EL PERDEDOR

Capítulo 2 - Carolina

Depois que o Lorenzo saiu, senti o ar pesado. Eu sabia que algum dia voltaria a ver o pai dos meus filhos mas não estava à espera que fosse tão cedo.

- Carolina, eu tenho a certeza absoluta que eles são meus filhos, eu só quero que confirmes isso. - pediu Luís.

- não vou e nem quero confirmar nada. - respondi virando-me de costas para ele, e acabei por pensar nos meus filhos, ele mereciam saber que o pai estava a menos de 10 passos deles.

- Carolina...

- Carolina nada... - disse voltando a ficar de frente para ele, ele continuava a observar-me. Fiquei ainda mais furiosa. - sabes porque não deveria confirmar-te nada? Porque não fui eu que abandonei a minha namorada sem falar, sem se despedir dela para ir para outro país.

- foi o melhor para nós...

- não, não foi e sabes porque? Porque eu pensei que estávamos bem, nós íamos morar juntos e depois que descobri que eu estava gravida pensei que seria o melhor para o nosso filho.

-Carol...

-mal soube o resultado fui a tua casa para te contar e adivinha? Não havia qualquer sinal teu, liguei e nada, voltei a tua casa mais umas vezes, liguei-te e mandei mensagens mas não havia resposta... no segundo dia, fui lá outra vez e a tua vizinha entregou-me a tua carta e contou-me que tu e os teus pais tinham ido embora...

-Eu tentei...

-tentaste? Quem tentou fui eu e adivinha quatro anos depois, tenho a minha própria casa, minha própria empresa e tenho dois filhos com um idiota que me abandonou.

-Carolina, eu...e desculpa-me mas de certa maneira fui forçado a abandonar-te...

-foste? Tinhas uma arma apontada a tua cabeça?

-não, mas era a vida da minha irmã que estava em jogo. Ameaçaram-me, disseram que se eu não te abandonasse, a minha irmã seria morta.

- quem foi?

-não te posso dizer.

-não podes?

-não, porque se eu te contar, tu não vais acreditar em mim.

-quem foi, Luís?

-foi... - Luís foi interrompido pelo Enzo que entrou a correr na sala.

-mamã, a Babi desmaiou no colo do tio Enzo. - disse a chorar.

-Carolina, acho melhor levarmos a tua filha ao hospital. - disse Lorenzo ao entrar na sala.

-sim, vamos.

Olhei para o Luís e ele estava com Enzo ao colo enquanto o deixava chorar, derreti-me com a cena.

(...)

Depois de terem feito alguns exames, a minha filha estava no quarto a brincar com o Enzo e com o Lorenzo. E eu estava no consultório com o Luís e com o pediatra.

-fizemos alguns exames e nada de grave foi encontrado. - disse o pediatra.

-então o que é que ela tem? - perguntou Luís.

- A Bárbara só apanhou uma virose, vou receitar uns antibióticos e é só dar-lhe durante cinco dias. - falou o pediatra e eu só ouvia o que ele dizia.

Uns minutos depois estávamos a sair do consultório, Luís agarrou no meu pulso e puxou-me para ele.

-agora que sei que tenho dois filhos contigo, vou estar presente na vida deles e é bom que não me proíbas porque não vou deixar isto barato. - disse Luís.

-está bem. - disse. - mas primeiro preciso de ter uma conversa com eles sobre ti. E a nossa conversa de a bocado ainda não acabou.

-Carolina... é melhor não falarmos mais nisso..

-Amanhã vais jantar a minha casa, ate lá já contei a eles sobre ti e tu contas quem é que te obrigou a abandonar-me.

-acho que o teu namorado não vai gostar disso.

-namorado? - franzi a testa.

-sim, não me digas que estás solteira? - perguntou-me com um sorriso malicioso.

-e se estiver, acho que não te diz respeito. - sorri

-claro que diz, até porque... -foi interrompido pelo Lorenzo.

-eu adoro os gémeos mas temos que ir embora. - disse Lorenzo sorrindo. - temos uma reunião as duas horas e já é meio dia.

-não te importas de ir a essa reunião sozinho? -perguntou Luís. - queria ficar com eles.

-claro, não há problema. - respondeu Lorenzo.

-Enquanto ao almoço, eu espero que venhas almoçar a minha casa. - disse. - não vale recusar ate porque a minha empregada já está à nossa espera, vou só buscar os gemeos.

-esta bem. - disse Lorenzo e eu deixei os dois sozinhos mas ainda ouvi. - gostei dela.

(...)

Depois do almoço ter corrido bem, o Lorenzo e o Luís acabaram por ir embora mas prometeram vir jantar assim que os gemeos os convidaram.

A verdade é que eu sabia que tinha que contar aos gemeos que o Luís era o pai deles mas eu precisava de arranjar um bom momento para isso, por isso eu estava no meu escritório que eu tenho em casa.

Uma hora antes do jantar, estava na sala a brincar com os meus filhos quando tocaram a campainha.

Pensei que seria o Luís e o Lorenzo mas estava enganada assim que ouvi as vozes dos meus pais com a Manuela e o Pedro, amigos da familia, e o filho deles, Bernardo.