Sempre vai ser vida que segue.

Porque sempre vai ser vida que segue.

Peguei minha irmã que tinha 10 anos chorando pela perca do seu primeiro gatinho que ela tinha encontrado na rua, foram dois anos convivendo com ele. Depois da morte eu ouvi ela falando que nunca mais iria criar outro gatinho, deixei ela sofrendo por alguns minutinhos depois me sentei com ela e disse: "não deixe seu amor por gatos, morrer com um gato". Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas e falou: 
-Mas nunca vou encontrar um igual a ele, eu o amava,gostava de ficar com ele.
Eu parei por alguns instantes, e depois  continuei na tentativa de consolá-la, falando que existirão outros gatos, existirão outras histórias, existirá outra oportunidade dela se encantar por um outro gatinho. Depois, pedi pra ela não deixar o amor que ela sente por gatos ir junto com a morte do Kidim.
Com seus 18 anos ela voltou a sofrer por causa do amor, por causa de uma perca, não por um gatinho, pois ela já tinha aprendido a superar que animais de estimação não ficarão conosco a vida toda.

Dessa vez foi por um garoto, que ela conheceu no colégio três anos atrás, por garoto que tinha falado milhares de coisas pra ela que nunca ninguém tinha falado antes, que fez ela sorrir como nenhum outro garoto, que fez um mundo pra ela com planos e sonhos que ela nunca  imaginou viver. Depois, foi embora fazendo ela sentir falta do que nunca a pertenceu...
Dessa vez eu deixei ela sentir um pouco, porque tem certos sentimentos que precisam ser sentidos, e entregar seu tempo, seus sonhos, fazer planos, conviver, amar uma pessoa para depois ela terminar com tudo dizendo que não dá mais, dói muito, dói pra caralho.
Depois de dois dias eu fui até o quarto dela, e fiquei sentado na beirinha da cama enquanto ela afogava sua cabeça no travesseiro, tentei puxa um diálogo perguntando sobre coisas banais, tentei animá-la para saírmos até a praça e tomar sorvete mas a única coisa que ouvi foi: "ele não me manda mensagem faz duas semanas, ele realmente se foi, o que vai ser da minha vida? Eu o amava, gostava de ficar com ele, ele era único". Dessa vez me deu uma tristeza em ouvir a voz dela tão trêmula, logo depois de ouvi-lá, falei:
- Ele não era único, não, de único só tinha as coisas que ele te prometeu, e como ele é  bacaca, deu meia volta e desfez tudo, tu tem que aprender que quem ama não fica só em promessas, quem ama chega com atitudes e te surpreendendo positivamente. Logo depois me coloquei de pé e continuei falando:
- O que vai ser da sua vida? Com certeza não vai ser estragada com um amor meio bosta, tu tem apenas 18 anos e tem milhares de festas para você dançar, milhares de livros para serem lidos, milhares de histórias para serem escritas, milheres de coisas para serem feitas. Não é porque não deu certo com ele que você não terá oportunidades de encontrar um outro amor para sua vida. Lembra quando você perdeu seu gatinho? Lembra que eu te avisei que não era para seu amor por gatos morrer com um?  Então, não deixe de acreditar no amor só porque esse não deu certo, não se torne uma pessoa fria igual eu vejo em muitas meninas que vivem em decepções amorosas, o importante é tu não torna-se aquilo que te feriu, o que importa agora é aquilo que tu aprendeu porque certos relacionamentos, bons  ou ruins, sempre te ensinam alguma coisa. Não deu certo? Ok, bola pra frente. Ficar sofrendo numa pessoa que não te quer nunca foi e nunca será  uma solução, você poderia entender que amor de verdade supera os problemas e diferenças, resiste ao tempo, se fortalece com a distância e não acaba por motivos meio bosta.
Depois de tudo que eu falei, ela se levantou da cama, abaixou-se quase que sumido da minha vista e ergueu uma caixa toda decorada de papel avermelhado, colocou sobre a cama e me mostrou três lindos filhotes que dormiam em um sono profundo, depois falou em um tom de voz mais consistente:
- Nasceram ontem, infelizmente a mãe deles morreu no parto, eu já to quase que aprendendo que certas coisas, por mais duras e difíceis que sejam, precisam ser superadas, vem me ajudar dar comida para eles.
Naquele fim de tarde terminamos alimentando os gatinhos e dando várias gargalhadas,  porquê sempre vai ser vida que segue.