Capítulo VII

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Segunda *----*

Boa leitura <3

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Acordo sem a presença do Eduardo na cama. Talvez toda a noite anterior não tenha passado de um sonho psicodélico, daqueles confusos que a gente acorda tentando entender, juntar pedaçõs de imagens tentar interpretar as loucuras do inconsciente. Como, de um rompimento amoroso desastroso, eu pulei para um encontro às cegas? E desse encontro eu parei no meu quarto tagarelando sobre o meu término com um Eduardo, que não era o meu, que acabou de ver seu Eduardo II falhar? É ou não um sonho psicodélico? Minha teoria vai por água abaixo quando a Su aparece agitada no meu quarto.

- Finalmente você acordou! Achei que o bonitão tivesse te topado.

- Como você entrou aqui?

- O Eduardo abriu a porta. Desde ontem tento falar com você e nada. Fiquei preocupada e vim pessoalmente.

- Então, você conheceu o Eduardo II, digo o Eduardo?

- Nina, ele é um gato está lá na cozinha preparando algo para você. Levanta e vai lá, mulher.

- Na minha cozinha? Cozinhando para mim?

Nunca tive um homem que cozinhasse para mim. O máximo que o meu Eduardo fazia era comprar comida congelada e cada um esquentava seu prato no microondas.

- Já tá pensando no traste né? - olho para ela - Como você adivinhou? - deu vazão aos meus pensamentos imitando minha voz.

- Hum...

- Ele não é o Eduardo, amiga. Quer dizer, o nome pode até ser o mesmo, mas fora isso...

- A gente não conhece ele, Su - falo baixinho para não correr o risco de mais alguém escutar.

- Mas eu sinto que ele é diferente. Esse Eduardo tem uma áurea boa, ao contrário do outro...

Ele e minha amiga eram cordiais um com o outro, mas só.

- Esse lance de áurea não existe - rebato.

- E o que você tem a dizer da Cláudia? Eu vivia dizendo que ela tinha uma áurea negativa, dois meses depois descobrimos que ela sabotava o salão para afastar os clientes e atrair para o que ela abriria. E o Victor? Aquela cara de bonzinho nunca me enganou...

- Tá... - ponderei - Victor havia sido meu vizinho sempre elegante e educado, descobrimos depois que ele fazia parte de uma gangue de estelionatários - talvez esse lance de áurea exista. Mas isso não quer dizer que... - Não cheguei a completar a frase pois, Eduardo apareceu no quarto com uma bandeja com pães, ovos mexidos e café.

Mas não foi a comida que chamou a minha atenção, embora meu estômago tivesse roncado quando vi a bandeja. Foi a ausência de camisa. Ele estava usando apenas calça jeans e nada nada mais. Isso significava que seu abdômen definido estava ali exposto ao meu deleite e ao da Suzi que o observava com um sorrisinho.

- Bom dia, dorminhoca! - ele falou pousando a bandeja sobre a cama.

- E que bom dia! - respondeu Suzi animada.

- Bom dia - respondi sorrindo pela indiscrição da minha amiga.

- Não sou um exímio cozinheiro, mas pode comer sem medo - piscou em minha direção.

- Meninos, estou indo embora - Suzi anunciou.

- Não Suzi, eu gostaria que ficasse aqui com a Carolina. Não vou poder acompanhá-la ao exame, recebi um e-mail do trabalho e precisarei ir..

- Nina está doente? - minha amiga indagou preocupada.

- Não. É apara fazer aquele exame de gravidez. Sugeri a farmácia ontem, mas ela não quis.

- Gravidez? Que gravidez Nina?

Engasgo com o café e acabei despejando o conteúdo todo para fora.

- Suspeita de gravidez - falei entre tosses.

- Você ainda não contou a ela da gravidez? - Eduardo me lançou um olhar de incredulidade.

- Não contei para ninguém. É uma suspeita e eu não pretendia sair contando a todo mundo.

- Agora sou todo mundo?

- Su, não foi isso que eu quis dizer...

- Mas disse.

- Desculpa... Falei sem pensar. Eu não te contei porque não queria te preocupar...

- Além de está fugindo da verdade, se bem conheço você.

- Exato! Ela se recusa a fazer o exame e por fim logo nessa dúvida - completou Eduardo.

- Vamos fazer esse exame, agora! - sentenciou Suzi.

- Eu preciso mesmo ir, se não acompanharia vocês - voltou-se para mim já completamente vestido - te ligo hoje à noite.

- Mas não chegamos a trocar contato.

- Já salvei meu numero no seu celular, você deveria mudar a senha, a sequência de 1 a 8 é moleza para um analista de sistemas - sorriu.

- Até mais Suzi - despediu-se dela e de mim com um selinho e um sussurrado "até mais, Carol"

Observei paralisada ele ir embora sem conseguir dizer nada.

***

- Você deveria ter me contado! - minha amiga repetia pela décima vez enquanto aguardávamos no laboratório a chamada para realizar o exame.

Mas e se o resultado desse positivo? O que eu ia fazer?Eu não estava pronta para encontrar Eduardo e dizer que a frígida agora estava grávida. Se bem que eu ia adorar ver aquela expressão esnobe cair, ver ele ficando sem reação com a minha notícia.

- Senhora Carolina Barros, senhora Carolina Barros - a voz mecânica da enfermeira me retirou dos meus devaneios. Levanto e caminho em direção a mulher que me aguardava, desvio o olhar da seringa e só volto a olhar quando meu sangue já estava no tubo - Pronto, Carolina! O resultado estará disponível na segunda a partir das dezesseis horas - um band-aid foi colocado onde a agulha havia sido espetada e eu estava livre.

Saímos dali e fomos para uma padaria próximo ao local, eu havia apenas bebido um gole de café e Suzi não me deixou comer nada mais até eu fazer o exame. Por isso, comi sem a menor cerimônia dois mistos quentes e café com leite. Parece que meu apetite havia voltado com tudo.

De barriga cheia e minha amiga com a sensação de dever cumprido, voltei para meu apartamento sozinha. A Suzi precisava ir para o salão, a agenda para o dia estava lotada. Aproveito para organizar meu guarda-roupa, a faxina ajuda a me distrair. E eu precisava de distração. Precisava conter a necessidade de ligar para o meu ex e falar que eu podia estar grávida, compartilhar essa possibilidade negativa. Ao mesmo tempo, eu queria estar ao lado do Eduardo II sem o peso de uma gravidez no meio de nós. Somente eu e ele, pra ver se a coisa ia funcionar e testar a tal da frigidez.

Droga! Passo as mãos pelos cabelos e me afundo junto com toda a roupa jogada na cama. Observando o teto do quarto enquanto busco organizar a confusão dos meus pensamentos.

Duas horas ainda depois estou com um monte de roupas espalhadas e mais confusa. Criei nesse intervalo de tempo inúmeras teorias... Uma delas é que talvez essa fosse uma resposta do universo para os meus pedidos: ter alguém que nunca me abandonasse. Um filho sera esse alguém - um amor puro e indissolúvel. Mas ao mesmo tempo poderia ser uma grande ironia do destino, justo quando eu conheço alguém legal e que parece se importar comigo, não posso ter essa pessoa...

- Ai meu Deus! - lamento mais uma vez sobre a pilha de roupas, que poderiam perfeitamente representar a pilha dos meus problemas.

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Finalmente a Nina resolveu fazer o teste de gravidez. Qual será o resultado? ;)

Muitas novidades em breve *--*

Com amor,

Isis Fogaça

Encontro Marcado *** DEGUSTAÇÃO ***Onde histórias criam vida. Descubra agora