O ensaio já terminara há muito.
Todos voltaram satisfeitos com o resultado de uma tarde inteira de trabalho.
Hyojong voltou para o prédio da empresa junto ao restante, em silêncio.
Seu olhar vagava perdido a paisagem que acompanhava o carro aonde estava. As luzes que começavam a iluminar a noite, faziam seus olhos pesarem, fazendo-os fecharem lentamente.
O garoto adormecia aos poucos conforme as lembranças invadiam sua mente.
O sentimento de perda insuprível, a cólica no estômago, a cefaléia que se instalara em sua cabeça... Toda aquela sensação de sentir-se sozinho mesmo estando rodeado de pessoas, de ter sido rejeitado, esquecido. Tudo aquilo, era novo para o garoto, que não sabia ainda com quais forças levantaria na manhã seguinte.[...]
01:45 da madrugada de quinta-feira.
Hyojong acordara do longo cochilo que havia tirado desde a hora que chegara do ensaio fotográfico.
O quarto estava silencioso e frio. Hongseok decidira passar a noite treinando, deixando o cômodo quase abandonado, já que a presença de Hyojong mal podia ser notada.
O menor levantou-se da cama aquecida, vestiu seu melhor agasalho e caminhou em passos lentos até à saída do edifício.
A noite estava sombria.
A brisa gelada acariciava o rosto soturno do garoto que andava sozinho pela calçada da rua.
Haviam poucos comércios ainda abertos aquela hora, um deles era uma lojinha de conveniências que ficava a duas quadras de onde Hyojong estava.
Chegando nela, o garoto foi direto à o corredor de bebidas quentes, procurando algo barato e forte."Quanto é esse?" - Hyo perguntou para o rapaz do caixa sobre o vinho de rótulo desconhecido.
"7000 won." - respondeu solicito. "Mas essa marca é péssima..." - avisou.
"Ótimo! Vou levar esse e uma garrafa de Soju." - entregou o recipiente de vidro que estava em suas mãos, aguardando que o rapaz trouxesse a outra bebida.
"Aqui está!" - passou rapidamente os itens no leitor do caixa. "Ao todo fica 12,500 won." - o garoto de uniforme amarelo e branco encarava Hyojong, esperando o pagamento.
"Valeu." - pegando a sacola de qualquer jeito, jogou o dinheiro sobre a esteira de alumínio da bancada, saindo antes que o outro agradecesse pela preferência na escolha.Assim que passou pela porta de vidro alaranjado do local, Hyojong abriu a película que revestia o bocal da garrafa com os dentes, apressado.
Respirou o aroma forte da bebida, que impregnara em suas narinas, dando um longo gole, em seguida.
O líquido destilado descera queimando sua garganta, como se estivesse engolindo brasa.
O impacto do álcool no organismo do garoto não demorou pra aparecer depois de metade da garrafa já ter sido ingerida.
Hyojong trançava as pernas enquanto caminhava de volta ao prédio. Ia se encostado nas paredes de dentro do local, afim de manter-se em pé.
Seus olhos estavam pequenos e avermelhados, sintomas iniciais da embriaguez.
O ambiente não tinha quase nenhuma iluminação, dificultando ainda mais que o garoto se orientasse."Merda..." - parou em frente a uma das portas do corredor. "Será que é essa?" - Hyojong tentava equilibrar seu corpo enquanto segurava na maçaneta de metal. "Porra, isso não abre!" - forçando sua entrada, o garoto dava fortes batidas na porta, resmungando sozinho no escuro.
"Ela não abre porque tá trancada, Hyojong." - uma voz calma emergiu. "Esse é o meu quarto. O seu fica do outro lado do corredor."
"Hui..." - o menor pronunciou o nome do mais velho com alívio, sem virar-se. "Eu preciso de ajuda."
"Tudo bem, vem aqui, eu te levo até lá." - Hui colocou o copo de leite morno no chão, segurando o outro garoto pelo braço e cintura. "Que cheiro de bebida barata, Hyojong... Nossa." - torcendo o nariz, o mais velho comentou em tom de repreensão.
"Desculpa..." - soluçou. "... mas a culpa é sua." - jogou todo o peso do corpo sobre o outro, movendo os pés na direção em que era guiado sem nenhuma coordenação motora.
"Não começa, por favor." - o maior andava pacientemente, levando o outro consigo.
"Mas é a verdade..." - pausou, encarando Hui. "Eu não conheço outra solução pra quando se quer esquecer alguma coisa... ou alguém."
Hui engoliu seco, permanecendo em silêncio.
"Eu sei que não é a hora certa pra isso, mas, eu preciso deixar claro que..." - antes que pudesse concluir a frase, Hyojong sentiu uma água salgada lavar sua garganta, causando ânsia. "Caralho, acho que eu vou vomitar." - colocou uma das mãos na boca rapidamente, se desvencilhando parcialmente do outro garoto.
"Calma, calma! Eu vou pegar alguma coisa pra você fazer isso dentro." - soltando cuidadosamente o menor, Hui olhou em volta buscando alguma coisa que pudesse servir para aquela situação. "Hah!" - assim que avistou o vaso de flor que decorava singelamente o corredor, o garoto afoito arrancou a muda de dentro sem qualquer delicadeza, levando o recipiente até o outro, que se contorcia no chão, tentando conter o líquido gástrico vindo do estômago.
"Aqui, aqui, aqui!"
Hyojong enfiou a cabeça quase por inteira dentro da vasilha de barro moldado, expelindo o suco verde de textura grossa do seu organismo.
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FanfictionSeria isso o começo e o fim de uma história de amor, ou justamente o contrário? [...]