Restart - Jikook

Novo começo

Meus pés moviam-se em modo automático, enquanto eu andava sem rumo pelo centro daquela metrópole que parecia ser infinita, pois a impressão que tinha, era de que cada vez mais, ruas desconhecidas surgiam em meu caminho.
Era no mínimo a quarta vez naquela semana em que repetia a atitude imbecil de sair de minha casa para vagar pela cidade, a fim de pensar.  Sentia que apenas durante minhas caminhadas, tinha a oportunidade de botar as ideias no lugar, de bolar soluções para meus inúmeros problemas de vida, de criar uma possibilidade para seguir em frente após tudo que ocorreu.
Era tudo ainda muito recente, por isso era extremamente difícil saber como lidar com tantos problemas que bateram a minha porta, sem pedir permissão, e no momento mais inesperado possível.
     
                           ◇◇◇

Após 4 anos de namoro, Taehyung decidiu dar um passo a mais em nosso relacionamento, e me pediu em casamento. A sensação que me tomou com seu pedido foi indescritível. Lembro-me perfeitamente das lágrimas que brotaram em meus olhos, enquanto o encarava ajoelhado a minha frente, segurando uma caixinha vermelha aberta entre as mãos, expondo uma aliança dourada extremamente linda. Foi como se um dos meus sonhos mais distantes estivesse se tornando realidade bem diante dos meus olhos.

Após um ano de casados, as coisas começaram a ficar estranhas. Da parte dele, diga-se de passagem.
Taehyung não era mais o cara amável pelo qual me apaixonei. Ele foi se tornando distante, sem motivos aparentes pra isso. Beijos começaram a se tornar algo raro entre nós. Sexo nem lembrava da última vez que havíamos feito. Não recebias nem sequer carícias simples. Toda vez que eu tentava tocá-lo, ele me afastava. Dizia estar cansado por conta do trabalho, indisposto. A vida de Taehyung se resumiu ao trabalho e a saídas para lugares misteriosos, os quais ele não fazia questão de me dizer, mesmo que o questionasse.
Comecei a me sentir depressivo com aquela situação. Sentia-me triste, procurando por qualquer motivo que tivesse levado meu esposo a agir daquela maneira, mas nada me ocorria. Eu sempre fui dedicado a ele, até demais eu diria.

Eu era o tipo de pessoa que sempre tentava fazer algo especial em cada data comemorativa do ano, para presentear a pessoa que amava. Fazia questão de comemorar cada mês de nosso namoro, nem que fosse fazendo um coração de origami e o dando de presente a ele.
Eu gostava de dar presentes a ele sem motivos também. Se eu estivesse andando por aí e visse algo que eu sabia que Taehyung gostaria, eu comprava sem pestanejar.
Depois que fomos morar juntos, me esforcei para aprender a cozinhar todos os seus pratos favoritos, o surpreendendo vez ou outra com almoços surpresas, me sentindo extremamente satisfeito quando ele me elogiava.
Esse era basicamente o tipo de namorado/marido que eu era. Comprometido, esforçado, sempre disposto a dar tudo de mim pra ele.

Com o passar dos meses, mesmo que ele estivesse lá, deitado na mesma cama que eu, tudo o que eu sentia era solidão. Por diversas noites, eu apenas esperava que ele dormisse, para que pudesse abraçar meu travesseiro com força e chorar amargamente. Eu o amava tanto que chegava a doer. Não conseguia e nem queria imaginar minha vida sem Taehyung. Não queria o fim do nosso casamento, o fim de meus planos futuros que o envolviam de todas as formas.
Porém chegou um dia em que não pude mais aguentar. Taehyung viajaria no dia seguinte para outro estado e passaria um mês longe. Segundo ele a viagem era a trabalho, o que eu não acreditava muito, mas que naquele ponto de minha vida nem fazia tanta diferença.
Havíamos brigado no caminho de volta pra casa, após um passeio com alguns amigos. Foi uma discussão boba de casal, então não esperava que nada de muito grave fosse se desenvolver.
Chegamos em casa, sem nos falar até a hora de irmos deitar. Eu estava tão inquieto, afinal ele viajaria no outro dia e passaria um bom tempo fora, e não queria que estivéssemos brigados. Lembro de o cutucar na cama, a fim de iniciar uma conversa. Ele não pareceu muito interessado, mas virou na minha direção e me encarou. Não me lembro direito como o assunto começou, só sei que quando dei por mim, estávamos discutindo outra vez. Eu estava farto, estressado, não aguentando mais ouvir as mesmas coisas repetidas vezes.