Capítulo 1

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  Hoje foi o dia mais triste da minha vida. Eu enterrei minha mamãe. As lágrimas caiam sem permissão em meu rosto enquanto eu olhava diretamente o lugar onde a algumas horas atrás enterraram mamãe. Ela dizia que o dia que ela partiria eu não deveria chorar nem ao mesmo ficar triste, mas é impossível quando se ama alguém e ela se vai. Te abandona.
  -Annabel! -A voz do meu pai interrompeu meus pensamentos.
  -Sim papai.
  -Temos que ir filha.
  -Eu não quero ir. Quero fical com a mamãe.
  -Não podemos filhinha. A mamãe se foi. Não podemos fazer mais nada. -Lágrimas rolavam por todo o seu rosto quando me puxou para seus braços.
  -Eu quelo a minha mamãe , papai.
  -Ela está num lugar melhor meu bem.
  -Pol que ela não levou a gente junto?
  -Ela não pode. -Eu não acreditei. Não queria acreditar.
  -Vamos naquele parquinho que você queria ir no mês passado?- Perguntou papai acariciando meus cabelos.
  -Eu quelo ir com a mamãe lá. - Lá estaria um monte de crianças brincando com suas mamães. E eu não queria isso. Pois minha mamãe não estava mais aqui.
  -Ela não está mais aqui Annabel. Ela se foi! -A voz dele saiu rude, como nunca havia falado comigo antes.
  -Aaaah. Me desculpe Bel. Mas você tem que entender que ela se foi, e não vai voltar.
  -Eu quelia tanto ela aqui comigo papai. -O abracei mais forte enquanto molhava suas roupas com minhas lágrimas quentes.
  Fomos ao parque que papai falou, passei o caminho todo até lá pensando como seria minha vida daqui para a frente. Eu não seria a mesma, eu não queria ser. Não iria chorar mais. Se pra continuar a viver eu precise conviver com essa dor, pelo menos não vou mais chorar e enterra-la no fundo do meu peito.
  -Chegamos! -A voz fingida de papai interrompeu o silêncio. Passei a observa-lo parecia sofrer, mas continuava com um sorriso no rosto, mas não chegava a seus olhos pois estavam repletos de água.     
   Papai percebendo meu desamino desceu do carro e abriu a porta para mim. Desci acompanhando papai que segurou minha mão e começou a andar pela calçada. Vi de longe o que eu não queria ver. Famílias felizes. "Feliz" o que eu não estava. Eles tinham tudo. Crianças tinhan seus papais com eles, seu papai e mamãe com eles. Brincando. E eu não teria minha mamãe para brincar comigo mais.
  -Vamos se anime! -Olhei para o homem a minha frente, papai sempre foi bonito, mas parecia cansado como se carregasse um peso nos ombros. Tentava me animar de todo jeito mas eu não quero nada dele. Quero minha mamãe aqui comigo.
  -Por que não vai brincar com elas? -Desviei minha atenção das crianças brincando no parquinho e olhei para ele.
  -Com elas? -Ele assentiu. -Não sei não. E se elas não quiselem blincar comigo? E eu não quelo blincar.
  -Vai lá Annabel tente se distrair. - Olhei para o papai e tentei sorrir o que não saiu mais que um sorriso estremamente forçado.
  -Tudo bem eu vou.
  -Eu viu sentar ali OK? -Apontou um banco não muito longe dali. Assenti e caminhei até perto das crianças que brincavam. Uma garota ruivinha e com o rosto cheio de sardas se aproximou de mim, parecia envergonhada e sorriu.
  -Quer brincar com... Com a gente? -Gaguejou.
  -Blincar de que?
  -Blincar? Que bebezinha! -Uma voz extremamente irritante gritou.
  -O que faz aqui pirralha? -Um garoto gordo menor que eu falou se aproximando.
  -Não te interessa. -Respondi tentando ser educada.
  -Vai embora não queremos você aqui. -Olhei para o lado e a garotinha de antes apenas abaixou a cabeça enquanto virei meu rosto para olhar a criatura do lado dela.
  -Você não manda em mim. Cliatura. -Falei. Nesse instante ele me empurrou para trás e eu cai de bunda no chão. Gritei por papai.
