Lorenzo chegou em casa um pouco antes das 21h, havia passado o dia tentando a todo custo que a noite não se aproximasse, não queria ter que enfrentar o que viria ao marcar 00h. Mas sabia que congelar o tempo ou acelerar era impossível, então, apenas seguiu a maré.
Pegou a única garrafa de whisky que havia em casa, o maço de cigarros, sentou-se no chão da sala e começou a beber e fumar. A cada gole sentia-se anestesiado, havia um bom tempo que não colocava uma gota de álcool em seu organismo, sentiu a garganta adormecer e não mais queimar, havia se acostumado com o ardor da bebida.
Levantou-se com dificuldade e caminhou aos tropeços para seu quarto, largou as roupas no chão, vestiu um camisão velho, mas que ainda mantinha o velho e mais do que conhecido perfume. A saudade essa noite não bateu, ela espancou. Fechou os olhos com pesar, pedindo aos céus e ao universo que o dia que estava chegando não o torturasse mais do que já havia torturado.
Olhou para o relógio: 4:13 am.
Fechou os olhos, respirou fundo uma, duas, três vezes, e com isso, a primeira lágrima escorreu. Dolorida, grossa e com gosto de saudade.
Ah, a bendita saudade.
Piscou lentamente, se aconchegou entre o edredom macio e quentinho, fechou os olhos, pediu, encarecidamente, que os castanhos profundos lhe visitasse.
E assim, se permitiu adormecer.
Aquela manhã havia amanhecido nublada. Estranho para aquela época do ano. Verão. Era uma terça-feira, 7am. Lorenzo levantou-se de sua cama quentinha, arrependendo-se assim que botou os pés quentes sobre o chão gelado. Olhou para a bela morena ainda adormecida na cama quentinha, toda encolhida como um bebê coala e caminhou em direção ao banheiro onde tomou um banho quente, diferente dos outros, que eram frios, dizia que água gelada acordava todos os seus músculos e o deixava disposto para as tarefas do dia a dia. Fez sua higiene matinal e voltou para o quarto para vestir-se. Uma camisa básica branca, uma calça preta com rasgos nos joelhos e os velhos e inseparáveis vans pretos. Olhou-se no espelho, bagunçou os cabelos úmidos, jogando para o lado esquerdo e sorriu para seu reflexo. Pegou o casaco que estava pendurado no gancho ao lado da porta do quarto e a vestiu logo em seguida.
Pegou celular, carteira e chaves do carro. Olhou as notificações em seu aparelho celular, respondeu e-mails, e por fim, deixou um recado ao lado da cama para bela a morena de olhos castanhos, dona de seu coração. Camila.
"Bom dia, flor do meu jardim. Espero que tenhas um ótimo dia, que sejas cheio de riso frouxo e coisas boas. Eu amo você, nos vemos mais tarde"
Era o que havia escrito no bloquinho de papel.
Beijou-lhe os cabelos cuidadosamente, deixou o quarto e em seguida, o apartamento.
Chegou no trabalho, realizou todas as tarefas designadas para aquele dia, teve reuniões, instruiu nossos estagiários, conheceu novos clientes, e teve uma breve conversa com Camila em seu horário de almoço, pois a latina estava cheia de coisas para fazer e não queria atrapalhar.
Continuou seu dia, e finalmente, havia chegado o horário de ir embora. Estava cansado, com saudade de sua morena. Com saudade de casa e sua cama quentinha e confortável.

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The Last Coffee. (one shot)
Lãng mạnAlgumas pessoas passam por nossas vidas e nos marcam de uma maneira inesquecível. Fazem de nós, raiz. Permanentes feito tatuagens.