Chega um dia, em que pessoas estranhas se conhecem,
Tornam-se especiais, inesquecíveis, inalteráveis.
Chega um momento, que após a convivência,
Essas pessoas, de repente, tornam-se amigas...
De repente, durante a trajetória da vida,
Esses amigos se tornam eternos,
Prosperam enraizados num mesmo ideal.
Chega um dia que, após anos encarcerados, num mesmo retrato,
As curvas da vida começam a traçar novos rumos;
Os retratos infindáveis começam a escurecer,
As vozes começam a morrer no silêncio da distância.
Chega um dia, em que, de repente, tudo se esvai;
Cada um segue seu caminho sem olhar para trás,
Sem perceber, enterramos corpos vivos de instantes reais.
Chega um dia quando, de repente, tudo se torna lembrança...
Desenterra o passado com astúcia,
Desfolha as páginas do livro da vida com angústia,
Lembrando os intermináveis instantes juntos.
Neste instante, sente-se as pancadas da saudade fincadas na memória;
Deseja-se voltar pelos mesmos caminhos percorridos,
Relembrar os pensamentos e desejos,
Os sonhos e ilusões divididos, durante aqueles anos...
Neste instante, afronta-se o grande espelho do tempo,
Em que cada vida se retrata.
Hoje, neste dia tão especial,
As lembranças remotas remetem-nos aos tempos de criança,
Enraizadas na felicidade, astutas, tolos de curtição.
Hoje, nossas vidas são como um rio desconhecido,
Inviolado para alguns, desnudado para outros.
Sinto que estamos perdidos, cada vez mais, na distância,
Entre caminhos extremos...
Sinto que cada um escolheu uma estrada,
O destino apagou seus rastros.
Hoje, sei que nossas vozes ainda ecoam nos cantos desertos,
Nos bancos desolados, nos becos lamacentos,
Nos últimos poços de água que ainda morrem de sede.
Hoje, acuado, vejo a amizade secar com argúcia,
As lembranças acumulando-se nos lugares vastos,
Naqueles em que caminhávamos e chorávamos juntos.
Hoje, sinto aflição ao perceber que fomos separados,
Menosprezados pelo tempo, insultados pelos Deuses.
Hoje, sei que o tempo esmagou nossos últimos momentos,
Apagou os retratos e manuscritos;
Restaram apenas imagens navegando num mar inabitável...
Hoje, vivemos num mundo à parte, isolados pelos sonhos,
Regalados pela realidade.
Hoje, sei que todos vivem ordinariamente juntos;
Fazem parte das minhas saudades,
Das minhas angústias e ansiedades...
Hoje, vocês são a essência dos desejos mais profundos,
Os misteriosos que habitam minha mente!
Vocês são minha vida,
O pedaço de felicidade que jamais encontrarei...
Enfim, hoje desejo que o ser etéreo abençoe vocês,
Queime suas artérias com os desejos mais ardentes,
Livra-os das sombras onde a morte se levanta,
Faça vibrar seus nervos com os sentimentos de paixão,
Permita-lhes encontrar o sentido dessa vida...
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Os amigos (obra original de 1994, Itanhaém–SP): Quando escrevi esse texto, estava passando por um "mar de tormentos". Sentia grande falta dos amigos do CENE (Jon Teodoresco),falta de alguém que me amasse. Em fevereiro de 1994, minha mente estava vazia,em busca de um motivo para ser feliz. Talvez a falta dos amigos trouxesse mais nostalgia naquele momento de penúria. Amigos são pessoas que nunca nos abandonarão, na morte ou na vida. Durante toda minha vida, confesso que descobri muitos amigos; ainda enxugo meus prantos nos ombros de alguns, "jogo conversa fora" com outros e sonho com aqueles que já se foram (in memorian).
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REVELAÇÕES: NADA SERÁ COMO ANTES...
ŞiirCaro leitor, este livro foi redigido de forma especial e suas palavras ganharam vida! Não tenho vontade de eternizá-lo, minha ambição está restrita às suas emoções, mas o aceite como um presente e deixe-o jazer em sua cômoda. Tenho a súbita impressã...