  -Papai! -Senti braços me levantarem olhei para quem me levantou, era papai.
  -O que aconteceu meu bem? -Olhei em vilta procurando o garoto e a garota e nada encontrei nem as outras crianças estavam mais lá.
  -Um menino ne delubou papai.
  -E onde ele está?
  -Saiu colendo. Não tá mais aqui.
  -Então vamos. Se machucou? -Falou passando a mão pelos meu bracos a procura de algum machucado.
  -Não papai. Só cai e me assustei, por isso gritei.
  -Ta bom filha. Vamos. -Segurou minha mão e começou a caminhar. Sentamos em um banco afastado dali e observamos o lugar. Até uma voz interromper.
  -Posso me sentar aqui? Ou está ocupado? -Virei e olhei para a mulher loira que estava ali do lado nos olhando.
  -Não pode se sentar. -Papai falou e a mulher murmurou um obrigado e se sentou do meu lado.
  -Como é seu nome garotinha? -A mulher perguntou depois de um tempo em silêncio. Nada repondi só a olhei.
  -Me desculpe por ela. Não estamos em um bom momento.
  -Oh me desculpe. Mas o que aconteceu? -Mulher intrometida. Logo engataram uma conversa sei lá sobre o que enquanto eu apenas observava o as nuvens acima de nós alheia à conversa.
  -Filha você quer?
  -Hã? -Perguntei confusa estava tão entretida olhando as nuvens que se destacavam no céu que nem percebi que haviam falado comigo.
  -Algodão doce filha. Não escutou quando falei?
  -Não. Desculpe.
  -Vou lá comprar para vocês. Fique aqui com a Verônica. Olhei para mulher ao meu lado que agora sabia seu nome. Verônica. Ela olhava de um jeito estranho para papai, não gostei dela.
  -Tá.
  -Tudo bem para mim. Vamos brincar Belzinha. -Falou. Odeio que coloquem meu nome no diminutivo e ainda por cima com uma voz dessa. Mas nada falei apenas concordei.
  -OK. Vamos.
  Papai saiu e eu fiquei olhando para a Verônica esperando ela falar ou fazer alguma coisa.
  -Vamos Belzinha. -Agarrou minha mão e saiu me arrastando em direção aos balanços.
  -Senta ai. Vou te balançar. -Sentei em um dos balanços e ela me balançou de qualquer jeito. 
  -OK. Já tá bom não é? -Parou de me balançar e se sentou no balanço do meu lado.
  -Me balança agora Belzinha. -Por que eu estava obedecendo ela? Não sei apenas não seria legal papai chegar e ver eu sendo mal educada com ela. A balancei um pouco até ela me interromper.
  -Chega Belzinha pode parar. -Continuei atrás dela. Não queria ver sua cara.
  -Sua mamãe morreu não é Belzinha? - Parecia estar sorrindo. Senti um nó na garganta.
  -Sim. Ela se foi. -Falei baixo.
  -Uma pena. Mas pelo que seu pai me contou você é uma criança muito má Belzinha. Você deixou sua mamãe morrer. -Meu coração começou a bater forte milhares de pensamentos invadiram minha mente.
  -Eu... Não... -Derrepente uma ideia surgiu em minha mente. Sem pensar em mais nada eu puxei a corrente do balanço e enrolei o pescoço de Verônica rapidamente. Os olhos da mulher estavam arregalados, respiração presa na garganta enquanto esperava angustiada o seu fim, sorri enquanto minhas mãos estavam segurando a corrente em volta do pescoço da Verônica.
  -Mamãe disse que é feio mentir pala os outlos. -Apertei ainda mais a corrente.
  -Você disse que ia blinca comigo e não blincou, mentiu! -Senti lágrimas em meus olhos e tenho quase certeza que nublaram enquanto olhava para ela atentamente.
  -Por isso vou te castigar! Vai pala onde as pessoas más vão. -Assim que proferi as palavras apertei as corrente de uma vez fazendo a mulher arregalar os olhos e arfar. Pela última vez.

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⏰ Última atualização: Mar 24, 2017 ⏰

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