Capítulo 11

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Um detalhe importante sobre mim: não sei escolher presente. Tem meia hora que a Sofia tá tagarelando sobre o chocalho rosa que comprei pra dar de presente de dia das crianças para Estela. Eu realmente não sabia o que dar. Afinal, pra mim ela é um bebê. Claro que já a vi brincar com bonecas, mas não pensei nisso na hora.

- Ai, Christian! O que que eu faço com você? Um chocalho? Poupe-me!

- Sofia, pra que esse escândalo? - Finalmente falei. - Eu não sabia o que comprar e tava sem tempo. Peguei a primeira coisa que vi na prateleira.

Minha irmã revirou seus grandes olhos castanhos e voltou para seu quarto. Fiquei trocando de canal enquanto fiquei escutando a louca derrubando coisas e batendo portas no quarto. Quando ela voltou estava usando um vestido e uma sandália, parecia que iria sair.

- Anda, levanta desse sofá.

- Por que?

Lá vem a revirada de olho.

- A gente vai comprar um presente decente pra minha afilhada.

- Não, Sô. - Voltei a olhar pra televisão desinteressado. - Acho que não vou participar desse almoço amanhã. Deixa pra lá.

Minha irmã se deixou cair no sofá ao meu lado.

- É por causa da Luna e do Lucas, né? Luna e Lucas são os dois irmãos de Lia que não moram com ela. Luna é a primogênita e Lucas é o irmão gêmeo de Lara. Nenhum deles gostam de mim. Pelo menos naquela época. Mas não acredito que isso tenha mudado, pois era um ódio absoluto, não algo que dava para levar igual aos pais deles.

- Já parou pra pensar que a mente deles pode ter mudado também?

- Não, acho que eles não mudaram de ideia sobre mim. O Lucas quase fez uma festa quando fui embora.

Sofia respirou fundo. Ela sabia que era verdade.

- Quer saber? Foda-se. - Olhei espantado para ela. - Você vai, sim. A casa é da Lia e ela te convidou. Então, foda-se!

Eu comecei a rir. Era engraçado a forma como estar (ou pensar na possibilidade de estar) com Liana sempre me deixava inseguro. O que não era tão engraçado, na verdade. Decidi ir com Sofia comprar o tal presente.

***

Como minha irmã é a madrinha de Estela fomos os três no carro de Fábio. Meu cunhado estacionou o carro em frente à casa de portão branco junto a outro que chegou ao mesmo tempo que nós. Fui o último a descer do carro e assim que o fiz dei de cara com o irmão de Lia.

- Então você voltou pra infernizar nossa vida mesmo?

Lucas era do meu tamanho e apesar do corpo magro, era bem mais forte. Ele era branco e seu cabelo e sobrancelhas eram muito pretos. Sua cara parecia sempre ser melancólica, por isso quando fazia cara de bravo ficava engraçado e não ameaçador.

- Oi, Lucas.

Apenas o cumprimentei de longe e fingi não me abalar. Sofia foi dar um abraço nele e em sua namorada, que parecia ser bem mais velha, que descobri por alto se chamar Raissa. Entramos todos juntos, mas preferi ser o último. Eu estava bem sem graça nesse momento. Estava sentindo que esse almoço ia me causar uma bela indigestão.

- Oi!

Levei um susto quando Lia apareceu ao meu lado e me deu um beijo na bochecha.

- Oi.

Tentei não soar triste, só que foi impossível. Eu queria ir embora e passar aquele feriado sentado em algum bar de esquina.

- Você tá bem?

Depois do Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora