Capítulo Único

47 4 5
                                    


Me olhei no espelho, contrariada. Não acreditava que minha mãe havia feito aquilo comigo, não hoje, logo hoje! Céus, será que em outra vida havia roubado as cuecas de Merlin?

– Daphne, rápido! Theodore já está na sala, te esperando – Astoria, minha irmã mais nova, disse, entrando em meu quarto – Você está linda!

– Tá, tanto faz – fingi descaso – Vamos acabar logo com isso – murmurei dando uma ultima olhada no espelho e ajeitando o meu vestido verde com detalhes pratas, típico.

Um fato sobre mim: Sempre irei fingir que não me importo, mesmo que por dentro eu esteja pulando de excitação. Afinal, o que iriam pensar de mim? E a minha imagem? Demorei muito tempo a construindo para destruí-la com algo banal.

Astie revirou seus brilhantes olhos castanho chocolate, um ato tão meu, que chegava a ser estranho vê-la o fazendo.

Outro fato sobre mim: Se não estou satisfeita ou estou irritada com algo que você fez, irei revirar meus olhos, sempre. A não ser que você seja Theodore Nott, porque se for, revirarei os olhos pelo simples fato de você ainda respirar.

Respirei fundo e sai do quarto, essa seria minha noite perfeita, o meu baile perfeito. E nem Theodore Nott poderia estragar isso.

Ou ao menos eu achava que não...

Desci as escadas o mais lentamente possível, o que era bastante, já que Astoria bufava audivelmente atrás de mim.

– Se você quiser descer essas escadas antes que meus netos tenham filhos, eu agradeceria – ela comentou amarga e eu ri sarcasticamente.

– Claro, irmãzinha – murmurei, sem, contudo, apressar os passos.

E era nessas horas que eu agradecia pela quantidade exagerada de degraus que aquela escada possuía. Obrigada Merlin, por fazer com que meus pais tenham esse complexo de grandeza irritante, às vezes, só às vezes, serve para alguma coisa.

Mas, como eu não poderia enrolar para sempre, logo – ou não tão logo assim, segundo minha adorável irmã – chegamos à sala. Ignorei o suspiro e o 'aleluia' de Astoria, sorrindo amargamente para minha querida mãe.

– Você está linda – ela murmurou com um sorriso gigante e olhos brilhantes. Mães, tão emotivas e, no meu caso, superficiais.

Revirei os olhos enquanto ela me esmagava em um abraço apertado e extremamente meloso.

– Mãe, por favor – murmurei entredentes, enquanto ela me sacudia.

– Ah sim – ela me soltou chorosa – Minha menininha está tão grande...

– Mãe! – a repreendi, revirando os olhos – É só um baile, eu não vou me casar! – murmurei, mesmo que por dentro, pensava que não era apenas um baile, era o baile.

Escutei uma risada sarcástica de algum lugar atrás de mim, que me fez revirar os olhos. Não disse? Ele está respirando!

– Ora Daphne, deixe sua mãe, a bebezinha dela está virando gente grande! Não é emocionante? - ele comentou sarcasticamente, fazendo uma falsa expressão surpresa.

– Idiota - murmurei enquanto ele fingia agradecer, como se fosse um elogio. Revirei os olhos.

– Daphne! - minha mãe, que, até então, abraçava minha irmã a proibindo de crescer e ignorando completamente o comentário do ser desprezível ao meu lado, me repreendeu ao escutar o insulto. Revirei os olhos, novamente.

Theodore riu baixo ao meu lado, parecendo se divertir.

– Peço desculpas por ela - mamãe disse - Vocês formam um lindo casal.

Desastradamente PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora