Castiel deveria saber que ao crescer com Dean Winchester, ele estaria perdendo sua inocência abraçando os elementos mais complexos e obscuros do mundo.
Um caminho tanto mau quanto doce.
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INFÂNCIA | 8-9 ANOS
As manhãs de Setembro eram sempre ensolaradas e preenchidas com o cantar dos pássaros que Castiel tanto adorava escutar enquanto estava sentado em sua mesinha da escola ao lado da janela, desviando sua atenção da professora, que eventualmente chamaria seu nome, mas Castiel simplesmente não podia evitar, era uma de suas coisas favoritas, ele não entende como os outros garotos de sua sala não pareciam se interessar nos sons.
Castiel estava olhando para a janela, segurado a sua abelhinha de pelúcia, quando aconteceu.
"Classe, temos um novo coleguinha conosco hoje." Disse a professora. Castiel não gostava de pessoas novas, elas o deixavam nervoso, mas olhou mesmo assim, uma vez que os cantos cessaram rapidamente. Era um garoto loiro de olhos claros e nariz fino, Castiel gostou de sua aparência, mas sua presença ainda o deixava nervoso. "Quer se apresentar para nós?" Sua professora perguntou sorridente.
O garoto pareceu que não queria fazer aquilo, mas Castiel sabia que ele teria de dizer ao menos seu nome, pois ele também o fez três anos atrás. "Meu nome é Dean Winchester." Disse ele, sua voz era fina como a de todos ali.
"Seja bem vindo, Dean." A professora não parava de sorrir. "Pode sentar." Ela moveu o braço, sua mão aberta como se pedisse para ele escolher seu lugar.
Dean sentou em uma das últimas mesinhas da sala e permaneceu quieto. Castiel sentiu-se aliviado por ele não ter sentado ao seu lado, mas ninguém nunca sentou, não era uma surpresa para ele. O motivo para seu alivio era que ele não confiava muito em pessoas novas, uma vez que não sabia o que poderia acontecer com ele, sua mãe sempre lhe dissera que poderiam lhe fazer algo ruim se falasse com estranhos, e Dean era um estranho.
Ao tocar o sininho para o recreio, todos saíram da sala correndo, fazendo ainda mais barulho do que faziam normalmente, como se a hora do lanche fosse a melhor coisa de suas vidas, o que de fato, poderia ser verdade, uma vez que eram crianças, e crianças não pensam em fazer algo além de brincar, comer e gritar. Castiel esperou que todos saíssem, como sempre fazia, não gostava de esbarrar em pessoas e ser arrastado por aí como um filhotinho perdido, era uma sensação ruim.
Sentou no banco perto das árvores que rodeavam a escola e o playground, de onde assistia seus colegas brincarem e correrem. Abriu sua lancheira e viu que seu pai havia colocado novamente um sanduíche de atum e um suco de garrafinha com canudo, seus olhos se entristeceram, não gostava do gosto que atum tinha. Pegou o suco e furou o pequeno buraco com a ponta do canudo, dobrando a ponta e bebendo, enquanto ajeitava a abelhinha em seu colo.
Ele não percebeu alguém chegando por trás em passos silenciosos, e então sua visão foi atrapalhada por um par de mãos, presos ao seu rosto, o deixando completamente cego e desesperado. Quando as mãos subiram e Castiel pode ver novamente, seus olhos focaram à sua frente, sendo o ponto de foco dois garotos que brigavam, um deles acabara de socar o rosto do outro, o fazendo cair no chão, e então outros alunos gritaram e formaram um círculo antes que alguma professora corresse até eles.
