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RENATA

Faço uma careta para mim mesma no reflexo do espelho ao passar a mão por meus cabelos, agora curtos, enquanto termino de me arrumar. Já não sei mais se foi uma boa ideia eu tê-los cortado. Se bem que com o calor que faz no Brasil, não pude suportar o meu cabelo tão grande, precisava cortar. O Rio de Janeiro é uma terra linda, mas o calor é de matar.

Ainda bem que já está crescendo, sinto falta dele mais comprido.

Por que eu tinha que ser tão impulsiva? Era o que eu sempre me perguntava.

Sempre ajo por impulso. Digo e faço coisas antes de pensar. É um defeito incorrigível, muitas pessoas já me disseram isso. Às vezes considero uma qualidade, afinal ser sincero é uma coisa boa, outras nem tanto.

Dou uma última olhada no espelho. Espero que esse vestido esteja elegante o suficiente para a minha entrevista de emprego, não quero passar a impressão errada ao estar bem vestida demais ou de menos. Impossível saber o que se passa na cabeça das pessoas que nos entrevistam para um emprego, eu imagino ser entediante receber várias pessoas no mesmo dia e fazer as mesmas perguntas até encontrar aquela que seja adequada o suficiente para o cargo em questão. Bem, hoje desejo que eu seja a pessoa ideal.

Saio de casa com a minha confiança de sempre. Entro no meu carro com a impressão de que estou um pouco atrasada, a vantagem de ter um Porsche é que ele pode ser veloz. Esse carro foi um mimo que o meu pai me deu quando conclui a minha faculdade, um que aceitei de bom grado já que amo carros esportivos. Não sou uma filhinha de papai mimada, que gosta de viver no luxo, pelo contrário, eu gosto de correr atrás dos meus objetivos, porém não me opus em aceitar esse presente, papai sabia que eu não iria recusar.

Em poucos minutos estou entrando no prédio onde será a minha entrevista, ele alto e imponente, com uma fachada típica dos prédios de Nova York. Estou aqui para tentar a vaga de Executiva Financeira, numa das maiores empresas aqui de Manhattan. Após me formar, decidi voltar para casa, para perto da minha família e aqui seguir com a minha carreira profissional. Mas antes da minha entrevista tenho um almoço marcado com a minha melhor amiga. Não nos vemos há um tempão e estou morrendo de saudades.

Para a minha surpresa a encontro próximo à entrada, conversando com um homem. Devo dizer que de costas ele parece um gato.

— Alanna! — chamo da porta do prédio.

Ambos se viram e focam os seus olhos em mim. Sigo até eles com um sorriso discreto, tenho a sensação de que os dois sussurram algo.

Sobre mim? Penso.

— Oi, Rê! — diz Alanna, dando-me um abraço.

Trocamos beijos e abraços.

Não consigo evitar de olhar para o homem parado ao lado dela, tão lindo e atraente. Emanando sensualidade, apesar de parecer um pouco chateado. Um belo espécime da raça.

— Ei, você! — Alanna capta o meu olhar furtivo. — Renata, este é o Tyler Baker, amigo do Charlie e meu também. Tyler, esta é Renata Mitchell, uma grande amiga minha.

Ele ergue as sobrancelhas, parece surpreso. Estende a mão em cumprimento, pisco várias vezes antes de lhe dar a minha mão a qual ele beija a palma. Sim, ele beijou a palma da minha mão e não o dorso. Estranho, mas... bom! Um calafrio subiu por minha espinha, como se tivesse um presságio de algo futuro com... ele.

— Encantado em conhecê-la — Tyler murmura suavemente e eu pisco novamente, voltando a minha atenção para ele. — Alanna, devo dizer que estou magoado com você.

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