UM DESAPARECIMENTO.

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No dia 20 de julho de 1969, um domingo, os astronautas norte-
americanos Edwin Aldrin, Michael Collins e Neil Armstrong, a bordo da
nave Apolo 11, realizaram aquela que é considerada a maior façanha do
homem no século 20: chegaram à Lua. E essa data acabou sendo
marcante para a turma da rua Quinze. Não por causa do fato em si, mas
porque foi nesse dia que o Marcão desapareceu.
No dia seguinte, Pedro e Tigre conversavam sentados' na rua
quando André apareceu com a novidade. E rapidamente o sumiço do
companheiro substituiu na conversa a imagem de Armstrong e Aldrin
andando pela Lua, como a televisão tinha mostrado, e instalando ali a
bandeira dos Estados Unidos.
- O Serginho me disse que o Marcão não aparece em casa desde
ontem na hora do almoço - explicou André. - E hoje cedo os pais dele
resolveram procurar a polícia.
- Puxa, a polícia? - assustou-se Tigre. - Então a coisa é séria
mesmo!
- Nem o Serginho, que é irmão dele, sabe direito o que aconteceu.
O Marcão não é de comentar com ninguém o que está fazendo - lembrou
André, preocupado.
- É verdade - concordou Pedro. - Nos últimos tempos ele só
acompanha a gente quando tem jogo contra a Vila Nova.
- Vamos dar um pulo na casa dele? Quem sabe eles têm alguma
novidade - propôs Tigre, enquanto se levantava.
A casa do Marcão ficava numa travessa da rua Quinze. Era uma
construção velha, como a maioria das casas da rua estreita, calçada com
pedras que, em breve, seriam substituídas por asfalto, o que estava
acontecendo em todas as ruas do bairro. Serginho estava sentado na
escada que dava para a rua. Perto dele estava Napoleão, um vira-lata
preto e branco que um dia apareceu na rua e acabou adotado pelos
meninos. Os dois pareciam tristes.
- E aí, Serginho, alguma novidade? - adiantou-se André.

- Nada até agora. Meu pai nem foi trabalhar hoje por causa disso.


Ele e a mãe estiveram na delegacia e agora foram dar uma olhada nos


hospitais.


- Mas o que pode ter acontecido com o Marcão? perguntou Tigre.


- Ninguém sabe. Ele saiu daqui ontem, depois do almoço. E só


levou a roupa do corpo.


- E onde é que ele ia? - quis saber Pedro, que também havia se


sentado na escada.


- Ele não disse. Ele sempre foi assim, não comenta aonde vai


nem o que vai fazer.


- Acho que a gente devia dar uma procurada aqui no bairro. Quem


sabe aparece alguma pista - propôs Pedro, olhando para Tigre e André.


- Mas onde? - quis saber Tigre curioso.


- Sei lá, vamos dar uma andada por aí. É melhor do que ficar


parado aqui.


- Eu tenho uma idéia melhor - falou André, lembrando de um


filme policial. - Serginho, você pode pegar alguma roupa do Marcão?


- Posso, mas pra que você quer?


- Pegue e você já vai ver - disse André, sério, enquanto todos


olhavam para ele com curiosidade.


Serginho trouxe uma camisa do Marcão e a entregou a André, que


continuava com ar de mistério. Ele pegou a camisa, abaixou-se e fez com


que Napoleão a cheirasse. Aí todos compreenderam o que ele estava


pretendendo.


 A TURMA DA RUA QUINZE.Onde histórias criam vida. Descubra agora