Silêncio

Eu pedi silêncio

E o tive por inteiro.

Ele não poupou esforços

Para satisfazer minha súplica.

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Ele foi algoz

Empenhando-se com afinco.

Abafou, revestiu,

Encobriu e emudeceu.

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A casa diminuiu,

O jardim entristeceu,

Os pássaros abandonaram o cantar,

A emoção desapareceu.

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Meu olhar procurava um ponto,

Algo para se agarrar.

Investigava pequenos detalhes,

Examinava grandes lembranças.

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O agora havia se modificado,

O ontem mudou o caminhar.

O hoje chegou carregado,

De descontentamento e pesar.

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O destino, o acontecimento,

A fatalidade, a provação.

O motivo da amargura,

A razão do distanciamento.

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Sentimentos conturbados,

Idealismos vencidos,

Certezas aniquiladas,

Convicções humilhadas.

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O rumo, o trajeto,

O caminho, o destino.

A estrada inacabada,

Os passos contidos.

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Incertezas me abraçaram,

Tornando-se amigas.

Lágrimas rolaram,

Celebrando a vida perdida.

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Nunca mais você,

Nunca mais o amanhã.

Jamais o futuro,

Jamais o amanhecer.

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A coragem me foi sugada,

A tristeza é companheira.

Meu orgulho... Esmagado,

O vazio é ilegível.

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Esperanças? Não tenho.

Expectativas? Nenhuma.

Encoberta, ainda sobrevivo.

Dolorosamente, ainda relembro.

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Não posso consertar,

Reparar, reconsiderar.

Só posso lagrimar,

Prantear, lamentar.

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Lamento, por não ter...

Não ser.

Por não mais viver...