Virgines - A Maldição

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            O vento soprava rapidamente na floresta Restsid enquanto todos as espécies de aves que ali habitavam forjavam um som desordeiro, pareciam perturbados como se tivesse algo para temer, podia-se ouvir sons de passos frenéticos e suspiros ofegantes, a essência do medo percorria por todo o lugar deixando os seres vivos que ali estivessem receosos naquele momento. Um vulto branco passa rapidamente por entre às árvores seguido de um vulto preto não identificado até aquele momento, gargalhadas macabras começaram a soar na floresta deixando tudo ainda mais assustador. Corvos com seus olhos avermelhados voavam acima das árvores fazendo ruídos sinistros quando, de repente, se ouve gritos vindo a cerca de um lago.

             É Charlisse, uma jovem de dezesseis anos que mora com seus pais em um pequeno vilarejo no meio da floresta, filha única de Erasne e Minelga. Estava frente a frente com algo estarrecedor. Seus olhos agora estão tomados por lágrimas, seu semblante deixa claro o pânico estampado em seu rosto, suplicava de joelhos pedindo para que aquilo não lhe faça mal. Sua cabeça estava baixa, pois não conseguia olhar para aquela coisa, tinha medo do que poderia haver em seus olhos negros como uma alma que não sabia mais como era satisfatório admirar uma manhã de primavera com pássaros cantando alegremente e as flores desabrochando lentamente com a luz do sol revelando sua beleza, além de chuvas e tempestades traiçoeiras.

            Não era apenas seus olhos que causavam pavor, seu rosto, sua pele e suas roupas eram assustadoras, e seu nome era o mais temido por entre as pessoas que ali viviam. Efemera, o nome jamais pronunciado, não por impor algum tipo de maldição naquele que o ousar pronunciar seu nome, mas pelo fato de ser uma bruxa. Bruxas não são bem-vindas ao mundo dos humanos e o fato de ter nascido uma já se tornaria uma maldição. Não há muitas delas, pelo menos não naquele lugar, muitas foram condenadas à morte simplesmente por serem distintas dos demais, no entanto, nem todas foram queimadas cruelmente pelos que as odiavam.

            — Por favor! Não me machuques. — Disse Charlisse com as mãos levantadas.

A bruxa não enunciou nenhuma palavra, somente observava a pobre menina enquanto caminhava em volta dela. Seu olhar era desumano, de fato, talvez por esse motivo a menina os evitava, aparentava ser um bicho do mato observando algo desconhecido com receio, mas ela sabia bem o que estava fazendo. Queria deixá-la com mais medo do que já esteve, queria fazer o medo se tornar físico, queria que doesse na pobre alma daquela virgem. O medo não pode ser controlado.

            — Olhes para mim pobre criança. - Disse a bruxa com tom suspeitoso.

Charlisse não respondeu e nem mesmo ergueu a cabeça, tentou ignorar o quanto pôde.

            — Olhes para mim, olhes para mim... agora! — Vociferou a bruxa. 

A voz de Efemera contundiu nos ouvidos da menina que não teve escapatória. Sua cabeça parecia não a obedecer e seus olhos foram obrigados a se abrirem para algo maligno que viria a seguir. A bruxa sorriu, e os olhos de Charlisse queimou, mas não a ponto de deixá-la cega, não literalmente.

            — Ahh! - Murmurou ela.

            — Tu farás algo para mim.

            — O que? — Indagou a menina ainda assustada.

            — Segures esta adaga. — Respondeu a bruxa estendendo a mão.

            — O que fareis com ela? — Perguntou ela recebendo o objeto.

            — Farás algo muito simples, minha criança. — Disse a bruxa sorrindo.

            A menina não tinha para onde correr ainda que houvesse chances, não podia porque não era mais ela quem controlava seu corpo.

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