Capítulo 9

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Foi horrível.

Ter que abandonar Sugar de novo. Ter que deixar meus pais, meus amigos, meu irmãozinho. Até meu cachorro.

Se ela não me quis antes. Por que queria agora?

— Eu te juro, Sereia, que antes de seu aniversário de 14 anos você vai estar de volta. — meu pai falava.

Sugar ficou mal. Bem mal. Não que ele demonstrasse. Mas eu sabia. Ele passava noites em claro compondo músicas. Estava cada vez mais distraído. Mesmo assim, ele passava todos os dias comigo. O tempo todo.

Isso, até o dia que ela veio me buscar. Ela ainda era a mesma de antes. Os mesmos longos cabelos negros ondulados, os mesmos olhos castanhos duros que pareciam me julgar.

Dessa vez, a despedida foi um pouco melhor, já que sabíamos que naquele mesmo ano iriamos nos ver e podíamos nos falar por vídeo ou por mensagem quando bem quisermos. Dessa vez, Sugar deixou comigo uma pulseira que ele amava. Ele ficou com meu cachorro.

A viagem foi horrível. Muito longa. Paramos na França para trocar de avião.

Quase não conversamos, eu ficava ouvindo música e ela não parecia interessada em falar comigo. Acho que a maior conversa que tivemos foi quando ela me perguntou sobre meus "talentos", isso na cabeça dela significava quantas línguas eu falava, quais instrumentos tocava e quais danças dominava.

Ao chegarmos ao Brasil, um casal com uma garotinha estavam a nossa espera. Eram coreanos, eu tinha certeza, e pareciam gentis. A garotinha sorria bastante, não deveria ter mais de 8 anos, tinha cabelo castanho claro e olhos mais escuros.

— Eu ainda não acredito que você foi capaz de fazer isso, Geovanna — a mulher fala em português com um leve sotaque coreano parecendo irritada — você separou sua própria filha da família dela depois de ter abandonado a pobre garotinha e traz para um país que ela nem deve entender o idioma.

— Eu sou a família dela — minha mãe responde no mesmo idioma — tenho todo direito de querer passar um tempo com ela — seu sorriso fica maior ainda — e para sua informação, ela fala português fluente. Assim como coreano, inglês e italiano.

— Oi — a garotinha chama minha atenção, para minha sorte, falava em coreano, não que eu não fosse fluente como minha mãe disse — me chamo Myo Soo-Yun e tenho 8 anos.

— Katherine — respondo, fiquei feliz de poder falar em coreano com alguém — mas me chame de Kath.

— Okay — sorriu de novo fazendo seus olhinhos sumirem.

Ela me lembrava de meu irmãozinho. Acho que posso sobreviver esse ano.

Acabou que eu fiquei morando com eles, pois minha mãe viajava demais para ficar comigo. 'Pra que ela me trouxe se não ia ficar comigo, então?' Eu me perguntava. Mais tarde descobriria que foi por causa de sua inveja e pela vontade de se gabar para todos sobre o quão talentosa sua filha era.

Os Myo eram uma família legal. O appa era engraçado, a omma era parecida com a minha omma Sook, e Sooy, como passei a chamar minha nova amiga, era muito legal. Era extremamente sorridente e talentosa.

Fui matriculada em uma escola com forte programa de artes, na mesma que Sooy. Ela fazia dança também, com ballet clássico como principal, e tocava violão, eu continuei com as mesmas danças e instrumentos que já tocava, adicionando somente o baixo.

Spring Day - Min YoongiOnde histórias criam vida. Descubra agora