Capítulo 31

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Os pacotes chegavam às dúzias e formavam várias pilhas altas por toda a sala.

Eu me sentia jogando The Sims após usar o código de dinheiro infinito. E eu sempre fui péssimo jogando The Sims.

Embora estivesse assustado no começo, Dylan dava risada a cada vez que tocavam a campainha com novas encomendas. Ainda bem que ele se divertia, porque com aquele barrigão eu não podia atender a porta, nem muito menos carregar todas aquelas coisas.

Bem, pelo menos em apenas dois dias o problema das coisas de bebê foi resolvido. Eu nunca fui um cara esbanjador de dinheiro, mas um baú de tesouros coloniais pelo visto mudava as pessoas.

Ter um namorado tritão era maravilhoso.

"O que acha que tem aqui dentro?" Dylan abriu uma das maiores caixas, e escavou as bolinhas de isopor até tirar um lindo andador cor-de-rosa, com enfeites coloridos e bonequinhas de diferentes texturas. "Meu querido predestinado, nosso filho será um menino." Ele torceu o lábio.

"Eu sei, mas esse era tão bonito. Além do mais, o andador azul está logo ali, ao lado do castelinho inflável. Não me olha com essa cara, Dylan, eu já admiti que exagerei um pouco."

Dylan apenas riu de novo, jogando-se numa pilha de plástico bolha.

"Precisarei ser daqueles caras que controlam o cartão de crédito do marido." Provocou ele, me fazendo avermelhar.

"Marido, é?" Eu deitei ao seu lado, me surpreendendo com o quanto um colchão de plástico-bolha era confortável. "Não acha que estamos indo muito rápido, senhor pai do meu filho?"

Dylan deu uma risadinha tão fofa que meu coração derreteu.

Eu tentei abraçar Dylan mas meu imenso ventre tornava isso impossível. Por fim eu virei de costas e ele me abraçou de conchinha. Seus beijos na minha coluna inflamada apaguizavam todo o meu incômodo.

"Só mais dois dias." Eu tomei a mão do Dylan e massageei com ela a minha barriga. "E então esta criaturinha estará nos nossos braços, vestindo aquela roupa de tubarãozinho super fofa que eu comprei."

Dylan não respondeu, apenas me abraçou com mais força. Ele sempre pareceu animado sobre o parto, mas nos últimos dias ele evitava tocar no assunto.

"Vai dar tudo certo, não vai?" Sussurrou ele.

Estranhando o tremor em sua voz, eu entrelacei nossos dedos.

"Eu confio no Michel. E eu sei que, no fundo, você também confia." Falei. "Como costuma ser, com os outros humanos grávidos? A recuperação demora muito tempo?"

As mãos do Dylan tremeram contra as minhas. Antes que eu insistisse na resposta ele se levantou, e espreguiçou os ombros.

"É melhor que descanse, meu predestinado." Ele abriu outras caixas, e começou a retirar as compras. "Vou organizar as coisas no quarto do seu irmão, tudo bem?"

Eu franzi a testa, mas preferi não discutir.

"Sim, o Alisson permitiu que fosse o quarto do bebê. Depois te ajudo a desmontar os móveis dele, e a cama."

Dylan inclinou-se sobre mim e beijou meus lábios cheio de doçura. Logo depois ele arrastou algumas coisas escadaria acima.

"Nem pense em tentar ajudar. Antes que o bebê venha o quarto já estará perfeito." O sorriso do Dylan nunca pareceu tão forçado. "Eu te amo, Gabriel."

Algo nas reações do Dylan fez meu estômago revirar. O que era aquele desconforto que não ia embora?

Levantando-me com esforço daquele colchão improvisado, eu bati as bolinhas de isopor da roupa e mandei um beijinho ao Dylan.

O Amante Do Tritão (AMOSTRA)Onde histórias criam vida. Descubra agora