Há várias maneiras de se sentir só, mesmo estando acompanhado a solidão está lá mostrando a você que não adianta fingir, não adiantar se esconder atrás de alguém e aparentar estar feliz. Acho que essa é uma das piores prisão de todas viver uma vida de fingimentos e mentiras.
Há várias prisões a qual você pode estar preso a primeira delas e a do medo vivi nela por muito tempo para saber que isso é mais que uma prisão é algo como tortura. Posso comparar o medo como a morte que vem e leva a vida da pessoa que você ama bem na sua frente e não de uma forma compreensível mas da pior forma possível e foi isso que aconteceu eu vi o meu medo me tirar tudo, tudo que eu amava, todos os meus sonhos e principalmente ele levou de mim as únicas fagulhas de esperança que ainda me restavam... Sozinha no meio do caos e da confusão era ali onde é encontrava inerte as coisas que aconteciam ao meu redor, imóvel, sem proferir uma palavra sequer, sem ligar para o que me acontecia. Lágrimas brotavam dos meus olhos e era algo doloroso, as lágrimas apenas me lembravam o quão fraca eu fui e o quão facilmente eu cedi ao medo e se restava algo em mim, o que quer que seja, foi destruído. Uma escultura de vidro em forma de borboleta tão frágil e tao delicada quebrando-se no chão. Foi assim que eu me sentir: fria, sozinha e derrotada. Como num pesadelo sem fim o medo impulsionou várias outras coisas como um efeito dominó e saiu derrubando tudo que eu lutei e passei tanto tempo para conseguir, para conquistar. Eu não me libertei do medo pelo contrário ele me libertou e quando eu pensei que tudo iria ficar bem eu fui jogada no mar da dor e eu quis me afogar, quis afundar e o mais importante eu queria que a água me matasse eu desejava morrer, eu desejava essa morte, mas nada aconteceu meu corpo oscilava na superfície e eu sentia a dor pura e viva correndo pelo meu corpo preenchendo cada canto, cada veia até chegar ao meu coração e eu quis que ele parasse de bater quis ouvir suas batidas fracas e pesadas, nunca desejei tanto a morte como naquele momento. Esse é o problema da dor ela tinha que ser sentida e eu precisava senti-la, precisava desse tempo para senti-la ardendo contra o meu peito lembrando-me do medo e do que ele me tirou, e então eu permitir que acontecesse eu não lutei mais contra o inevitável eu apenas deixei ela me invadir e eu senti cada perda, cada lágrima que descia pela minha face fazia com que as águas agitassem mais e mais e eu permitir sentir tudo, e tudo passou como um filme em minha cabeça, lembrei das conversas intermináveis, dos sorrisos tímidos que demostravam reciprocidade, das brincadeiras infantis, dos abraços e dos beijos sussurrados pelo vento nas noites frias de Julho, lembrei das horas de discussões bobas sobre qual o melhor livro e qual o pior filme, lembrei dos dedos entrelaçados, das carícias, nas palavras de carinho sussurradas ao pé do ouvido, da sensação maravilhosa de acordar e vê sua última mensagem com um "bom dia", das músicas compartilhadas, das letras e das poesias que preenchiam o coração de forma carinhosa e gentil, da voz rouca e carinhosa que sempre cantava para mim nas densas noites, do conforto nas horas difíceis, dos olhares que eram decifrados pelo coração, da reciprocidade mútua, dos risos desajeitados e febris que pareciam mais vazamentos de felicidade num mundo de sérios, das últimas palavras, do adeus que nenhuma das bocas queriam proferir, da dor que se escondia atrás dos olhos castanhos como a noite, das palavras que deveriam ter sido proferidas, do eu te amo sem sentindo no meio de tanta mentira e enganação, da necessidade de um último beijo ou talvez o primeiro, da dor que havia nas palavras frias como o inverno, da solidão que invadiu o coração como garras apertando e machucando, e ela estava lá a lágrima que ameaçava cair dos seus olhos e um grito silencioso que eu fiz questão questão de não escutar. E depois disso a culpa, culpa por ter destruído algo por medo. Eu me permitir sentir a dor e sentir algo dentro de mim um som abafado e oco, mas estava lá, as cicatrizes a mostra mostravam que essa perda me afetou mais do que deveria. A última imagem que eu vi foi o do último abraço, do nosso último contato o adeus sempre esteve lá oscilando nas bordas pronto para sair, mas como sempre eu me perdi em seu abraço e em seus olhos e confiei que eu estava errada.
E eu estava certa pela primeira vez.
Abro os olhos as lágrimas brotam deles mais e mais e dessa vez sinto meu corpo afundar nesse abismo de águas abaixo de mim, tudo o que eu queria era me afundar e ser esquecida aqui, mas havia algo nas entrelinhas que antes eu não tinha visto e apesar de não saber o que é foi isso que me impulsionou a nadar contra a correnteza e lutar por algo que nem eu mesmo acreditava existir.Pela primeira vez lutar por mim.
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Simples constelações
Poetry"Leve como as folhas das árvores que caem no Outono com o forte vento. Mas ao mesmo tempo forte e intenso como as enfurecidas ondas do mar. O fogo sempre irá derreter o gelo mesmo que a nevasca seja forte. O fogo insiste em ficar. Ficar. Apenas isso...