Senti que meu corpo estava embaixo de algo macio quando acordei, senti também que alguém me abraçava e mantinha os braços envolta dos meus ombros. Virei minha cabeça para o lado e esfreguei meu nariz no braço desse alguém sugando o cheiro que não conseguir sentir. Estava sentindo frio, mas tinha algo me protegendo, como uma manta envolta de mim e mais os braços desse alguém. Também escutava vozes baixas, vozes femininas e muito fracas, depois uma mais grave e rouca. O som dela me acordou de uma vez e eu reconheci o lugar na hora que olhei para a janela, estava de noite e escuro na sala onde estava. Tentei me levantar do abraço dele mas sentir minhas costas doerem e minha cabeça latejar me obrigando a apertar os olhos pela dor.
-calma
Pediu a voz mais grave, depois sentir sua respiração bater na minha cabeça e eu virei mais ainda meu rosto até encarar o dele. Estranhamente seus olhos estavam carinhosos me dando nojo, fiz uma careta tirando meus braços que estavam embaixo daquela manta e pegando suas mãos envolta da minha barriga tirando-as de lá. Me sentei no sofá longe dele e pisquei algumas vezes esperando a tontura passar, depois veio a dor de cabeça. Passei a mão no meu cabelo tirando ele do meu rosto e encarei as duas sentadas no outro sofá me observando, ambas preocupadas falsamente me dando nojo também. Não tive forças para levantar e ir em cima delas de novo, principalmente essa vadia que acertou minha cabeça com um troço.
-Miah...
Chamou tendo minha atenção mas eu ignorei depois olhando para o chão, encarei meu pai e vi que ele estava preocupado comigo também. Me levantei ainda tonta perdendo o equilíbrio quase caindo, mas ele me ajudou segurando meu braço e minha cintura me mantendo em pé. Eu aceitei sua ajuda mas não disse nada, passei um braço por trás dele e encostei minha cabeça no seu ombro enquanto andava para seu quarto com passos lentos.
-não quero elas aqui
Disse baixo virando meu rosto para seu lado e olhei as duas lá atrás ainda sentadas. Ele não respondeu nada e me ajudou a deitar na sua cama colocando um travesseiro do lado da minha cabeça e outro do meu lado. Ele se sentou na cama também e respirou fundo com o olhar triste dirigido à mim. Eu retribuir uma careta de novo, mas deixei ele fazer carinho no meu rosto arrumando as mechas de cabelo que estavam na minha testa.
-pai... Ela fez isso comigo
Levantei meu braço mostrando um corte que estava aberto mas não sangrando. Isso era só um dos machucados que ganhei, ainda sinto pontadas nas minhas costas.
-nada disso teria acontecido se tivesse me ouvido, está tentando me deixar contra ela porque você se machucou indo até lá?
Abaixei meu braço e não tirei meus olhos dos deles zangados comigo. Suas palavras me calaram, mas eu voltei a sentir a raiva que sentia dele por causa disso. E com isso, eu virei meu rosto para o lado e encarei a parede do quarto ficando em silêncio, também não percebi quando deixei uma lágrima escapar escorrendo pelo rosto me entregando.
-filha...
Chamou mas eu ignorei limpando meu rosto e depois cobrindo meu queixo com o lençol, apertei minha mandíbula tentando controlar o choro que já havia me forçado a soluçar e me contorcer embaixo do lençol. A dor nas minhas costas aumentou e eu continuei chorando alto ignorando ele vindo se sentar do outro lado da cama.
-posso falar com ela?
Ouso essa voz me fazendo parar na hora e ficar dura na cama recebendo um choque de pensamentos horríveis de Lucy. Tentei ficar na cama sem me mover muito até perceber que ele já estava se levantando de lá para me deixar sozinha com essa mulher. Mas eu agarrei seu braço rápido e o puxei para se sentar de volta, o encarei séria mantendo minha mandíbula trancada tentando fazer ele entender que eu não queria essa mulher perto de mim.
-manda ela embora agora
Pedi entre os dentes controlando o choro deixando somente as lágrimas escorrerem dos dois lados dos meus olhos. Ele parecia querer dizer algo que me obrigasse a escutar ela, mas eu apertei ainda mais seu braço e dessa vez ele parecia ter entendido. Então o soltei e ele se levantou novamente me olhando de uma forma que me assegurou do que ele ia fazer. Depois eu fiquei escutando sua conversa curta com Marie no corredor. Ouvir ela dizer um "tudo bem" e depois a porta sendo fechada me deixando aliviada. Não por medo dela me jogar mais alguma coisa na cabeça, mas sim porque não queria ouvir ela pedindo desculpas, eu não queria chorar na sua frente.
-Miah eu pedi que...
-sabe que não gosto que me chame assim, prefiro Lucy
Falei ainda de costas pra ele mantendo um tom de voz mais calmo, mas ainda sim irritado. Eu queria que ele soubesse o quanto isso me irrita, ele nunca me chamou assim... Nem sequer me deu um nome. Então não tem porquê agora me chamar por esse nome ridículo.
-Miah, entenda que seu ódio pela sua mãe não a levará em lugar algum, quantas vezes tentar... Não vai adiantar
-o mesmo digo eu quando se refere a me forçar a aceitar essa mulher como minha mãe
Retribuir o mesmo tom o desafiando de novo, eu ainda tinha medo de que a qualquer momento ele não suporte mais esse meu tipo de mal criação. Mas ele também não pode me forçar à isso. Não depois do que ela fez para proteger sua "filha"...
-pode ficar com esse ódio para sempre então... Mas não faça isso de novo... Por favor, é só oque peço, não quero mais ver você desse jeito... É pela sua própria segurança, sua mãe também não...
-para de falar dela!! Eu não aguento mais isso!
Gritei me sentando na cama rápido demais para encara-lo. Minha cabeça rodou e me causou uma tontura que mexeu com meu estômago me causando enjôo na hora. Me levantei rápido ignorando a tontura piorando e minha vista escurecendo enquanto tentava ir para a pia da cozinha.
Ele veio atrás de mim e me ajudou massageando minhas costas enquanto botava tudo o que comi a poucas horas para fora. Sabia que isso me faria mal, até isso me deixou com mais ódio daquela minha irmã. Humana, burra, idiota... Vou ter mais chances de acabar com você de uma vez.
-me larga
Pedi empurrando-o do meu lado enquanto tentava me ajudar a voltar para o quarto. Ele ignorou esse meu comportamento que poderia obriga-lo a me dar um tapa. Eu ainda estava tonta quando me joguei na cama de novo abraçando um travesseiro.
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Uma garota sozinha na floresta (2° temporada)
FantasiAgora sei quem sou, e nunca mais volto ser quem fui. Jurei nunca mais fazer isso, nós duas estamos tentando nos entender mas depois de um tempo, percebi que ela era eu o tempo todo e sempre esteve comigo. Mas eu me contaminava com aquele mundo e esq...