Capítulo 11 - Fire and Rain.

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Eu aposto que você já se surpreendeu alguma vez na vida. Seja por coisas boas, como subir na balança e ver que perdeu peso sem fazer nada, ou por coisas ruins, como ver que gastou mais do que devia numa compra do mercado, por exemplo. Pode ser que nada tenha te surpreendido de maneira grandiosa, mas algumas surpresas sempre aparecem, sejam extremamente importantes, ou não.

Adentrei a sala e deparei-me com o psicólogo, que me aguardava escrevendo alguma coisa em seu caderno de anotações. Já fazia vários dias que eu não ia a uma maldita consulta, e ainda não estava liberada para cirurgia. Na verdade, essa seria a primeira vez desde que soube de minha gravidez que eu conversaria com aquele homem que estava impedindo uma das minhas únicas felicidades do momento, e eu cria que conseguiria convencê-lo que estava pronta para uma Sala de Operações.

— Bom dia, Dra. Scofield. – afirmou, repousando a caneta sobre o caderno e subindo o olhar até meu rosto – Como esteve?

— Um pouco melhor. – respondi, ainda de pé.

— Você pode se sentar, eu não mordo. – disse rindo fraco e apontando uma cadeira próxima dele. Respirei fundo e sentei-me no local indicado, cruzando os braços – Então, tem algo para me contar?

— Ah, você já está sabendo, o hospital todo está! Não se faça de sonso. – retruquei, acusadoramente.

— Mas eu gostaria de ouvir da sua boca. – ergueu uma sobrancelha, um pouco desafiador.

— Eu estou grávida do Akira, yay. – fingi ânimo – Estou liberada para cirurgia agora?

— Meus parabéns, sei que deve ser difícil. – sorriu educadamente – Vamos conversar mais sobre isso. Como está se sentindo?

— Enjoada, e você só faz isso piorar com esse papo de psicólogo.

— Engraçada... – forçou um sorriso – Você pensou em outras alternativas para lidar com a gravidez?

— Sim, fiquei muito em dúvida sobre abortar ou não... E apesar de eu ser muito jovem, decidi ficar com o bebê.

— Você tem certeza que não está mantendo o bebê só porque não está pronta para deixar Akira ir?

— Eu amo essa criança, assim como eu o amava. E eu quero ser uma mãe. Não tem que complicar isso.

— O que te fez mudar de ideia sobre o aborto?

— Nós queríamos ter filhos, então eu optei por deixar acontecer. Uma hora ou outra eu ia acabar querendo engravidar mesmo...

— Você se sente assustada com a ideia de um bebê?

— É claro que sim! Todo mundo fica assustado com a ideia de que vai ter uma vida completamente dependente de si, mas está tudo sob controle. Agora podemos seguir em frente?

— Claro... Você conversou com mais alguém sobre tudo o que tem acontecido?

— Sim, Dra. Cooper tem sido uma grande companheira nesse momento.

— Vocês discutiram sobre o dia do ocorrido? Porque você parecia não se lembrar muito bem do que aconteceu no dia do tiroteio.

— É claro que eu me lembro! Até demais!

— Você disse em nossa primeira sessão que fechou os olhos antes de ouvir o disparo, e que o atirador parecia ter apontado a arma para Rebecca Cooper, mas a bala acabou na cabeça de seu namorado. Você descobriu o que houve nesse meio tempo que estava com os olhos fechados?

Claire's AnatomyOnde histórias criam vida. Descubra agora