Noite de sangue.

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Era uma noite de novembro quando tudo aconteceu, eu podia sentir o cheiro de sangue no ar, o odor de medo exalando dos meus companheiros, uma dor insuportável no peito, o pior estava por vir, aquela besta estava sedenta, diria até que FAMINTA por sangue, ela estava acabando com todos que apareciam em sua frente, dilacerando suas gargantas, abrindo corpos com sua garra, por onde eu e minha equipe passávamos, só víamos os corpos rasgados, abertos pelo chão, teto, tudo que era metro quadrado das salas em que fazíamos avanço, todos que estavam no presídio observavam aterrorizados o que estava acontecendo, todos nós estávamos com a adrenalina em alta, que tipo de besta estaríamos prestes a enfrentar? Ao chegar na cela especial, a famosa solitária, a cela que achávamos ser mais segura, impenetrável, não para a besta, que conseguiu invadi-la facilmente, fazendo parecer que os portões da cela eram feitos de papel. Quando entramos na cela, sabíamos que ela estava na cela, estávamos prontos para agir, até a silhueta dela aparecer, aí que o medo tomou conta de nossos corpos. Estáticos, não conseguíamos nos mexer de tanto medo, alguns começaram a atirar em direção a sombra,o que não foi muito efetivo, os outros policiais começaram a recitar mantras, rezar, eu conseguia perceber o desespero de todos, então consegui me controlar, enquanto alguns já estavam esperando ter uma morte rápida, sem muita dor. A besta passou pela gente, tão rápido que nem pudemos ver por onde ela foi, mas ela continuou fazendo uma limpeza pelo presídio, o que facilitou a perseguição da besta, cheguei a sentir pena dos "sortudos" que estavam nas celas, o gritos dos presos ecoavam por todo o presídio, a gente atirava e nada da besta recuar... Então, ao finalizar o último preso, ela começou a andar  em nossa direção, nessa hora a única coisa que consegui fazer foi correr, alguns me acompanharam, enquanto os outros continuaram estáticos, aceitando a morte. Enquanto eu corria, continuava ouvindo o som dos gritos, dessa vez, dos meus companheiros, meu coração apertou mais ainda em pensar na família deles, nas filhas e filhos que eles tinham, se eu sobrevivesse eu não saberia como dar a notícia para os familiares de todos. Ao chegar perto da saída, vi o vulto negro passando, não tinha visto a besta direito, pois estava muito escuro, só conseguia ver os olhos negros dela, mas, quando a mesma parou em minha frente e o refletor o iluminou... Era enorme, um lobo enorme, garras gigantes, dentes pontiagudos, músculos grandes, sem sombra de dúvidas, era um lobisomem. Nessa hora eu comecei a rezar por minha alma, pedir perdão pelos meus pecados, estava delirando... Por um momento eu tava já vendo os flashes de minha vida, as férias na praia de Copacabana, a viagem até a Europa, aquela loira maravilhosa que eu namorei aos 16, minha infância, ah, que vida maravilhosa eu tive, então, o lobo fez um movimento e eu pensei, "é agora que eu vou ser estripado", fechei os olhos esperando o pior, mas não, ele apenas se aproximou, eu conseguia  sentir a respiração da besta, então ela falou:
- Você não está com medo?

Aquela voz me deu calafrios, quase infarto na hora, como a besta podia saber que eu não estava com medo? Então eu disse:

- Na... Não estou, devo dizer que até agora pouco eu estava me cagando de medo, afinal, todos estavam sendo mortos por você, agora estou preparado para morrer, tive uma vida muito feliz até hoje, apesar de ser jovem, o que eu vivi até o dia de hoje, me faz morrer sem arrependimentos.

A besta se afastou um pouco mais e começou a rir, fiquei sem entender, será que ela vai me matar agora? Será que ela vai me torturar? Eu só conseguia pensar nisso.

- Você é engraçado. Ela disse.

Então, se recompondo, ela se afastou um pouco mais, indo em direção da sombra, fugindo completamente das minha visão, eu podia ouvir de longe o som de ossos se quebrando, partindo, eu não sabia o que estava acontecendo, será que ali tinha outro corpo que ela havia detonado? Estava fazendo um lanchinho antes de cair de boca no prato principal? Logo após os sons pararem, uma silhueta humana começou a surgir em meio as sombras, e foi caminhando em direção a luz, era uma mulher, uma linda morena, cabelos longos, traços determinados, nariz pontudo, peitos fartos, era uma bela mulher, diria até que se participasse do miss universe, poderia ganhar o prêmio . Ela caminhou em minha direção, com um sorriso no canto do rosto e então falou :

- Gostei de você, humano.

Logo após isso, suas unhas se transformaram em garras e ela enfiou as na direção do meu coração e a última coisa que eu lembro ter visto foi o pé dela.

A História De Um Lobo.Onde histórias criam vida. Descubra agora