Logo pela manhã peguei minhas coisas e joguei dentro de uma bolsa de mão, a primeira que achei. Beth nem se moveu, passou metade da noite bebendo e a outra metade dormindo.
Ainda era bem cedo quando encontrei Scott proximo ao Opala. Ele usava a mesma roupa do dia anterior e estava com os cabelos mais bagunçados que de costume.— Isso faz parte do plano? — Apontei para o cabelo, ele sorriu
— Acho que faz, não sei, se quiser, agora faz — Ele abriu a porta pela primeira vez. Entrei e o esperei até ele dar partida.
Menos de uma hora depois estávamos no meio de uma vegetação alta, poucos carros e eu estava com medo. Com medo de tudo, será que meus pais viram a foto? Tinha quase certeza que era Aika que tinha tirado e se fosse, minha mãe teria a primeira copia em suas mãos. Uma fanática religiosa que " perdeu a virgindade" antes de casar, isso soaria como as palavras de baixo escalão que mamãe odiava, e evitava. Eu poderia gritar para os quatro quantos que aquela foto fazia o favor de desmentir tudo. Uma foto vale mais que mil palavras e talvez até minha própria vida.
— O que foi? Está com medo? — os cabelos dele estavam ao vento, ele nem parecia o mesmo troglodita de sempre. Ele havia passado metade com caminho concentrado, como papai fazia quando estava ao volante. Olhos fixos nas placas e faixas, os dois braços no volante, ele estava se saindo bem.
— não, lógico que não — parei para pensar um pouco — Eu só não quero que você se assuste com algumas coisas.
— Que coisas? — seus olhos cintilavam — Vocês tem tipo um projeto secreto onde matam pessoas doentes, tiram o cérebro e comem? É isso, se for eu gostaria de experimentar — ele tocou minha coxa, em um ato de emoção. Sua mão tocou de maneira delicada a minha perna nua que gelou no mesmo instante.
— Desculpa, eu, eu... Enfim. Conte me sobre você.
Nossos olhares de encontraram, estava procurando o tom de brincadeira. Scott Brian estava mesmo querendo saber algo sobre mim?
Eu não tinha. Muita coisa interessante para contar. Meu pai era um cara legal, mas viciado em futebol. Eu tinha uma irmã mais nova, chamada Meggie. Minha mãe era uma fanática religiosa que quase nunca sorria. Ambos trabalhavam com imóveis, o cara que sabia todos os jogos e a garota fanática por Jesus.
Morávamos em casas alugadas até virmos para aqui, pelo simples fato do dinheiro estar escasso.— Isso parece legal, de certa forma. E sobre seus hobbies?
O encarei, segurando a risada?
— o que é?! Eu só quero ser um bom ator, preciso saber mais de você, estamos namorando, não estamos?
Minhas bochechas coraram, por sorte ele estava olhando para a janela, destraido demais com a canção que tocava.
— Eu gostava bastante de ajudar os carentes, em uma casa de caridade perto. E também gosto de cozinhar, é divertido.
Esperei ouvir uma risada, talvez uma piada, mas ele apenas repitiu três vezes antes de virar uma rua deserta, estávamos quase lá quando...
— Droga ! — Scott bateu as palmas das mãos contra o volante, esbarrando de leve na buzina. — Vamos lá, vamos lá coragem!
— Coragem? — Olhei para fora, onde um frio infeliz cortava a vegetação. Uma fumaça escura entrou devagar até tomar o carro por inteiro e nos dois pularmos fora.
— É, você é surda? Esse é o nome do carro — Grunhiu ele. O seu mal humor tinha voltado com uma força quase inacreditável.
Empurramos o carro até um local de mato alto, que encobria o coragem por inteiro. Já estava acabada, ele? Nem se fala. A blusa já tinha colado em seu corpo quase por inteiro e eu estava um caco. Liguei para meus pais e contei do acontecimento e que estávamos são e salvos e que na manhã seguinte de sábado íamos chegar lá, pelo menos era o planejado.
— Como vamos passar a noite? Estamos no meio do nada — comentei exausta.
Scott apenas abriu o porta malas e pegou uma mochila de trilha e saiu andando, atravessando a margem do asfalto até entrarmos no meio da floresta, onde a luz mal chegava no chão por causa da folhagem densa. Perguntei se aquilo era planejado, uma bolsa de viagem pronta, Scott não fazia o tipo que previa coisas ou que se preocupava com elas.
