A água deslizava sobre meu corpo, como uma serpente.
De olhos fechados e cabeça erguida, sentia a água quente escorrer pelo rosto.Isso sempre me acalmou, lembro quando mamãe e eu íamos no clube Summer, o falecido Summer, Ficava horas e horas na piscina, aquilo me fazia tão bem, era como se nada mais importasse.
Desperto com o barulho dos vizinhos do andar de cima e desligo o chuveiro.
Sempre foram barulhentos, os mais briguentos do prédio, caçavam confusão com o primeiro que desse corda, filhos da puta.
Abro o box, pego minha toalha bordada e me olho no espelho.
Você está linda Allie, Sorria!Pressiono a toalha contra meus pequenos seios .
Quem eu estou querendo enganar?
Enxugo meu corpo magrelo,coloco a roupa e desco para a cozinha.
O cheiro estava horrível, meu pai tentava cozinhar, quando é que ele vai se conformar? Nunca conseguiu fazer porra nenhuma, nem mesmo macarrão estantâneo.
-Minha mãe já foi pro trabalho?
-Se ela não está aqui então claro que foi sua vadiazinha.Fecho a cara e saio correndo para o colégio sem falar com aquele porco imundo.
. . .
O ônibus demorou, estranho, Jorge era sempre pontual.
Entro no ônibus e sento no primeiro banco, como de costume.
- Oii, bom dia!
-Bom dia menina Allie.E mais uma vez estranho, cadê aquele tom alegre?
Depois de algum tempo, crio corgem e pergunto:
- Aconteceu alguma coisa com você, Jorge?
- Não menina Allie, mas, a escola sim, teve problemas.A escola?? Mas ontem tudo estava tão normal.
E então vejo da janela.