A Herdeira das Borboletas

Eu só não sabia que nós iriamos embora hoje!

            Levanto na manhã seguinte e mamãe está na sala guardando as coisas importantes em caixas. Espera um minuto...

            - Porque está empacotando as coisas? – pergunto.

            - Davina eu pensei que você já tivesse entendido que estamos indo embora.

            - Eu sei, mas não pensei que ia ser hoje.

            - Quanto antes melhor, querida, e por isso aconselho a organizar suas coisas.

            - Mas...

            - Davina, por favor, eu não estou com paciência para brigas hoje, vá arrumar suas coisas agora.

            - Mas mamãe...

            - Davina agora! – Saio rápido da sala para o quarto e começo a tirar os vestidos do meu armário e joga-los na cama. Parto para prateleira dos livros e quando penso em começar a joga-los também alguém bate na porta. Logo em seguida meu pai entra.

            - O que aconteceu? – Ele pergunta.

            - Eu só não sabia que nós iriamos embora hoje!

            - Eu sei que é novo, querida, mas é necessário.

            - Não vejo necessidade nenhuma. Estamos nos mudando porque uma professora esqueceu-se de falar o sobrenome. Não consegue perceber o grau de loucura?

            - Sua mãe tem certeza que essa é a melhor alternativa. Ela sempre está pensando em vocês. Sabe disso.

            - Mas não faz sentido!

            - Não precisa fazer. Vou ajuda-la a guardar as roupas. Quanto mais cedo nós partirmos melhor será.

            - Tudo bem. – Me dou por vencida. Papai pega a mala embaixo da cama e começa a por meus vestidos dentro.

            - Quer saber uma coisa? Talvez sua mãe só esteja usando isso de pretexto para irmos para a chácara. Ela só era um pouco mais nova que você quando mudou para lá. Foi lá que nos conhecemos. Foi lá que Charlie conheceu a Lina, que a Luna conheceu o Alec. Talvez ela queira que isso aconteça com vocês também.

            - Mas e se eu não quiser conhecer ninguém?

            - Mas lá não é só um lugar para conhecer pessoas, mas também pra fazer amigos. Afinal nós éramos amigos antes de tudo.

            - Nunca faço amigos, seja qual o lugar que eu for.

            - Sua mãe também dizia isso. Olha Davina, todo fim é um novo começo, e novos começos são tão difíceis quanto os fins, mas precisamos conviver com eles, pois sem fins ou novos começos nossa vida não cresce. – Dizendo isso ele depositou um beijo em minha cabeça e saiu do quarto. Eu continuei dobrando as roupas e pensando em suas palavras.

            - Posso entrar? – Malina pergunta do outro lado da porta.

            - Claro. – Respondo e ela adentra o quarto.

            - Estamos indo embora mesmo, não é?

            - Sim. E como você está? – Pergunto.

            - Estou bem. E você?

            - É estranho ir embora de um lugar que eu passei toda a minha vida.