Durante minha precoce vida eu jamais achei que seria capaz de admitir uma coisa dessa. Nunca naquela minha prematura juventude eu imaginei que algo como isso pudesse acontecer.
Pensei que minha passagem pela puberdade tivesse sido o suficiente para me fazer enlouquecer; como ver pelos nascendo em lugares estranhos e minha voz engrossando de repente... Mas eu estava bastante enganado.
Eu só tinha quinze anos quando tudo aconteceu, e pra mim, eu ainda era uma criança que nunca havia beijado uma boca sequer, mas já tinha me aventurado a me masturbar olhando uma revista que achei no quarto do meu irmão. Minha mãe quase me pegou, ainda tenho certeza de que ela sabia o que eu estava fazendo, mas pra me livrar de tanta humilhação, preferiu fingir que nada estava acontecendo.
Eu achava que ser adolescente era legal e que aquela seria a melhor fase de minha vida. Via nos filmes as pessoas indo à festas e enchendo a cara, e sempre me pegava querendo fazer todas aquelas coisas, como beijar várias garotas em uma noite e beber até acordar no outro dia, no meio da rua, quase nu e sem saber nem sequer qual era meu nome ou onde eu morava.
Mas aquilo nunca aconteceu.
Eu era tímido demais pra essas coisas. A única amizade que fiz no ensino médio foi com um garoto que só usava camisa xadrez e tinha um bigode muito ridículo. Claro que eu nunca disse aquilo pra ele, afinal, eu não era lá um poço de beleza... Porém, eu tentava ser estiloso ou algo assim, já que eu não tinha muitos meios pra isso.
Minhas referências e inspirações eram os garotos do terceiro ano, que pareciam tão legais e descolados que eu pedia todas as noites pra algum deus supremo me transformar numa pessoa igual a eles. Como por exemplo, os caras do time de baseball, que sempre estavam rodeados de garotas e dirigiam os carros dos pais pra se exibir. Claro que eu ficava com um pouco de inveja, afinal, eles só precisavam respirar pra ganhar atenção, enquanto eu, precisava de nada mais que tropeçar no vento e me estabanar no chão na frente de todo mundo pra ganhar uma chuva de risadas.
Era assim que me notavam.
Até que certo dia eu resolvi fugir pra quadra depois do intervalo, e foi lá que vi ele.
Ele era do time de basquete, e assim como todos os outros alunos descolados, ele estava cheinho de garotas ao seu redor. Eu não sei ao certo explicar o que diabos eu senti quando ele me olhou, talvez primeiramente eu tenha sentido aquela dor horrorosa da bolada que levei no meio da cara, mas vê-lo com aqueles olhos arregalados, me pedindo desculpas e perguntando se estava tudo bem comigo fez com que eu me sentisse meio idiota.
Eu sei que corei e fiquei vermelho igual a um tomate quando respondi que sim e ele sorriu, mas só então percebi que a bola maldita havia quebrado meu dente e ele provavelmente só estava achando muita graça daquilo.
Saí correndo da quadra com o coração na mão, com medo que alguém me visse com a porcaria do dente partido e espalhasse pra toda escola o que tinha acontecido comigo. Agradeci quando lembrei que era sexta-feira, então no sábado pela manhã meu pai me levou num dentista pra consertar aquele estrago, mas antes tratou de me xingar muito e dizer várias vezes o quanto eu era avoado e devia prestar mais atenção no mundo ao meu redor.
Mas aquilo parecia muito difícil naquele momento, porque o cara lá que me deu uma bolada na fuça era... meio bonitinho.
Ok, eu sei que não deveria pensar algo como assim, mas era mais forte do que eu!
Naquela noite eu dormi inquieto porque não parava de pensar no maldito e naquele sorriso que me deu e me deixou completamente desconsertado. Mesmo sabendo que estava rindo da minha desgraça, não pude deixar de perceber o quão bonito o sorriso dele era. E eu nem iria falar naqueles malditos olhos esverdeados e tão brilhantes!
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Querido Crush | {Johnlock}
FanfictionEle era hétero, e eu provavelmente gay. Um gay recém saído do armário que já começou tudo errado! Me apaixonar por alguém que não gostava de garotos e que decerto não estava nem aí pra mim foi a pior coisa que fiz em toda aquela minha porcaria de vi...