Mais um motivo para acreditar

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– Outra aparição! – Eu cheguei em nosso dormitório correndo e coloquei o notebook na cama a frente de Liam, que me olhou assustado. – Outra aparição no sul da Grécia! – Olhei para ele cheio de entusiasmo.

– Outro relato de um banhista bêbado? – Ele me olhou com cara de tédio.

– Tem um vídeo dessa vez. Olha! – Apontei para o notebook e dei play no vídeo.

Liam olhou para a tela com o mesmo semblante descrente. Fala sério, como ele podia ser tão cego para o óbvio?

– Louis, é só um peixe. É uma região cheia de grandes espécies de peixes.

– E sereias! – Eu completei.

– Lou... – Ele tentou falar, mas eu o cortei, não querendo mais ouvir suas palavras dizendo que eu tinha que parar com essa obsessão de criança.

– Pelo amor de Deus, Liam! É uma cauda. Olha o tamanho dessa coisa! Qual a dificuldade em admitir isso? Não é um peixe. Peixe nenhum teria uma cauda desse tamanho. – Disse indignado.

– Lou, isso é loucura. É só um peixe grande ou algum espertinho querendo rir às suas custas nesse blog com um vídeo manipulado.

Eu havia criado um blog há muitos anos atrás, divulgando meu encontro com uma sereia e pedindo para que outras pessoas também contassem suas histórias. Vez ou outra aparecia algum caso, mas era a primeira vez que aparecia um vídeo.

– Você é que está querendo rir às minhas custas. – Eu tirei o notebook de seu colo com força, não querendo mais continuar a conversa.

– Lou, amanhã é nossa formatura. – Ele se ajoelhou sobre a cama, se aproximando de mim e colocando as mãos sobre meus ombros. – Seremos finalmente biólogos marinhos. – Ele abriu um sorriso. – Só por uma noite esqueça esse blog e todas essas histórias e aproveite o fato de que nós conseguimos conquistar isso. – Abri um sorriso de lado para ele. – Você sabe que eu te amo, Boo.

– Nossa, só por usar esse apelido ridículo, eu sei que me odeia. – Ele gargalhou e voltou a se sentar ao meu lado na cama. – Você é um péssimo amigo. – Eu murmurei enquanto o empurrava com o ombro.

– E você é o meu melhor amigo. – Ele devolveu e eu retribuiu o empurrão.

Deixei o notebook de lado e engatei uma conversa animada com Liam. Repassando tudo sobre nossa viagem para a Austrália, onde faríamos a pós graduação e tentaríamos uma vaga na equipe de um dos mais famosos biólogos marinhos do mundo: Simon Cowell.

Liam falava sobre essa viagem como se fosse a coisa mais importante de sua vida, já eu apenas fingia um entusiasmo para não magoá-lo, já que ia para a Austrália com ele por pura obrigação, pois minha mente e, principalmente, meu coração diziam que meu lugar era a Grécia.

Mas ir para a Grécia em busca de um sonho era um risco que eu não podia correr. Minha mãe havia feito sacrifícios demais para que eu me formasse no curso que escolhi, ainda mais em outro país, já que a Inglaterra não oferecia Biologia Marinha, para que eu não desse nenhum retorno a ela. E isso com certeza havia pesado em minha decisão.

E eu soube que tomei a decisão certa quando minha mãe e meus irmãos chegaram para a formatura no dia seguinte. Ela estava radiante, dizendo o quanto o clima da Espanha fazia bem a ela, feliz como eu não via há muito tempo e isso sempre valeria todo meu esforço.

Liam foi o orador da turma, já que suas excelentes notas e sua dedicação quase eclesiástica fizeram dele o melhor aluno da turma. Quando ele terminou seu discurso, lembrando-nos dos cinco anos na universidade, eu fui às lágrimas.

Mermaid - Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora