Era inverno, muito frio, e a neve caia congelando tudo o que tocava, as tropas alemãs haviam chegado na semana passada e era terror por toda a parte.
Medo, morte e ódio era tudo o que as pessoas conheciam. Não havia mais flores, não havia mais almoços em família, e não havia mais crianças brincando na rua. Todas essas coisas foram cruelmente arrancadas de todos e substituída por morte, bombas e corpos estirados as ruas da cidade. Eramos uma familia alemã, mas éramos contra o nazismo, moravamos na Polônia, mas meu tio costumava dizer que era o Inferno na Terra. Eu era muito nova pra saber na época, mas as pessoas que subitamente desapareciam, na verdade eram arrastadas para morrer em campos de concentração, muitos dos meus amigos sumiram.
Naquela manhã, desci as escadas da nossa pequena, apertada e fria casa, que ficava espremida no meio de outras que eram do mesmo jeito. Fui em direção a cozinha, sonhando com café, coisa que eu não tomava desde a invasão, mas quando eu cheguei fui bombardeada por uma série de desventuras e notícias terríveis, minha mãe e minha tia Ivyne estavam no canto da cozinha, sentadas no chão e chorando histericamente, meu tio estava revoltado chutando tudo o que encontrava em sua frente, meu irmão mais velho, Josh, estava confuso e irritado, dava pra perceber que fazia grande esforço para não chorar, e o meu pai estava sentado na cadeira com as mãos no rosto tentando digerir tudo aquilo de uma só vez.
Fui correndo em direção a minha mãe, com lágrimas quase saltando dos olhos, até me esqueci do café que tanto almejava, e que aliás estava todo esparramado no chão junto com os cacos do que sobrou do nosso bule, abracei minha mãe e gentilmente perguntei:-- Mãe, o que aconteceu?
-- Filha -- Ela me disse com tristeza -- Temos duas terriveis notícias, a primeira, nossos amigos Sr. e Sr. Haddad e sua babá Hadassa Haddad foram levados pelas tropas alemãs hoja cedo. E a segunda -- Seus olhos se encheram de água enquanto tentava prosseguir -- seu pai foi convocado para lutar na guerra -- Eu desabei em lágrimas.
Meu pai, porque justo ele! Por que isso estava acontecendo? Já não era o suficiente tudo o que passamos?! E o pior de tudo é que ele tinha sido convocado pela Alemanha, ele teria que lutar contra tudo o que ele acreditava.
Saí em direção ao meu quarto, chorando, inconsolável, perdida em meu pensamentos mais obscuros, que encorporavam ódio, na tentativa inútil de me dar esperança. Eu não queria comer nem dormir, naquele dia veria minha família ser destruída, tudo isso por causa de um homem, um monstro, o mal encarnado, que acreditava ser melhor do que os outros e não tinha um pingo de compaixão.Ódio era tudo o que eu sentia naquele momento, na manhã seguinte, meu pai iria partir, e estaria tudo perdido. Não conseguia suportar a idéias de que poderia perder meu pai, chorei até meus olhos incharem, até que me dei conta de que ficar ali, só iria me fazer perder o pouco tempo que tinha com o meu pai. Então desci as escadas e foi para a cozinha ficar com a minha família.
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Caminhos Cruzados
General FictionNatasha é uma garora de 14 anos que vem de uma família alemã, se muda para a Polônia pouco antes da Segunda Guerra Mundial estourar e se vê em uma tempestade emocional e psicológica quando seu pai tem que ir lutar na guerra.