One shot

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Da janela eu conseguia ver Mariana passando na rua. Sabia todos os horários dela. Sempre saia de casa na mesma hora que eu ia para o treino. E sempre voltava quando eu já estava em casa. A morena me deixava maluco.

É claro que Mari era gostosa, mas as coisas iam muito além disso. Ela me entende. Sempre que conversávamos eu sabia que não era a toa. Sabia muito bem que seus olhos castanhos eram capazes de decifrar cada pedacinho do meu ser.

Não tínhamos um relacionamento. Mariana era ocupada demais com sua firma de advocacia. E eu era ocupado demais com campeonatos, treinos e minha própria empresa.

A forma como nos conhecemos havia sido diferente. Ou pelo menos era o que parecia no momento.

Entenda, eu posso não ser um ídolo nacional como Neymar. Posso não ter tantos destaques quanto Cielo. Mas dizer que eu era um atleta chamava a atenção das mulheres. Infelizmente isso não durava. Ao me perguntarem qual esporte eu fazia e responder polo aquático, o comentário era sempre o mesmo:

- É aquele que é um handball na água?

E não existia nada mais broxante do que essa pergunta.

Mas Mariana não havia feito isso.

Estava em um barzinho com alguns amigos no centro de São Paulo. Era sexta a noite e eu não estava afim de me envolver com ninguém. Mas nossas vontades nem sempre são respeitadas. Graças a Deus.

Mari estava com uma amiga sentada na bancada do lugar. Em uma das minhas idas ao banheiro a vi ali. O nariz arrebitado, o cabelo longo, a bunda (e nossa que bunda!) e o sorriso. Aquele sorriso que eu tinha certeza que era capaz de me matar.

Me aproximei como se apenas fosse pedir uma cerveja no balcão. Ela me reconheceu. Por dentro em comemorei. Que dia que imaginaria que uma mulher daquelas iria me reconhecer.

- Gustavo Grummy?

Sua voz era aveludada. E se eu soubesse o que ela iria fazer comigo, não teria respondido. Fingiria que não era comigo. Porém, não conseguia evitar aquele olhar.

- Prazer. - Sorri de volta.

- Mariana. Bom ver você por aqui.

E foi isso. Ela não havia falado mais nada. Pelo menos não naquele momento.

A noite foi continuando. O álcool foi subindo. O lugar foi ficando lotado. A banda começou a tocar. E música ao vivo e bebedeira combina com uma dança.

Quando dei por mim, Mariana estava nos meus braços. E, o que começou como uma simples dança já havia evoluído para um beijo.

Tinha certeza que aquela noite não terminaria na pista de dança.

E o problema, foi que apenas uma noite não foi o suficiente. Estava completamente viciado naquela morena.

Já fazia um mês que estávamos nisso. Ela vinha para minha casa e a noite ficava mais divertida enquanto as manhãs eram formadas com poses no espelho no banheiro, ovos mexidos e aquele cheiro tão característico dela. Não sabia como aquilo havia começado, mas sabia que ela era a única coisa que precisava para que tudo ficasse bem. Era ela. Ela que fazia com que todos os problemas não existissem.

Abri a porta e ela estava ali. Vestia um short curto demais para a minha razão.

- Oi jogador.

- Fala baby.

Não dei tempo nem se quer que ela falasse algo. A puxei pela cintura e colei nossos lábios. Era sempre assim, não havia tempo para muitas conversas.

Feche a portaOnde histórias criam vida. Descubra agora