Harry's Girl

Now Or Never!

Nos dias que se seguiram me ocupei de todas as maneiras possíveis com a minha partida, e de noite eu chorava. Abafando os sons dos soluços para não acordar os meus irmãos no quarto.Paris seria um recomeço, eu me despia de quem eu era aos poucos, me transformando com as decisões e o caminho desconhecido a frente.Era a minha chance, talvez a única em toda a vida, de fazer diferença, ser alguém. E era ele quem me dava aquele par de asas. Harry Styles.

A despedida não foi tão triste quanto imaginei, mas estava subentendido para todos nós, tanto a minha mãe quanto irmãos que aquilo era algo melhor. Eu dava adeus a minha vida de sofrimentos.

Viajamos a noite, sentei-me de frente para o empresário dos garotos  e ele ficou me olhando de cara feia a viajem inteira, Harry estava ao meu lado e do outro um dos outros meninos, o mais moreno com uma barba rala, ele parecia interessado em saber mais sobre mim, conversamos durante a viajem toda.

Chegamos em Paris a noite, e a cidade era uma confusão caótica de bares e jovens, prédios antigos e ruas estreitas. Logo depois de deixarmos o local do desembarque corremos para uma van, felizmente só ouvi os gritos das meninas. Depois o motorista seguiu habilmente por várias ruas, ninguém parecia especialmente preocupado com a vista como eu, todos estavam ocupados com os celulares na mão. Respirei fundo e abri um pouco o vidro respirando o ar de fora. O ar de Paris era mais leve e mais quente quase puro.

Depois de algumas quadras passamos por uma guarida em que o motorista se identificou e entramos em um condomínio de luxo, cada casa era maior que um shopping inteiro, eles continuavam todos ocupados enquanto eu saboreava a vista totalmente sem fôlego.

Ouvi então o som de uma risada grave.

- Você parece entretida.- Zayn disse, achando graça da minha expressão de garota pobre. Os outros continuavam em seus celulares mas vi Harry lançando um olhar rápido para nós.

Assenti.

-Isso com certeza é um show pra mim.- respondi encontrando seus olhos negros, incrivelmente eu não conseguia diferenciar nada em seus olhos, era tudo sempre plano e incrivelmente escuro, havia apenas um leve brilho quando ele sorria mas era a luz de fora sendo refletida em seu olhar.

-Eu entendo, eu não era exatamente um cara rico então pode ter certeza que eu entendo.- ele disse por fim voltando o olhar para a tela.

A mansão alugada dos garotos era a sétima na rua, uma casa gigantesca pintada de creme, todas as portas e janelas eram de madeira e vidro, mesmo sendo exagerada era ao mesmo tempo clara e aconchegante. Os garotos saíram apressados com seu empresário guiando-os, fiquei para trás junto com os motoristas, peguei a minha mala e tentei ajudar os empregados um pouco mas era tudo muito pesado.

Fiquei parada então na  entrada da casa sem saber o que fazer, segurando a minha pequena mala preta imersa em um pequeno conflito eu colocava o pé direito pra dentro e depois tirava,  colocava novamente e dava impulso mas recuava.

Mais uma vez ouvi uma risada grave, levantei o olhar era Zayn.

-Vai ficar ai a noite toda?- ele perguntou.

-Ah....- arfei- Não, eu...

Ele terminou de descer as escadas e puxou o me braço trazendo-me para o sofá.

- Eu vou dar uma saída, fica a vontade.- ele disse mas ainda rindo.

Assenti, enquanto ele saia, logo depois ouvi o som da moto na garagem.

Estava mais uma vez sozinha, a sala era minimalista e grande demais para a quantidade de móveis deixando espaço para acústica. Minha voz ecoava, não parecia haver ninguém.

Esperei então,no pulso o relógio marcava... 10, 20, 30 minutos.

Eu já estava distraída  com as minhas cutículas e o comprimento das unhas quando o um som pesado de passos começou na escada, levantei novamente o olhar e vi o empresário dos meninos. A essa altura eu já sabia o nome do senhor. Era Simon, sempre com um par de óculos dos anos 60 remexendo o maço de cigarros Hollywood no bolso.

-Hey.... Grande Pedra?

-O que? Eu?

Ele assentiu.

-Me segue, eu vou te mostrar o seu lugar.

Assenti, pegando a malinha e indo na mesma direção dele.

Depois de contornar alguns corredores, percebi que estávamos na cozinha, atrás dela havia uma porta que levava a três quartos. 

-Toma...- ele me deu uma pequena chave- o seu é o segundo, boa noite.

-Boa Noite.- respondi para as costas dele.

Olhei ao redor e abri a portinha.

O quarto número dois era pequeno se comparado a todo o resto da casa, uma cama, uma cômoda, um banheiro e uma televisão, bem... minimalista.

Tomei banho e desfiz as malas, nada era melhor do que descansar. Infelizmente não pude dormir tão facilmente, fiquei repassando mentalmente todo o meu dia, e quando o sonho me pegou fui sumindo, pouco a pouco descendo, desligando-me completamente.