Arrumamos uma cabana pequena e uma fogueira e antes da noite cair por completo tínhamos uma cabana minúscula e um fogo que parecia mais uma fagulha tímida. Scott no lado dá pequena cabana e eu dentro.— Você já se apaixonou antes? — a voz dele soava como um sussurro do lado de fora, podia sentir o calor do seu corpo encostado no tecido dá cabana.
Neguei com a cabeça, quase esquecendo que ele não podia me ver.
— Não e você?
— Então como quer fingir algo assim? Quer dizer. Você ainda é uma criança nesse jogo.
Houve silêncio. Um longo silêncio, quase achei que ele tivesse dormindo. A mão de Scott surgiu no tecido, e a minha acompanhava a dele, fazendo desenhos sem nexo algum.
— você não me respondeu — o relembrei.
— Não exatamente, mas eu já namorei antes, com algumas garotas.
Uma vontade tremenda de perguntar sobre Melanie surgiu rapidamente e desapareceu na mesma velocidade. Ela não estava ali, era eu. Eu e ele, sem ela. Aquilo soava como uma canção em minha cabeça, por algum motivo desconhecido.
— Você ao menos já ficou com alguém?
Eu não queria ser totalmente sincera, em alguma das mudanças dele ele iria jogar isso na minha cara, mas naquela fora foi tão natural que nem pensei em mentir , afinal, pareciamos próximos, o que literalmente era um fato. E não sabia se " ficar" era o termo certo para explicar um selinho debaixo da Mesa de doces, quanto estava no primário, acho que não contava, pelo menos para pessoas como Scott Brian.
— Não.
— E gostaria?
— Não
Senti um calor incomun subindo por todo meu corpo, como se me incendia-se instantaneamente.
— Nos temos que estabelecer algumas regras — disse ele áspero.
— Eu não quero beijo, muito menos muita demonstração de afeto em público — Lembrei de toda aquela multidão na escola, dá foto, é o clima pareceu ligeiramente mais pesado.
— Não podemos nem andar de não dada ? Quer dizer... Vamos parecer dois estranhos, e olha aqui ... — o tom de voz engrossou — Eu não estou fazendo isso por você e seus mimos de filha perfeita, e só para descontar o negócio lá da foto. Um amigo me disse que você nunca teve encrenca feito essa, e sem querer eu comecei isso tudo, só queria que eles não te vissem como uma piranha, ou algo assim.
Era justo, mas ainda perguntas bornulhavam feito champanhe em minha cabeça.
— Então por isso o pedido?
— Nossa, claro que é — Aquilo soou como se fosse obviu demais e eu a criança burra dá história — Você acha que eu namoraria mesmo com você ? — ele parou por um instante, medindo as palavras — Na verdade, eu não namoraria com ninguém.
— Boa noite, Scott.
— Boa noite.
Provavelmente ele tinha esquecido meu nome, mas isso não importava. Não importava se ele tinha esquecido, não importava a existência dele. Era apenas um jogo de estratégia com bons jogadores. Eu fazia meu papel e ele o dele e depois eu ficaria livre.
#702 no ranking de ficção adolescente 05/04/2017
Olá pessoas. Devo avisar que essa é minha primeira obra e que a revisão ficará para o final, junto com o aperfeiçoamento, que deve melhorar em alguns aspectos da obra em geral.
Estou tentando manter uma frequência sem no mínimo quatro capítulos por semana, para não acabar descuidando do livro de novo ( Sorry guys), mas provavelmente se tudo sair como eu quero vocês vão ter um pouco de história todo dia ( espero que não enjoem tão fácil, espero).
Não esqueçam de comentar, sim isso ajuda muito. E para as pessoas que estão acompanhando um sincero obrigada, e vocês podem sempre opinar, seja um elogio ou um comentário negativo construtivo minha caixa de mensagens sempre estará aberta. Beijos.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O segredo da borboleta quase azul
Teen FictionMiranda Carmen tinha tudo para ter uma boa reputação, ela nunca tinha ido em festas ( pelo menos não até aquela noite), nunca tinha bebido, nunca tinha feito nada de "errado"até conhecer o garoto que mudou sua vida. "A garota dos livros e o cara das...