a garrafa.

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uma garrafa.
à primeira vista aparenta ser uma garrafa completamente normal, ordinária. se bem que.... quem define o que seria normal, o que define como seria normal? quem quer que seja, o que quer que seja, em função dessa narrativa, vamos assumir a definição de normal como algo que não foge ao comum, ao regular, algo que se assemelha a todos outros algos do seu gênero.
enfim, uma garrafa como qualquer outra garrafa, daquelas que podem ser encontradas em qualquer loja, restaurante, barraquinha de petiscos, supermercado... de plástico, com uma tampinha colorida, o rótulo que foi arrancado descuidadamente, meio cheia, ou meio vazia, dependendo do ponto de vista e positividade do observador.
no entanto, vendo essa garrafa, tal como qualquer outra garrafa, percebem-se certos detalhes que não parecem encaixar com a descrição de uma garrafa ordinária.
o conteúdo, que para um observador desatento poderia ser classificado como água, tem uma certa... aura, na falta de outra palavra que descreveria o líquido com mais exatidão, não é brilho, pois não brilha, não é cor, pois cor não há, não é nada, é uma vibração, um sentimento, uma aura. a tampinha que no primeiro olhar parecera uma tampinha normal (novamente, aderiremos ao conceito de normal apresentado anteriormente) também não se encaixa no padrão de outras tampinhas. parece delicada, como se pudesse rachar com o mais leve toque, mas também resistente, como se fosse sobreviver à todas as tampinhas, garrafas, pessoas e estrelas.
além disso, essa garrafa, com sua aura e tampinha extraordinárias, tem uma sensação conectada a ela, não qualquer uma, uma sensação bem específica, mas tão difícil de definir, tão diferente é a percepção de cada indivíduo. é uma sensação de calor e aconchego e abraços, é o sentimento de amor, de amizade, de família, as memórias da infância, o bolo de avó, os braços da mãe depois de ralar o joelho, o balançar alto, mais alto, mais alto, até voar no céu junto com as nuvens, são as noites sem dormir, as confissões no escuro, as risadas despreocupadas, a cor da vida, a eternidade do momento. a garrafa guarda todas essas memórias, de quem quer que seja, do que quer que se trate. ela guarda esse sentimento, sem o qual não valeria a pena a vida nem a morte.
que essa garrafa sobreviva ao fim do mundo, ao fim de tudo.

a garrafa.Onde histórias criam vida. Descubra agora