Capitulo II O Livro de Helena

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Desci até a cozinha e procurei na geladeira um resto de frango assado que sobrou do jantar de ontem, peguei umas folhas e fiz uma salada. Quando estava pegando uma garrafinha de água na geladeira lembrei de procurar na cozinha se encontrava algo parecido com um livro de encantamentos mas não encontrei.

Comi depressa e olhei a hora no celular. Deus! Já eram dezesseis horas e eu não tinha comido nada desde o café da manhã! Tinham zilhões de mensagens mas eu não estava no clima de lidar com tecnologias. Não agora. Larguei o celular em cima da pia.

Saí pela porta da cozinha e falei com a roseira que ficava ao lado:

- Amiga, você me arrumou uma bela de uma brincadeira. Estou adorando!

Sentei na escadaria da porta da cozinha e fiquei olhando o jardim cheio de mato a minha frente. Consegui imaginá-lo limpinho, florido, cheio de fadinhas cuidando das plantinhas.

Com um sorriso nos lábios, falei:

- Eu te prometo que em maio você estará lindo!

- Assim Seja - respondeu a roseira das fadas.

- Você não quer me dar uma dica de onde posso encontrar o livro de encantamentos ou as chaves do baú do sótão? perguntei para a roseira.

- Primeiro uma dica: Chame um jardineiro para fazer este serviço. Você já tentou abrir o baú? Como ele é?

- Enorme e com um cadeado com olhos. Estou com medo de me aproximar.

- Um cadeado com olhos? Isto me lembra uma história que ouvi minha dona contar para sua filha.

- Me conta então, pode ser uma dica.

- Bem, ela contou que uma mulher muito má tinha vindo visitar a casa, e que não gostava dela. Seus olhos eram negros como a noite, e as plantas se encolhiam de medo do olhar dela. Um dia ela acordou e a mulher tinha colhido quase todas as rosas de seu jardim para fazer um arranjo na sala para ficar bonito. Minha dona ficou muito triste e chateada pois cultivava as roseiras para ficarem no jardim e não para serem colhidas. Não podia fazer nada porque era a mãe do marido dela. A mulher começou a fazer mudanças na casa, alterando tudo de lugar, e então, quando descobriu que minha dona estava grávida, recolheu tudo que era livro de magia, benzimento, encantamento e receitas e guardou em um baú fechando bem dizendo que agora ali era proibido falar destas porcarias. Minha dona contava que o baú estava lá no sótão mas que dava medo até de se aproximar por causa do cadeado que o trancava.

- Bom, está explicado. Mas para fazer fadinhas precisamos dos encantamentos do tal livro de dona Helena. Se está no baú, precisamos das chaves para abrir.

-Procure no quarto onde a bruxa dormia. É o quarto dos fundos.

Com o firme propósito de ir lá procurar, peguei o celular de cima da pia para não perder a hora e verifiquei que tinha 3 ligações de um número que eu não conhecia. Parecia ser da cidade. Retornei a ligação. Era do advogado que estava tratando da transferência dos bens de minha mãe dizendo que eu precisava ir lá assinar uns papéis. Lembrei que ele morava na cidade e aproveitei perguntei se ele conhecia algum jardineiro de confiança para me indicar.

Anotei o numero do jardineiro e desliguei.

- Alô, senhor João? perguntei

- Seu João não trabalha mais. Aqui é o filho dele. Quincas. Ao seu dispor.

- Preciso de alguém para arrumar meu jardim.

- Onde a senhora mora?

- Na estrada dos Ipês.

A Roseira das FadasOnde histórias criam vida. Descubra agora