Nightmare

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Camila POV



Muitas coisas se passaram em minha cabeça no mesmo instante, chegando a ser impossível de me controlar.

Eu poderia fazer drama, me comover, chorar, gritar..., mas não consegui proferir sequer uma palavra. Apenas apertei mais a mãozinha de Melany e a trouxe para mais perto de mim, quase a abraçando. Meus olhos eram incapazes de abandonar os de Lawrence, que ao notar nossa presença abaixou o celular e deixou que caísse no chão, causando um barulho estrondoso que me despertou para a realidade.

Lawrence estava falando com o doutor Andrew Brawn.

Falando sobre Melany.

Chamando-a de filha.

Dizendo que hoje era aniversário dela e por isso não deu a notícia ainda.

A notícia de que era o pai biológico dela.

Apesar de pasma, surpreendida e dilacerada por dentro, a sensação que mais se sobressaia era o enjoo que sentia de mim mesma, o mal-estar que vinha de meu estômago tomando todo meu corpo. Porque não suspeitei antes? Como pude ser tão tola a ponto de não notar como os dois eram parecidos? Como não perceber a mudança comportamental de Lawrence após ter ouvido minha história de vida? Deus... Fora lá que tudo começou! Quando ele me ouviu dizer sobre minha gravidez... De repente era outra pessoa. Como passou a olhar Melany... Com olhos ternos e apaixonados, mas de maneira fraternal. Como um pai.

Como. Como. Como.

Eram muitos "como" juntos, mas já estava explicado. A pergunta de Melany, as minhas inseguranças em relação a ele e seu comportamento estranho... Tudo explicado e sempre esteve em nosso rosto.

Melany: isso é verdade mamãe? Lawrence é mesmo meu pai? – larguei a mão dela brevemente e levei até minha barriga, que doía com o enjoo.

Camila: sim – mal percebi, mas meus olhos estavam cheios de lágrimas e as forças faltando. Olhei em direção a ela, depois a ele... Ambos me olhavam esperançosos – ele é seu pai – finalmente, consegui dizer às palavras que pensei que nunca diria – não é a verdade? – lancei a pergunta a Lawrence, vendo-o dar de ombros e assentir com a postura recolhida.

Lawrence: sim, é a verdade – completou com a mandíbula travada, contendo o choro também. Mal conseguia me olhar nos olhos.

Mel: eu não acredito em vocês – deu de ombros imaginando ser uma brincadeira – porque só me contaram agora?

Lawrence: porque acabamos de descobrir – aquilo foi mais para mim do que para ela, pude notar. Ameaçou andar em minha direção, mas dei um passo para trás – será que pode nos perdoar por isso?

Mel: mas é sério mesmo? – agora estava sorrindo de orelha a orelha. Para ela, tendo apenas sete anos, as coisas eram tão fáceis. Para ela, que não sabia de nada do mundo, no auge de sua inocência, perdoar era tão simples... Nada parecia compensar a felicidade de ter, finalmente, um pai.

Camila: sim – assim que falei, Mel voou para o colo de Lawrence e o abraçou com força, quase chorando também.

Mel: você é meu pai Lawrence! Meu pai! – quase gritou, choramingando – sabia que esse é o melhor presente de aniversário do mundo?

A forma como eles se olhava... Era felicidade demais para mim, que não sentia o mesmo, talvez sentisse, mas um tanto distorcidamente. Engoli o choro por todo o tempo, mas ao perceber que não conseguiria mais, passei a chorar e saí de lá os deixando a sós. O que me comprimia era a sensação mais estranha do mundo. Cheguei até a varanda da parte de trás e me sentei na cadeira de balanço chorando. Era impossível conter as lágrimas, impossível não sangrar pelo coração.

In The Name Of Love - Versão CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora