Sempre que me perguntam qual é a primeira memória que tenho volto ao dia fatal. Para mim a minha vida começou ali. Lembro-me de acordar com os gritos, de me ter escondido debaixo dos lençóis e de me ter agarrado com toda a força que tinha ao urso de peluche sem um olho que tinha até os gritos acabarem. Lembro-me de ter chamado pelo meu pai e pela minha mãe em múrmuros. Lembro-me de ter esperado que a luz entrasse pela minha janela e de ter finalmente ganho coragem para sair, sempre agarrada ao meu ursinho. Quando cheguei ao corredor o chão rangeu e assustei-me mas continuei o caminho. Ao ter chegado à porta dos meus pais que estava fechada levei a mão à maçaneta e rodei-a. Agarrei com mais força o peluche e empurrei a porta. Entrei para a pequena entrada do quarto deles e comecei a chorar e a gritar. No chão sangue, nas paredes sangue, na cama sangue, no espelho sangue. Sangue por todo o lado. Lembro-me de como gritei as palavras “Papá” e “Mamã”. Lembro-me da vizinha do lado ter entrado preocupada e ter gritado também, de ter pegado no telefone e passado imensos minutos ao telefone. Mais tarde apareceu a polícia e uma senhora loira muito simpática que me olhou com pena. A senhora falou comigo mas ignorei-a, limitei-me a acenar com a cabeça. Dias depois estava num orfanato. Tudo isto aconteceu tinha eu 4 anos. No entanto, sempre que me perguntam qual é a primeira memória que tenho digo que é quando entrei na escola com 6 anos. Digo que a primeira memória foi quando tinha 6 anos e entrei com o Joel na carrinha para a escola. As pessoas sempre me olharam com pena, com o pensamento de “ali está a rapariga cujos pais foram assassinados”. No entanto, quando com 14 anos fui adotada, isso mudou. Fui levada para longe, para os subúrbios de uma cidade perfeita. Para uma família rica. Foi aí que tudo começou. Quando entrei na minha nova casa os meus novos “pais” limitaram-se a dizer onde eu devia dormir e apresentaram-me à empregada (Ana) e à minha nova “irmã” chamada Emma. Ela sempre me tratou bem, tinha a minha idade e protegeu-me desde o início, Apresentou-me aos amigos e introduziu-me rapidamente no grupo em que ela estava. Ajudou-me a comprar nova roupa e tornámo-nos melhores amigas, ignorávamos o facto de sermos irmãs adotivas. Passámos por muito sozinhas pois os nossos pais nunca estavam em casa, vivíamos quase que totalmente sozinhas mas ela já estava habituada e eu desde há muito tempo que não tinha pais. Quando entrámos para o 10º ano tudo mudou, a nossa escola e os nossos amigos. Acordei cedo no primeiro dia e vesti umas calças justas e um top, esperei pela Emma e fomos juntas a pé para a escola. Estávamos ambas em humanidades e a nossa primeira aula era história, chegámos atrasadas pelo que não nos pudemos sentar juntas. Sentei-me numa cadeira e olhei para trás vendo a Emma a sentar-se ao pé de um rapaz lindo de caracóis. Xxx – Pssst Sobressaltei-me e virei-me para o lado de onde viera o baralho. Olhei para um rapaz loiro de olhos claros e arregalei os olhos. Era tão lindo. Eu – Como te chamas? Ele sorriu e atirou-me um papel dobrado, desdobrei-o e li a palava Niall. Niall – Tens alguma comida?
Nota: Está um pequeno chato mas tinha de arranjar uma boa introdução à história. Leiam a sério vai tornar-se muito boa. Sofs*