Capítulo 5

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Conseguir sair daquela casa estressada mas ainda sim sentindo que aquilo não foi o suficiente. Claro que pensava sobre eu ser substituída por uma humana, de qualquer forma, isso me afeta de um jeito que não gosto. Não tenho como não sentir isso, mas queria que não existisse dentro de mim, sei que é aquela tristeza. E não gosto dela. mesmo que eu fique com raiva eu sempre vou sentir ela me obrigando a pensar coisas que não consigo mais suportar.
Posso fazer você esquecer.
Já tive a prova de que não consegue fazer isso.
Parei do lado de uma árvore segurando seu tronco quando ouvir alguém pronunciando meu nome. Mas não tinha certeza, foi baixo demais, como essa voz na minha cabeça, mas não foi ela. Me encostei ali e fiquei olhando em volta, minha cabeça estava doendo, apertei os olhos e continuei andando devagar tentando ver meu caminho ficando escuro e embaçado. Não sei porque isso acontece...
Escutei aquilo de novo e tive certeza de que era real e estava perto dessa vez. Tentei olhar em volta procurando aquilo que parece um fantasma ao meu redor me atormentando, mas não via nada, só escutava. Estava tudo escuro e de repente claro, não sabia se era ela, mas estava me agoniando. Até eu tropeçar em algo que não fazia ideia do que era e cair no chão machucando meus joelhos. Continuei lá no chão tentando ficar em uma posição confortável no chão deitada, não queria levantar porque minha cabeça doía muito. Oque é isso?
Alguém vindo.
Arregalei os olhos e sentir meu corpo endurecer com sua voz que pareceu mais forte e alta dentro de mim. Me levantei e fiquei parada onde estava olhando para frente mas sentindo aquilo atrás de mim, não podia fazer mais nada porque se eu tentasse perderia. Então apenas obedeci seguindo as instruções dela surgindo na minha cabeça, uma delas me obrigou a ir naquela direção com cuidado. Mas no meio do caminho, eu troco de direção e fico confusa perdendo meu alvo ou sei lá oque ela quer que eu encontre. Está me confundindo. Passei as mãos no rosto e tampei meus olhos me concentrando o máximo que conseguia. Até que finalmente encontrei e minha reação foi correr para a cidade de novo sem saber para onde ia, mas eu a obedecia e não pude deixar de me incomodar com a sensação de ser uma marionete.
Ela riu dentro de mim quando eu parei do nada próximo a estrada principal, mas permaneci dentro da mata por algum motivo. Escutava agora, fiquei nervosa e ansiosa, as únicas coisas que ela sentia porque não sentia nada nesse momento.
Ali.
Virei meu corpo para a direita e ouvir de novo, não conseguir perceber quando estava correndo e não conseguir ver oque havia ali. Apenas seguir suas instruções e até que conseguir pegar alguém pelo braço e puxa-lo e jogar seu corpo no chão, parei para respirar e passei a mão no cabelo tirando ele dos meus olhos enquanto a pessoa se afastava de mim me encarando confusa. Ri com ela quando senti seu medo, fraco mas era o suficiente pra nós. Quando eu percebi que ele ia levantar, eu agarrei seu braço de novo e puxei na minha direção derrubando-o no chão novamente me pondo sobre seu corpo tentando prender seus braços mas não conseguia, era mais forte do que eu mas eu não deixava ele me segurar ou tentar me por no chão. Ainda rosnava rindo ao mesmo tempo perdida dentro de mim mesma sem saber oque fazer, apenas a obedecia.
-para!!!
Gritou tarde demais antes de eu chegar até seu pescoço, mesmo assim ainda lutava com ele me afogando com seu sangue. Soltei quando eu sentir um chute do lado da minha barriga me obrigando a gemer baixo pela dor, segurei seu ombro direito e conseguir fazer ele continuar deitado. Sentir uma das suas mãos no meu pescoço e entrei em pânico porque percebi que estava começando a perder o ar sem conseguir recuperar, gritei esgotando-o e fui jogada no chão levantando um pedaço da sua roupa na minha mão. Fiquei dois segundos lá deitada recuperando meu fôlego e sentindo aquilo deixando meu corpo dolorido. Mas não queria desistir então levantei e corri na direção dele de novo que estava se levantando, abracei seu pescoço por trás e o mordi no mesmo lugar ouvindo seu grito me satisfazendo pelo esforço todo. Empurrei seu corpo para frente usando o meu e conseguir deixa-lo no chão de novo, fiquei nessa posição até não sentir suas mãos nos meus ombros caírem.
Precisei de mais um minuto aqui aumentando aquela mordida me divertindo e sentindo nojo de repente, era diferente e isso me deixou confusa. Comecei a sentir o cansaço e a bola de sangue estranha na minha garganta me enojando e me trazendo de volta, percebi que estava sobre o corpo de um garoto que estava rasgado e sujo de sangue que saia do seu pescoço, eu olhei meus braços e estava duas vezes pior do que ele.
Sair de lá tonta e com dor no corpo inteiro, então me arrastei para longe dali e me sentei passando a mão na minha boca. Mas percebi que eu segurava um pedaço de um tecido familiar. Observei aquilo por muito tempo até reconhecer o garoto que eu havia matado.
Precisei me acostumar com aquela visão antes de tentar ajudar, eu não sabia porque ia fazer isso. Eu não conseguia ficar preocupada por mais que quisesse, foi um momento de desespero porque não sabia oque fazer ou oque pensar. Mas ao mesmo tempo conseguir reagir e me levantar de lá, ainda tonta e fraca, amarrei aquele pedaço de roupa no seu pescoço e pressionei antes de tentar reanima-lo. O chamei por mais de dois minutos começando a recuperar meus sentimentos de dor e tristeza por causa do que fiz. Comecei a chorar sem perceber. Até que seus olhos estavam se mexendo, eu parei e tentei pensar... Mas não me veio nada em mente. Tirei minhas mãos do seu ferimento e as encolhi no meu colo.
-levanta...
Falei estranhando minha voz por ser calma e firme, vários sentimentos estão dentro de mim. Mas não consigo sentir nenhum, não sei oque aconteceu aqui, não consigo entender porque fiz isso.
Ajude-o
Fiquei em silêncio observando-o se virando para ficar de costas para o chão. Seu gemido de dor me fez levantar as mãos na sua direção, mas parei e deixei ele fazer isso sozinho. Fiquei séria quando ele me olhou refletindo minha expressão na sua também e nessa hora conseguir sentir a tristeza, logo comecei a chorar de novo e tentei me levantar puxando seu braço de qualquer jeito sem ter cuidado ou me preocupar com sua dor. Ainda chorando em silêncio, eu conseguir me manter de pé com ele do meu lado se apoiando em mim. De repente comecei  pensar em várias coisas ao mesmo tentando decidir oque ia fazer. Mas agora eu só conseguir ajuda-lo por que ela me ajudou a pensar sobre isso senão não conseguiria e poderia até deixa-lo aqui.

Uma garota sozinha na floresta (2° temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora