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"Você não sente minha falta?" - Hui perguntou de forma dócil, passando o polegar direito sobre o lábio inferior do mais novo.  "Não sente falta da gente...?" - sorriu, observando os olhos do outro fugirem dos seus.
"Hui, pára, sério." - Hyo segurou o pulso erguido do outro garoto, afastando sua mão. "Isso não faz mais sentido..."
"A gente nunca fez sentido, Dawnie... E é por isso que estamos aqui, agora, assim." - pronunciou as palavras vagarosamente, encostando a ponta de seu nariz na bochecha do outro. "Eu sei que nós não estamos bem e, talvez, eu tenha me precipitado quanto ao término... Mas eu tive medo. Por você." - delicadamente, ele virou o rosto de Hyojong para si, aproximando seus lábios. "Eu posso suportar qualquer coisa, menos te ver sofrer. Principalmente se a culpa for minha." - suspirou demorado, fechando os olhos, sentindo a troca de calor entre os corpos.
"Você não achou que eu sofreria ao terminar comigo?" - os olhos do mais novo destilaram. "Porra... eu queria que as coisas melhorassem, não que elas acabassem, Hui." - sua voz pesou.
"Eu fui idiota, eu sei... Durante todo esse tempo. Mas, eu te amo." - reclinou-se ainda mais sobre o menor. "Eu preciso de você e eu não escondo isso. Posso estar com qualquer outra pessoa, mas é em você que eu sempre penso." - Hui penetrou os olhos pequenos de outro garoto, expressando tudo o que sentia. "Você é a única coisa que eu realmente preciso na vida." - finalizou, repousando os lábios sobre os de Hyojong.

O coração do mais novo parecia ter parado de bater.
Seu corpo descarregou toda a adrenalina retida, fazendo o estômago do mesmo arder.
Respirava sôfrego pela boca semiaberta, tentando controlar a entrada e saída de ar dos pulmões, afim de não engasgar.
A explosão e confusão de sentimentos que o simples toque do outro garoto o causavam, fazia-o estremecer por dentro.
Sua vontade era de ceder à ânsia daqueles lábios carnudos e sedentos pelos seus. De se entregar àquilo, à ele...

"Hui..." - sussurrou. "Me encontra na sala de audição daqui meia hora, por favor." - disse próximo ao ouvido do outro. "Aqui não vai dar..." - se afastou ligeiramente.
"Meia hora?" - os olhos do mais velho se arregalaram, esperançosos. "Dawnie..." - um sorriso largo e bobo preencheu seus lábios, fazendo-o corar. "Eu estarei lá!" - abraçou o outro subitamente.
"Espere por mim." - se desvencilhando do outro, Hyo puxou a toalha pendurada no gancho próximo a porta da cabine, saindo rápido do local, sem olhar para trás.
Hui mal podia se conter de felicidade e alívio por Hyojong ter relevado o que aconteceu, dando uma nova chance aos dois.

Ele correu até seu quarto, vestindo a primeira calça e blusa que encontrara no guarda-roupa. Borrifou quase o vidro de perfume inteiro em si e desabou sobre a cama.
Fitou o teto decorado com adesivos fluorescentes, sentindo-se decidido quanto à recomeçar com Hyojong.
Não adiantava tentar se enganar... O outro garoto fazia parte do que ele era.
Sem Hyo, nada era completo.

Exatos 22 minutos se passaram.
Hui caminhou em passos largos até o local combinado, afoito. Parou em frente a porta da sala com isolamento acústico, girando a maçaneta tremulamente. O local estava totalmente escuro. A única coisa que o iluminava era o feixe de luz vindo do corredor.
O garoto magro adentrou no ambiente, ficando próximo da porta, que o mesmo fechara, aguardando a chegada do outro.

Seu coração acelerava o ritmo das batidas conforme os minutos passavam.
Suas pernas estavam levemente dormentes, fixando o garoto no mesmo lugar.
Hui não podia falhar daquela vez.
Ele queria fazer tudo diferente.
Já prometera ao menor aquilo antes, mas, o sentimento era distinto agora.
Ele não podia e nem iria separar-se novamente de Hyojong.

Uma sombra cobriu a entrada de luz vinda de baixo da porta, enrijecendo os músculos de Hui, que esperava ansioso.
A porta abriu lentamente, iluminando a entrada do âmbito, fazendo o garoto de cabelos ainda úmidos cobrir os olhos com a mão.
Assim que ouviu o bater da porta se fechando, Hui puxou o outro corpo contra seu, beijando-o desesperadamente.
Suas mãos envolveram a nuca do outro com anseio, como se aquele momento fosse único, último.
Hui estava totalmente entregue.
Entorpecido.
Embriagado.
Extasiado...

... quando a porta se abrira uma segunda vez.

O garoto cessou imediatamente.
Olhando surpreendido as duas silhuetas paralisadas contra a luz, afastou-se da presença que dividia a sala escura com ele, absolutamente confuso.
Tateou a parede lateral, buscando o interruptor.
Assim que o ambiente se iluminou por completo, revelando cada um ali, o impacto...

"Shinwon?!" - exclamou Hyunggu.
"Kino?" - indagou Shinwon.
"Dawnie...?" - balbuciou Hui.
"Hui." - pronunciou Hyojong.

O garoto mais velho perdeu o equilíbrio do corpo instantaneamente.
Observou a feição de total decepção de Hyunggu, que não demorou à chorar, enquanto tentava se manter em pé.
Shinwon olhava para todos com os olhos perdidos, esforçando-se pra entender a situação.
Hyojong nem se mexia.

"Como você pode, Shinwon...?" - com as duas mãos sobre a boca, Hyunggu tentava conter a compulsão causada pelo choro iminente.
"Kino, eu..." - o mais alto andou em direção ao outro, ainda anestesiado. "... eu achei que era você. Quer dizer, você me enviou uma mensagem dizendo que estaria aqui..." - tentou se explicar. "O-o que tá rolando?" - perguntou, colocando as mãos sobre a cabeça, exprimindo o cenho.
"Dawnie..." - Hui não conseguia dizer outra coisa.
"Eu não acredito que isso tá acontecendo..." - nitidamente abalado, o mais novo se retirou apressado dali, ignorando Shinwon, que suplicara pra que ele o ouvisse.

Restaram apenas Hui e Hyojong, que se entreolhavam de formas desiguais.

O menor observava o outro, estático.
Seu semblante era frio e indiferente, como se não se importasse com o que acabara de acontecer.
Hui, por sua vez, recostava seu corpo débil na parede da sala, inexpressivo.

"Hyo... Foi você, não foi?" - perguntou fraco.
"Eu o quê?" - replicou.
"Você quem armou isso." - olhou em direção ao menor, sério.
Hyojong revirou os olhos, suspirando profundamente, encostando-se na porta com a lateral do corpo.
"É, fui eu." - desferiu.
"O quê?!!!" - bradou a voz, se desencostando da parede. "Como você pode afirmar assim, tão calmamente?" - questionara, aproximando-se do outro. "Caralho, Hyojong, você percebe a merda que fez?" - segurou firme no braço do outro garoto, empurrando-o para fora.
"E você percebeu que nem notou a diferença entre a minha boca e a do Shinwon?" - soltou-se bruscamente do  mais velho. "Você havia acabado de me beijar, Hui, e não percebeu que não era eu..." - sua voz começara à embargar. "Mas eu nem deveria me impressionar, afinal, você não reconheceu meu toque uma vez... Quem diria meu lábios." - a coriza que acompanhara o lacrimejar dos olhos, escorria do nariz do menor, fazendo-o avermelhar, adoentando seu semblante. "É exatamente disso que eu tô falando. Dessa porra de todo mundo ser igual a mim pra você!" - Hyo tentou parecer forte, mas a armadura começara a se desfazer...
"Não mude a situação, Dawn." - arqueou o tom de voz. "Você envolveu quem não tinha nada a ver com a nossa história... Você foi o filho da puta!" - espalmou a mão direita no peito do mais novo, arredando-o em direção ao corredor.
"Eles logo farão as pazes, Hui... Não são inseguros como nós dois." - agarrou o outro pela gola da camiseta amassada. "Dois bostas que só fingem se amar!" - num subito de força, Hyojong lançou o mais velho contra o chão, correndo logo em seguida na direção oposta, afastando-se o mais rápido possível daquilo que agora era seu passado.

Hui permaneceu no mesmo lugar.
Seu corpo já não respondia mais aos impulsos nervosos.
Seu coração havia se quebrado, enfim...

No resquício de energia que ainda sobrara, Hui entrelaçou as mãos, retirando a jóia cheia de significado do dedo indicador direito, lançando-a para longe.

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