Capítulo 1 - Party

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Parecia loucura, parecia coisa da minha cabeça, mas vi uma borboleta dentro do vaso. Não sabia te contar qual cor era, mas não vi ela sumir quando dei descarga no maldito vaso sanitário.
Sentei segurando meu salto, eu estava acabada e faltava apenas algumas horas para as aulas começarem. Minha cabeça girava feito a garrafa que estava no centro da sala, a minutos atrás. Eu só podia estar pirando.

" Vai ser uma festa simples, nada de bebedeira " as palavras de Aika ainda giravam em minha cabeça.
Levantei desnorteada. Meu vestido se encontrava a cima das coxas, deixando minha calcinha verde a mostra. Olhei pelo espelho e vi um garoto atrás de mim, na mesma hora me recompus.

- Quem deixou você entrar? Sabia que esse quarto tem dono? - Ele estava berrando, a música estava estourando lá em baixo.

- Eu estava....

- Não importa se você estava morrendo, esse é meu quarto - Ele cerrou os dentes e fez sinal para que eu saísse.

Não sei se era a bebida, se era meu hálito horrível ou o roncar do meu estômago que estava me deixando louca, mas não tirei meus pés do lugar em que estava, mesmo porque sentia que iria cair a qualquer momento.

- Não, eu estou passando mal. Não vou sair, já viu o inferno que está lá em baixo?. Não vou - Silibei o " não vou", dando ênfase. Só se pensar em voltar para o caos, meu estômago embrulhava.

Estava escuro, não via o rosto dele por completo, a única coisa que podia sentir era a raiva emanando naquele pequeno banheiro.

- Ah, ótimo! Então quer dizer que você vê um quarto, entra e vomita e quer ficar?!- foi a vez dele de gargalhar - Acho que você não está entendendo muito bem, eu não te culpo, a bebida faz isso. Acontece... Qual é seu nome mesmo?

- Miranda - disse com desprezo.

- Acontece que eu moro aqui, Miranda- ele se aproximou mostrando o lugar com o indicador - Esse quarto é meu. Esse banheiro que você vomitou, essa maldita bebida é minha....

- Eu não vou descer!

As lágrimas brotavam bem devagar, não porque estava em um banheiro de uma fraternidade, mas porque meu cabelo estava horroroso, ia ficar de castigo por semanas e além do mais eu não tinha como voltar para casa. A essa altura do campeonato Aika teria me deixado, provavelmente estaria no carro de alguém pegando carona, e algo me dizia que a noite dela mau estava começando. Massageiei as temporadas enquanto tentava me equilibrar.

O garoto parecia nervoso, e não tirava os olhos de mim. Passei por ele e fui ate a porta, catando meus pertences até a mesma.

- Ótimo! Antes de sair entrando em qualquer quarto, saiba que eles costumam a ter donos e...

Dei um gritinho. Ele parou.

- Merda! Merda, merda, merda!

O garoto se aproximou no escuro, senti o calor de seu corpo passar pelo meu e suas mãos envolverem a maçaneta. Nossas peles quentes se chocaram.

- Meu Deus! Eu vou ficar trancada aqui ? Meus pais vão me matar!- e eles iam mesmo. Faltava uma hora pras uma e eu estava no escuro, trancada. Comecei a pensar em coisas menos assustadoras.

- Fala sério - Gritou o garoto, enfurecido- Ascende a luz que eu vou procurar a chave - pediu ele, menos delicado possível. Luz? Não sabia onde era a luz. Se eu soubesse aonde era a porra da luz não estaria no escuro! Levantei zonza e fui passando a mão até achar um pequeno interruptor.

Quando ia virar, meu pé virou de maneira que senti uma dor tremenda. Na mesma hora olhei para trás, eu não sentia o chão, sentia cheiro de hortelã com loção. Abri os olhos devagar, e mal pude acreditar....

O segredo da borboleta quase azulOnde histórias criam vida. Descubra agora