ainda estava em meu colo. Por sorte Marley estava deitado no sofá mastigando um de seus brinquedos de borracha. Esbarrei em alguns móveis no caminho, entramos no quarto e fechei a porta com o pé. Levei Tony até sua cama que tinha apenas alguns lençóis bagunçados e o deitei ficando por cima. O quarto estava iluminado pela luz do dia que passava pelas brechas e eram contidas pela cortina.
- Sinto sua falta. - ele me falou mordendo seu lábio inferior.
- Prove. Me conte a verdade ou então sairei de cena. - provoquei. 
 Senti uma de suas mãos em minha nuca me puxando para mais um beijo mas enterrompi com meu polegar em seu lábio inferior o puxando para baixo.
- Isso é golpe baixo, Steve...
- É um aviso. Me conte logo o porquê de agir estranho todo este tempo, de estar me evitando. - me virei e sentei ao seu lado na cama esperando alguma reação.
 Ele respirou fundo e passou suas duas mãos pelo seu rosto, cruzou as pernas e apoiou seus braços nelas.
- Lembra daquela noite que você achou ter visto alguém nos observando? Você estava certo, essa pessoa era meu pai.
- Seu pai? O que ele queria?
- Ele... Ele não quer que fiquemos juntos, está com ódio e confesso que nunca o vi desse jeito, ele ameaçou você e por isso então recusei o seu pedido que eu tanto quis aceitar.
- Por que não me contou antes? Eu posso me defender sozinho.
- Eu sei lá, Steve. Fiquei com medo do que pudesse acontecer com você e não quis arriscar.
 Peguei em sua mão fazendo o ter atenção e olhar em meu rosto.
- Podemos enfrentar isso juntos, não quero mais ficar longe de você.
- Nem eu... - ele falou e sorriu de canto.
- Onde estávamos mesmo? - perguntei sorrindo e coloquei minhas duas mãos em seu rosto o fazendo sorrir também.
- Acho que você estava me beijando.
- Eu amo você, Tony!
- Eu também te amo, Steve!
Voltamos com o beijo, desta vez calmo e quente, coloquei um de meus braços em sua volta e o puxei para perto.
 É claro que eu estava preocupado com Tony, já passei por isso e não tive nenhum apoio, sabia o quanto era difícil mas estava disposto a ficar ao seu lado.

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"E hoje faz 15 graus com pancadas de chuva na cidade de Nova York! Por isso, estejam preparados com seus agasalhos e guarda chuvas em mãos! Voltaremos com mais notícias depois dos comerciais." Anunciou a mulher do tempo na TV.
 Sentado no sofa colocando minhas botas enquanto assistia a televisão, Tony foi para casa de sua mãe passar o final de semana, seu pai foi viajar então ele quis aproveitar a oportunidade.
 Coloquei por fim minha touca de lã branca e a touca da blusa azul escura por cima. Iria até a cafetaria no quarteirão ao lado.
 Marley estava em cima do carpete na frente do sofá, ele usava um cachecol listrado vermelho e amarelo que fiz para ele, por algum milagre ele não arrancou e nem rasgou. Antes de minha avó falecer ela me ensinou algumas coisas. 
- Está com fome? Eu posso preparar seu prato preferido, um grande pote de ração! - agachei em sua frente fazendo carinho em sua cabeça e recebendo latidos manhosos em troca.
 Ouvi batidas na porta, peguei as chaves ao lado da Televisão e fui em direção a entrada. Destranquei a porta e abri tendo como surpresa Howard, uma surpresa nada agradável e um tanto quanto estranha. Usava um grande sobretudo marrom claro, chapéu e calça igualmente pretos e para acompanhar uma barba e bigode impecáveis.
- Senhor Howard! Como vai? - perguntei deixando pouco espaço na porta entre aberta.
- Vou bem, Steve. Tony está? Preciso falar com ele.
- Não... Ele não está não. Você não iria viajar?
- Pelo jeito as notícias correm... - ele resmungou dando um sorriso falso.
- Tony me contou isso antes de ir para casa, ele foi passar o final de semana lá.
- Já que estou aqui, podemos conversar? - perguntou abrindo a porta e entrando me ignorando por completo estando a sua frente.
 Revirei os olhos em impaciência e fechei a porta. Marley começou a latir com a presença daquele homem mal encarado que nunca viu na vida.
- Respeite as visitas! - fingi simpatia e o chamei para perto sendo seguido. - Vou pegar um café, você quer? - perguntei indo para cozinha.
- Sim, seria bom. Tony nunca me disse que tinham um cachorro... - respondeu olhando cada canto do lugar em sua volta.
