Capítulo 3 - Meu primeiro Julgamento -

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OS JULGAMENTOS ERAM ALGO MUITO SIMPLES, OS RÉUS QUASE NUNCA FALAVAM, APENAS recebiam a pena, o que deixava tudo muito chato, acho que já que cometeram um crime que eu acho que não é crime, deveriam ter apenas um julgamento justo, sem já ter pena decretada.

Mais eu também nunca poderia fazer muita coisa, diferente do que já temos hoje, para sempre seria tudo, tudo que já é. Isto seria uma pena.

Pena! Era o que aconteceria daqui a pouco. "Pena de morte". Pensei e a pena que eu sentira, e pior ainda era a culpa, por que eu que decretaria o fim da existência de um ser.

Era horrível, eu nem se quer ainda sabia quem era o réu, e qual o crime cometido. Não saber de nada é ainda pior.

Ao lado como falei já estava sentado todo o conselho, todos cobertos por um manto vermelho, preso no ombro com o broche da minha família, e do outro lado estava todo o corpo da Grande Religião, avistei cinco deles.

Tem mais deles aqui do que qualquer outra coisa, um ao lado do meu pai, cinco deles, na lateral e mais um no conselho.

Mesmo que esse pobre pecador fosse inocente, ele não sairia vivo daqui. Os sacerdotes é como se eles, mantivessem o fogo do medo aceso o tempo inteiro nas pessoas, para mostrar que eles fazem o que querem.

Tentei não pensar mais nisso. Algo me assustou bem do meu lado estava a figura mais temida de hoje, era o carrasco, sua cabeça estava coberto por uma mascara de sorriso branca, e um grande manto cobrindo todo o seu corpo, luvas de couro pretas cobriam suas mãos, seus olhos me davam medo.

O que achei estranho era que este de hoje era diferente do último que avistei, este era mais baixo e mais magro, na verdade tinha duas vezes o tamanho menor do outro. E o detalhe mais estranho é que eu parecia conhecer aqueles olhos. Senti uma energia estranha quando olhei para eles.

Tentei esquecer.

Afastei meus pensamentos o mais longe possível, tentei na verdade esvaziar minha mente e pensar no que eu deveria falar, lembrar dos ensinamentos e falar para todos escutarem e depois me aplaudir por defender os ensinamentos da Grande Religião.

Um dos sacerdotes se levantou, um microfone subiu do chão e ficando da altura do sacerdote, era como se já estivesse ensaiado, sem nem um erro. Após alguns segundos escuto sua voz boborizar.

― Sociedade de Saul, a muito tempo não vimos algo desta proporção, um crime bárbaro contra a nossa Grande Doutrina, e um crime tão grande não pode passar despercebido.

As pessoas continuavam gritando.

― Hoje daremos pena de morte para um cafetão. ― Neste momento as pessoas, ficaram caladas. ― Sim, um aliciador de homens e mulheres, ele tinha um prostíbulo, que tinha homens e mulheres. O sacerdócio quando descobriu isto, mandamos a guarda da fé para prendê-los todos, mais alguém deu com a linguá nos dentes e contou sobre o plano, mais ninguém precisa se preocupar, estamos descobrindo quem foi o traidor.

Pensei comigo mesmo, alguém dentro da própria Grande Religião falou. Tentei prestar o máximo de atenção nas palavras do Sacerdote.

― Quase todos haviam fugido, restou apenas o aliciador e uma puta e mais outro prostituto, ambos vendiam seus corpos para outros. E o pior de tudo era o jovem que vendia seu corpo para outros homens ricos do continente.

Houve uma grande algazarra. Um barulho infernal, gritos, toda a multidão gritavam coisas como, "pecadores, matam eles, mortes para eles". E aí por diante.

― Que entrem os pecadores. ― Gritara o sacerdote.

Os portões do final da via se abriram e os três estavam andando na via, eles seguiam a pé, enquanto eles andavam, as pessoas xingavam de tudo quanto eram nomes, jogavam frutas, pedras e copiam.

― Imundos. ― Gritara um homem.

― Pecadora. ― Gritou outra mulher.

― Devem morrer. ― Gritou outros, e quanto mais eles seguiam mais gritos, mais coisas eram arremessadas.

A coisa mais surpreendente que achei foi quando percebi que todos eles andavam pelados, a mulher e o homem mais gordo cobriam as suas partes intimas, outro homem o mais forte parecia não ter vergonha e em vez de cobrir sua genitália, tentava cobrir sua face com as mãos que estava algemadas, talvez estivesse com vergonha dos seus familiares.

Quanto mais eles caminhavam mais eram recriminados. A mulher estava com a cabeça sangrando, escorria sangue pelo o seu rosto.

O Grande Sacerdote gritara alto o suficiente para que todos escutassem. ― Estão com vergonha agora, seus imundos, deveriam ter vergonha de ter pecado contra as leis do novo mundo, contra a Grande Religião, contra a todos os indivíduos, contra aos bons costumes. Bando de vermes.

Ao fim das palavras do Sacerdote, eles já estava alguns metros de mim, na frente dos degraus.

― Tragam-nos! ― Gritou meu pai.

Ele estava de pé, esperando os três pecadores.

Enquanto eles subiam os degraus eu não pude deixar de olhar foi mais forte que eu. Nunca vi ninguém pelado exceto eu mesmo. Nunca vi uma mulher pelada e nem tão pouco outro homem, observei bem aquele homem mais forte, ele era.

Ele era, ele era. Um espetáculo pensei por fim. Eu não podia me dá o luxo de pensar desta forma, esses pensamentos e esses desejos, se alguém soubesse eu poderia está ali juntamente deles.

Mais não me preocupei, meus pensamentos era o lugar mais seguro neste momento e em qualquer outro. Em quanto aquele homem andava, eu observei e desenhei seu corpo com os olhos, observei bem aquela parte que me fez pensar coisas horrendas.

Ele era lindo. Não apenas ele, mais ela também, seu cabelo era enorme, seios fartos, pele branquinha, mais eu não olhei muito, preferir olhar o homem mais forte, sua pele também era branca como leite, seu corpo musculoso, por fim ele retirou as mãos dos olhos e eu pude olhar dentro deles.

Nossa! Que olhos lindos, seus cabelos eram espetados como se estivesse posto gel e bem loiros, iguais o meu.

Por um segundo pensei, e se fosse eu, meu pai mandaria matar-me, como meu Tataravô fizera com o próprio filho?

Tentei afastar esses pensamentos sórdidos de mim.

De tanto olhar pra eles, senti meu corpo se enfurecer de ódio, e quase gritei. ― Vistam-nos, ninguém precisa ver ninguém pelado para saber que eles pecaram. Tem crianças, senhoras, e eles não precisam ver esta pouca vergonha. ― Eu tinha que falar alguma coisa, mais na verdade eu ainda queria ver eles pelados. Exceto o velho gordo barrigudo e com pinto branco e minúsculo.

― Meu filho tem razão ninguém precisa ver esta barbaridade. Tragam algum coisa para esses pecadores, ponham um manto, menos vermelho. Vermelho é cor de nosso continente, e eles desonram tudo que acreditamos. ― Esta era a primeira vez que meu pai tinha me dado razão, e ainda mais em público. Ele me olhou com orgulho e eu ignorei por fim.

O Filho do ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora