O Filho do Rei

Capítulo 1 - Lembranças -

        HOJE EM DIA, NINGUÉM MAIS SE LEMBRA COMO O MUNDO ERA BELO, NINGUÉM FALA das cachoeiras que desciam as montanhas, e pulavam dos morros desesperadas para se juntarem novamente abaixo nos lagos, como elas eram cristalinas.

Ninguém fala da fauna e nem da flora. Ninguém se lembra dos vários animais que foram extintos pelo o aquecimento global.

Até nós mesmos quase fomos extintos, por conta de nossa prepotência desgovernada, por conta do que um dia foi chamada de dinheiro.

Mais de que vale tudo isso hoje, nesta civilização nada disto mais importa, tantos cientistas brigavam com a religião para provar suas teorias que eram consideradas de conspiração, eles alegavam que o futuro seria tudo diferente, até existe robôs, até existe cura para quase todas as doenças. Eles falavam a verdade, não precisaríamos mais de petróleo, já temos uma fonte infinita de energia.

O sol.

O engraçado que sempre me faz rir. ― Olhei para a bíblia jogada em cima da cama. ― Eles tentaram provar que a religião estava errada e na verdade a religião acabou os derrotando.

Escutei a porta estralar e em seguida ser aberta levemente. ― Majestade, já está de pé? Seu pai o deseja ver.

― Diga a ele que estou terminando de me aprontar e sem seguida eu irei. ― Pensei o que seria que ele queria a esta hora da manhã.

― Está precisando de ajuda meu príncipe? ― Falara meu serviçal. Maroráh.

Eu não gosto de usar estas palavras que desmereça o trabalho dos criados, más meu pai fala que tem que ser assim, eles são de castas inferiores, e ficou decidido que a nova lei seria assim.

Existiam 5 castas, na sociedade de Saul. A quinta casta era a conhecida como a escoria da sociedade, era onde nascia os servos, escravos e outras profissões inferiores, eu não gosto de falar assim, mais a vida toda fui criado para pensar desta forma.

A quarta casta eram os comerciantes, educadores, a terceira casta dos indicados da coroa, duques, barões, viscondes e por aí vai e também eram as dos guerreiros, o exercito das ruas, o exercito da meia noite, a guarda da fé e o exercito do manto real.

Eles tinham funções bem diferente, más todos eram respeitados da mesma forma. Todos eram importantes, e a maioria queria entrar para as guardas, era uma das poucas formas de mudar de casta.

Ou você se casava com alguém de outra casta, ou você era condecorado pela a primeira frente do manto real, que eram o rei ou a rainha. Ou você poderia se inscrever para o processo anual das guardas. Cada um era totalmente diferente do outro. Cada guarda tinha seu próprio jeito de escolha. 

Mais este era uma das piores das escolhas por que se você não fosse apto para a guarda, se não fosse forte o bastante você morreria no processo, e se não morresse eles davam um jeito de acabar com a sua vida, e nós do manto real não poderíamos fazer nada, por que assim era a lei e já estava escrita a mais de 200 anos, desde a última grande guerra da fé.

A guarda era cheia de regras e muitas coisas eram revelados nos processos de seleção. Por isso que muitos quando não passavam, jamais poderiam voltar as suas castas anteriores, ou entrar em alguma outra.

A segunda casta, era a casta dos sacerdotes e os governantes da fé, esta era casta que as pessoas tinham mais medo. A sociedade era toda domada, pela a lei da fé. Era um sistema triste e miserável dependente.

Uma Matrix sem fim, mas como citei antes, os cientistas acabaram sendo derrotados e hoje só existe uma lei mais forte que todas, a fé.

Quase todos os dias tem um julgamento diferente, e a maioria nem é por um crime grave, como matar, roubar, a maioria dos julgamentos são mais por adultério, bruxaria, desonra da família, por conta de sexo antes do casamento e o pior crime, era quando eram pego os sexos iguais na mesma cama. Isto ficou decidido na lei. No passado tudo acontecia e ninguém se importava, de acordo que o tempo passava tudo ficava mais normal, os costumes mudavam de acordo com os escândalos cada vez mais frequente, e com os acontecimentos.

E como eu sei de tudo isso, já invadi a biblioteca do grande templo onde tem todos os livros, jornais sobre os tempos antigos e por algum motivo a guarda da fé protege esse local e ninguém pode entrar nem mesmo nós do manto real.

Apenas três sacerdotes entram neste lugar, o grande pai da fé, o pontífice das celebrações e o sacerdote da sabedoria, e mais ninguém muitos comentam que neste templo é onde eles escondem os grandes segredos do mundo antigo e eu acredito nisto, já li algumas coisas lá dentro que ninguém sabe e agora eu sei.

Pela as cidades existe várias bibliotecas mais pouco defasadas e desatualizadas, até mesmos os artistas sofrem censuras e todas suas obras, telas, peças passam pela a aprovação da guarda da fé.

Muitos tem medo, mais eu não tenho.

E a primeira casta eram a casta dos mantos reais, todos os que nasciam dentro da coroa e os descendentes até o último grau.

Esta era a casta dos governantes do continente, depois da grande guerra, o sistema de democracia foi derrubado, não era mais o governo do povo, ninguém mais se interessava pela a vontade do povo, a vontade do pecado, como a religião falava.

Foi decidido que seria apenas um rei e seus descendentes governariam até o fim dos tempos, desde que este escolhido fosse fiel aos princípios da fé, e a família escolhida foi a minha, tendo seu primeiro rei meu tataravô, o grande rei Mistiv que condenou quase 30.000 mil a pena de morte pelos os pecados da carne, e um grande rei só seria lembrado pelo o rastro de sangue nas suas mãos, quanto mais mortes ele tivesse pelos os pecados que a religião condenavam mais forte seria seu nome, meu pai já estava com quase 5.000, hoje em dia os tempos eram outros, as pessoas não cometiam tantos pecados como no início.

Não existia mais a palavra igreja, ou aqueles horrores de várias religiões, várias denominações, as 13 maiores fizeram um pacto, destruíram as menores e fundaram a grande religião real, logo após o fim da grande guerra. E hoje eles que estão no poder, a maioria dos reis apenas ficam de enfeite, por que todo mundo gosta de contos de fadas, com essa coisa de princesa e tal.

Mais a verdade é bem pior que isso. Muito pior.

Olhei no espelho e me encarei, vi o manto real espojado em cima do meu ombro, coloquei a coroa de pedras azuis e olhei dentro dos meus olhos azuis.

E enquanto eu olhava caiu a ficha, eu era o filho do rei, e mais cedo ou mais tarde, eu substituiria o meu pai.