- Tenho certeza que ele deve ter esquecido. - respondi.
Enchi duas canecas pretas e coloquei uma em cima do balcão que separa a sala da cozinha. 
- Aqui está. - bebi um pouco de meu café que não estava tão quente indo para sala novamente seguido por Marley que parecia atormentado.
 Howard pegou a caneca e bebeu uma boa quantia de café virando para mim que estava sentado no braço do sofá com Marley ao lado.
- Sabe Rogers, Anthony está se tornando uma pessoa muito imprevisível... Eu ofereci uma viagem que ele tanto queria e uma vaga em um dos alojamentos mais caros da cidade. - falou dando ênfase em cada palavra, sua mão que segurava a caneca estava tremendo, ele a deixou em cima do balcão e colocou ambas uma em cada bolsa de seu sobretudo.
- Talvez ele esteja feliz assim. - falei.
- Acho que eu sei o que é melhor para ele no momento. E no momento, o melhor para ele... É FICANDO LONGE DE VOCÊ!
 Me assustei com seu grito, nada comparado com o que senti à seguir. Howard tirou de seu bolso um revólver calibre prateado e a apontou em minha direção. 
- Se-Senhor Howard! Não faça nada que vá se arrepender. - levantei e coloquei minhas duas mãos para cima em rendição, eu estava nervoso e tremendo assim como ele que apontava o revólver com uma afeição de ódio e repulsão em seu rosto.
- Creio que não me arrependerei disso. - engatilhou a arma.
 Meu mundo parece que parou por instantes, só pude ver a figura de Marley avançando no braço do pai de Tony e ouvir seus latidos de fúria, logo depois o vi levar um chute e receber um tiro do homem à sua frente. O som do disparo foi o que bastou para o ódio me consumir.
Parti para cima segurando seu braço com a arma que novamente estava engatilhada, Howard tentava a todo custo se soltar me empurrando e dando socos com o braço livre em minhas costas. Mais um disparo foi dado, desta vez atingiu o abajur. 
 Dei um chute em seu estômago o fazendo arfar, foi quando ele baixou a guarda e consegui o desarmar dando uma forte coronhada em sua cabeça com todo ódio que eu estava.
 Por dois segundos apontei o revólver em sua direção, minhas mãos tremiam muito, Howard estava desacordado no chão Tony e Marley, tudo que eu mais amava me vieram em mente, isso me fez mudar de idéia e não me deixar levar pelo ódio, não me tornaria igual a ele.
 Coloquei a arma na cintura presa na calça e corri até meu quarto onde peguei meu celular em cima da cama junto com uma caixa de primeiros - socorros que guardamos por precaução em uma prateleira com livros ao lado. Voltei as pressas até Marley que estava no chão gemendo de dor e com o sangue escorrendo perto de seu estômago ao lado de sua perna. Coloquei um pano branco enrolando o lugar ferido logo em seguida uma faixa para fazer pressão e estocar o vazamento de sangue.
- Vai ficar tudo bem garoto, não me deixe, você é forte. - passei a mão em sua cabeça e o peguei no colo. Com a mão livre disquei o número de Tony colocando o celular entre minha orelha e o ombro e desci as escadas correndo para um ponto de táxi. 
 Vários toques na chamada até que caiu em caixa postal.
- Tony por favor, preciso de você comigo. Marley está ferido, não dá pra explicar muita coisa agora, só preciso que me encontre no veterinário em que ele foi castrado. - encerrei a chamada colocando o telefone no bolso da calça.
 A chuva forte estava presente, com direitos a raios e trovões, o céu começava a escurecer. Coloquei um pano por cima de Marley e corri até um táxi que por sorte estava livre a espera de alguém. 
- Para o Veterinário perto do parque no centro. - falei entrando na parte de trás do carro, me ajeitando no banco de couro preto com Marley em cima de minhas pernas.
- O que?! É proibido a viagem com animais, você precisa sair. - reclamou o taxista moreno dos olhos verdes. Olhei em seu crachá onde indicava seu nome.
- Loki, por favor... - levantei o pano mostrando o curativo com sangue. - Não posso perdê - lo.
 Ele apenas virou para frente colocando seu cinto de segurança e ajeitando o retrovisor do carro, deu partida.
- Vai ficar tudo bem... - repeti inúmeras vezes em sussurros fazendo carinho na cabeça de Marley, dizendo mais para mim do que a ele.
 Meu celular estava novamente em mãos, desta vez o número da polícia estava sendo discado.
- Alô?! Eu preciso de ajuda...
 

Amor Vira Lata - StonyOnde histórias criam vida. Descubra agora