Chapter One

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Dean demorou um tempo para processar toda aquela história de eu ser filha de seu irmão. Eu, em particularmente, não acreditaria em uma garotinha loira de 16 anos, que dizia ser filha de meu irmão. O problema era, ele pensava que eu estava mentindo, chegou até sussurrar algumas vezes "Cristo", e basicamente eu não entendia o porque dele estar fazendo aquilo. Castiel, o tal anjo, me explicou algumas coisas sobre Dean e Sam Winchester, e se quer saber, eu estava assustada, mas não ao ponto de desistir de meu pai. Vez ou outra, o Winchester mais velho olhava pra mim, e parecia tentar se lembrar de alguém, mas, obviamente, era uma tentativa falha. Ele não conheceu e nem conheceria Carolina, ela estava morta.

Contar para Dean Winchester sobre mim não foi uma tarefa fácil, ele me interrompia a todo momento. Quando disse que terminei o colegial, ele pareceu não acreditar, e fez milhares de perguntas. Eu não tinha todas as respostas, assim como ele também não tinha para minhas perguntas. Contei sobre a história de minha mãe, do envolvimento dela com Sam, e como ela acabou morrendo. Ele não acreditava, e eu sentia. Castiel, ou "Cas" — como Dean dizia —, confirmou diversas vezes que eu estava falando a verdade, e que nunca mentiria com algo tão sério. Disso ele estava absolutamente certo. Era uma garota muito centrada e séria, não perdia meu tempo com coisas fúteis, e nem com mentiras tolas que não me levariam a lugar algum. Quando o Winchester pareceu estar acreditando, o anjo disse que ele teria que me contar tudo. Dean não queria me explicar toda aquela história de caçadores e coisas sobrenaturais, mas acabou contando tudo.

Assim como ele demorou para processar minha história, eu demorei para digerir a dele. Tudo aquilo parecia tão irrealista, mas segundo Castiel, Dean não mentiria em relação a aquele assunto. Cheguei até pensar que o Winchester seria um cara extremamente sério, mas acabei me deparando com um maluco que dizia ser o Batman.

— Você não tem nada de Sam — disse ele dando uma fitada para meus olhos azuis.

— Sou uma cópia mais nova de minha mãe.

Em particularmente, eu não tinha nada de Sam Winchester. Era loira, pálida, com olhos azuis e com o nariz de mamãe. Qualquer pessoa diria que eu não era filha dele, mas em minhas veias corria o sangue de um caçador.

— Dean, eu preciso ir. Tenho um trabalho a fazer — Castiel se levantou. O Winchester olhou pra ele com os olhos arregalados. — O que foi?

— Vai... vai deixar ela aqui?

— Sim — disse simples e sumiu.

Dean olhou pra mim como se quisesse começar uma conversa, mas não sabendo o que falar. Ficamos uns bons cinco minutos sentados quietos, até ele perguntar minha idade.

— 16 — respondi olhando o potinho de torta na mesa. — Existem muitas tortas por aqui, não?

— E eu pensando que aquele alce estava em um relacionamento sério com os estudos... — ele riu. — Ele estava bêbado, transando, teve uma filha. O que mais ele fez, hein?

— Pergunte ao "alce" — reviro os olhos.

Dean se levantou pegando o potinho de torta e comeu todo o conteúdo que havia dentro.

— Eu estou com fome — reclamei.

— Tem um resto de macarrão da geladeira, é só esquentar e colocar pra dentro — ele sorriu sarcástico e se sentou na mesa, começou a folear alguns papéis. — Não vai la comer? Foi seu papai que fez.

Não fiz absolutamente nada, fiquei ali, gostava de irritar pessoas. Fiquei por uns bons minutos o olhando, e posso jurar que o Winchester me olhava disfarçadamente uma vez ou outra.

— Por que está me olhando? — ele finalmente perguntou, não tirando os olhos dos papéis.

— É que você parece o personagem de um filme que ja vi... — tiro sarro.

— Hmmmm.... então, eu era quem estava atuando no filme.

— Alex de Madagascar — arqueio a sobrancelha dando um sorriso de vitória. — Muito parecido, não?

Ele olhou pra mim com um olhar mortal, mentiria se dissesse que não senti medo, mas logo saiu uma risada baixa de sua boca. Dean voltou sua total concentração no que via.

— O que está vendo? — perguntei.

Sem resposta.

Me levantei e andei pelo local, o que essa "faca da Ruby" faz? Resolvi perguntar.

— Qual o poder disso? — apontei pra faca que tinha uma aparência comum. Uma curva, serrilhada a gumes e um cabo de madeira. — Porque disse que é sua?

— Porque ela é minha... na verdade está comigo e Sam, mas ja foi usada por outras pessoas, inclusive pela dona. Ou ex-dona, como preferir — ele deixou os papéis de lado e virou sua atenção a menor. — Mata coisas que você não vai querer saber.

— Aonde está a dona? Quem era?

— No inferno. Ruby, oras — riu fraco. — Mas se preferir pode chamar de "a lamina antiga do curdos", "lamina de curdos", Segundo Henry Winchester.

— Quem é esse? Seu pai? — minha curiosidade era grande.

— Não. Avô paterno, resumindo, seu bisavô.

— Me conte sobre a família? — me sentei novamente.

— Charlie — ele sorriu ao dizer meu nome, talvez alguém especial tivesse o mesmo nome que eu, e o fazia lembrar. — Sam deve te contar essas coisas, não eu. Mas caso queira saber algo da família, sua avó era Mary e seu avô era John. Ambos não estão vivos.

— Por que pessoas morrem, tio Dean? — ele riu ao ouvir do que o chamei. — Porque nossa família?

— Charlie... — ele se levantou. — Porque não vai ver um filme? Assitir uma série, hein? Eu vou esquentar o macarrão pra você não passar fome e seu pai dizer "você deixou minha filha passar fome, Dean?" — ele riu fraco.

— Posso assistir Pretty little liars em seu notebook?

— Ah... p-pode — fiquei desconfiada com esse gaguejar, mas apenas disse um "obrigada", e fui assistir série.

Em menos de vinte minutos, o Winchester voltou com dois pratos, uma cerveja e um copo de coca-cola. Dei pausa.

— Quer assistir comigo? — ele assentiu, mas deduzi que era porque ele não tinha nada de melhor pra fazer.

Dean não estava entendendo nada, então o apresentei a série com primeiro capítulo, óbvio. Ele disse não era algo que fazia seu tipo, mas que era "legalzinha".

— Só me diga que shippa Ezria — ri.

— Seja la o que for isso, é isso ai — sua risada contagiou o lugar. — O cara mais velho e garota mais nova.

— Não vejo problema em idade... afinal, se você gosta, você pode cuidar, estar junto — digo, e mais uma vez ele fita meus olhos.

— "Se você gosta, você pode cuidar, estar junto" — ele repetiu minhas palavras. Apenas fiquei em silêncio, e recebi um beijo na testa do Winchester. — Boa noite, Charlie.

Ele se levantou e subiu para o quarto.

A Big ProblemOnde histórias criam vida. Descubra agora