Verdes Anos

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(Deve ler-se ao som de Verdes Anos, de Carlos Paredes, caso contrário, este poema será Verdade)

Verdes anos são aqueles
Em que pensar apenas é fechar os olhos
E adormecer,
Enquanto se sonha sonhos,
Sem trabalho
E sem querer.

Verdes anos são o Sol batendo nas searas
Na hora das seis.
E um olhar para a colina,
No passado, habitada por Reis.

Existir basta para completar.
E para ser completo,
Basta existir.

Saber viver e ser feliz
É ouvir dedilhados da guitarra portuguesa
Nada mais é
Senão não pensar,
À luz da vela da vida acesa.

Durar é ser, é existir, é ser feliz.
E isso basta...
Porque para se ser feliz,
Basta apenas acontecer
E saber que para se saber,
Tem apenas de não se querer saber.

E quando a noite cai,
Deve contar-se as estrelas,
Não cair com o que se pensa
Que as estrelas têm para contar.
Porque elas, à parte do seu brilho,
Nada têm para nos mostrar...

A beleza delas está no seu esquecimento.
E a sua beleza é morta se, por acaso, pela noite fora,
Eu me atrever a pensar, como me atrevo a durar...

Poemas de Vítor Silvestre Onde histórias criam vida. Descubra agora