Capítulo 3 - Permisão concedida

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     - Senhor! - Aproxima-se um dos demônios de Lúcifer, que com uma de suas mãos permite que lhe fale, mas nem se vira para ouvi-lo.

O demônio passa a relatar o fracasso de uma ação teoricamente fácil de obter sucesso, o que desperta a fúria de Lúcifer. Quando vai esbravejar uma maldição sobre seu lacaio, todo o plano onde se encontram é tomado por uma luz tão forte que sequer consegue-se identificar qualquer coisa. Diante dessa luz, todos os demônios se prostram com um sentimento de raiva, dor e medo. Após alguns pequenos momentos de gemidos indistinguíveis, uma voz forte como um trovão fala.

     - Não é culpa de teus lacaios, Lúcifer. Acaso não tens visto como meus servos tem procurado me servir cada vez mais devotos?

Lúcifer tenta erguer a visão, tapando a luz de seu rosto com sua mão.

     - Tu os rodeias de bênçãos, livramentos e milagres... Dessa maneira tudo fica injusto pra mim. Tenho certeza que se Tu retirardes algumas essas bênçãos materiais desses supostos "servos fiéis", as coisas seriam diferentes...

A voz de trovão responde:

     - Tu que pareces não conhecer os humanos que acompanhas desde que os criei. Mais que isso, pareces não conhecer-Me... Os meus verdadeiros servos que são abençoados materialmente possuem integridade suficiente para Me reconhecer ainda que não tenham nenhuma regalia.

Lúcifer retruca:

     - Essa é a vossa palavra contra a minha. Permaneço insistindo que esses humanos são interesseiros... Te servem apenas para obterem prosperidade, fama, dinheiro...

     - Pois bem, Lúcifer. Eu não te devo nada, mas permito que toques nos bens materiais de um deles, que retires do escolhido tudo que, supostamente, o motiva a servir-Me.

Sem esconder a satisfação pela permissão concedida, o Mestre das Trevas responde:

     - Sim, Senhor, verás que perdendo metade dos bens que lhe deste já será suficiente para blasfemar contra Ti.

A luz se desfaz e todos se levantam e retomam suas atividades. Lúcifer esboça um pequeno sorriso, já com seu alvo em mente. Chama três dos seus mais fortes servos e começa a planejar sua ação.

***

Amanhece o dia e toca o despertador no quarto de Jó. Ele acorda, desliga o despertador e confere que Marta já se levanta.

     - Bom dia, amor! - Diz Jó à sua esposa.

     - Bom dia - responde Marta com um abraço e um beijo.

     - Lembre-se que antes de sair para acordar as crianças precisamos conversar.

     - Certo, depois de escovarmos os dentes e nos vestirmos, nos sentamos para conversar.

Depois de despertarem e se arrumarem, organizando o dia, eles se sentam aos pés da cama. Jó fala:

     - Vamos orar primeiro? - Marta confirma com a cabeça já se concentrando para o momento:

     - Senhor Deus e Pai, somos agradecidos a Ti pela Sua misericórdia e pelo Seu grande Amor revelados em cada instante das nossas vidas, desde o guardar da nossa noite de sono até nos deitarmos para descansar do dia que o Senhor tem nos dado a graça de usufruir a cada instante. Pedimos que vivamos cada momento com essa consciência e com o desejo de te servir cada vez mais.

     - Peço a Ti, Senhor, que nos ilumine nesta conversa que teremos aqui, sobre os assuntos que serão abordados. Limpa das nossas bocas e das nossas mentes tudo que não procede do Senhor, não nos permita cair em pecado de nenhum tipo, nem murmuração ou fofocas ou intrigas quaisquer, pois queremos que o Senhor esteja na nossa direção. Dá-nos da Tua sabedoria, ainda que aos nossos olhos pareça ser insano ou difícil, e dá-nos fé para assumirmos passos que nos levem em direção a Ti. Em nome de Jesus, Amém.

Clássicos Bíblicos Recontados - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora