Conto - Capítulo Único

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Os corredores da cidade em chamas pareciam diminuir em cima das pessoas que se esbarravam desesperadas querendo fugir, mal sabendo pelo que as esperava no final daquela estrada de terra batida tão frequentada por elas todos os dias.

Eu sou uma daquelas apressadas pessoas, (sendo que a diferença é que eu sei o que me espera,  é o que eu busco).

A última peça para invocar a salvação daquela cidade.

Meu nome é Laila, esta cidade é Gibraltar, uma gigantesca cidade portuária da península Ibérica, (grande o suficiente para que uma parte da cidade estar sendo atacada e a outra não saber do que está acontecendo), o lugar que aprendi a amar e a chamar de lar depois do terrível desastre com minha terra natal.

A fumaça aumentava e propagava o cheiro asqueroso, fazendo com que muitas das pessoas que estavam próximas a mim desmaiem, pego um dos cristais que guardo em minha bolsa e com uma pequena magia sussurrada, faço que ele se expanda em meu rosto, transformando-se em uma máscara. Respiro fundo várias vezes até ter certeza que ela estava purificando o ar, quando sinto que não tenho mais vontade de desmaiar sigo em frente. O que era exatamente que estava causando aquilo eu não sabia, não conseguia distinguir sua origem, minha única certeza era que se tratava de uma criatura mágica muito poderosa.

Lembro constantemente das escrituras de meu mestre sobre o que eu deveria buscar: Algo que pertença ao  inimigo. Era o que dizia o feitiço. Espero ter traduzido direito! Meu mestre só escrevia em runas cuneiformes, como ele quer que eu entenda se ele não parou para me ensinar tudo? Queria que tivéssemos tido mais tempo...

Finalmente o centro da cidade era visível, o cheiro forte de enxofre ainda estava sendo abafado pela máscara purificadora, mas eu não conseguia ficar aliviada com isso. Minha visão me traía mostrando-me o caos e a destruição causada pelas chamas azuladas que se alastrava pelo lugar, onde há poucas horas se tinham para vender mercadorias como peixes, cerâmicas, peles de animais, ervas, pães, agora tudo era combustível para o fogo escaldante, inclusive as pobres pessoas que tinham ido fazer a feira esta manhã, quanto mais avançava para a grande praça da torre mais corpos queimados eram visíveis. As suas cinzas dançavam ao sabor das curvas da morte, que passou por aquela região e aquilo me trazia mais angustia. As barracas estavam todas viradas, algumas com suas madeiras apodrecidas, outras quebradas ou parcialmente queimadas, demonstrando que não havia sido só o fogo o causador daquilo.

Algo estava errado, se essas criaturas estavam lá só pra destruir, então porque deixaram a guarda tão aberta? Estou avançando muito fácil no domínio conquistado por eles.
Quando chego ao final da praça percebo uma trilha grossa de sangue formando um começo de um círculo. "Isso é ruim, MUITO ruim" Essa frase se repetia em minha mente cada vez que eu via algo escrito em Abissal com sangue dentro daquele círculo macabro, o que eles estava tentando fazer!?

Um arrepio forte na minha espinha denuncia meu erro. Pensar estar segura rápido demais. Saco rapidamente minha adaga enquanto giro esperando ficar de frente ao meu inimigo. Ele apareceu da ruela à esquerda, era um humanóide com 4 pares de chifres escuros e enrolados, seu rosto lembrava o de um babuíno, só que com duas bocas, estranhamente uma delas estava em sua testa, e ele andava pelas quatro patas cobertas por uma armadura negra, e suas duas caudas de escorpião se arrastavam trazendo dois corpos de pessoas da vila. Ele balbuciava coisas que eu não conseguia entender, saia uma quantidade exagerada de saliva de sua boca, percebi que quando tocava no chão corroía as estradas de pedra. Ácido.

Se eu conseguir arrancar algo daquele monstro estranho, talvez um daqueles vários dentes, já serviria para evocar Razerth! Pelo que eu lembro do ritual, se fosse um exercito, só de um deles já seria o suficiente, algo que identificasse todos, como uma marca de patente.

Lágrima DracônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora